sábado, 26 de fevereiro de 2011

Kamelle, Kamelle!

Hoje foi o desfile de carnaval do bairro e Amanzor e Lara foram lá catar Kamelle.
Voltaram pra casa com uma sacola cheia de tranqueira, tinha até um salsão no meio. Mas a Lara também pegou um unicórnio que é o filhinho de um que ela já tinha em casa.



 
Mais sobre carnaval aqui e aqui

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Abenteuer Geburt - como meu filho veio ao mundo

Apesar de ter engravidado em uma idade que dizem ser a gravidez uma aventura perigosa, tenho a dizer que a experiência foi interessante, o que não quer dizer que tenha sido fácil, ainda mais por estar em um país estrangeiro e sem familiares por perto. 
Não tive nenhum problema sério diretamente relacionado à gravidez, como diabetes, pressão alta, má circulação,  que pudesse trazer riscos para mim ou para o bebê. Mas sofri horrores com refluxo, sono, falta de ar esporádica, cansaço e com o peso da barriga, já que sou extremamente sedentária e não me preparei para uma gravidez, da qual, depois de mais de um ano de tentativa,  já tinha desistido. Os últimos dois meses de gravidez e o parto não foram fáceis. Ricardo vai ter uma longa história pra contar quando crescer.

Pânico

Um episódio - além da barriga enorme - me tirou do prumo. Dois meses antes da data de parto, ao me virar na cama de madrugada, deitei de costas e, devido à tremenda falta de ar que estava sentindo, fui assaltada por um pensamento horrível de que aquela seria a posição que eu assumiria durante a cesárea e que eu não seria capaz de respirar. Levantei da cama e comecei a andar desesperadamente pela casa. Fui seguida pelo meu marido, pai da criança. Comecei a chorar e a dizer que não seria capaz de encarar um parto, fosse natural, normal ou cesárea. Como o que entrou tem que sair ( não necessariamente pela mesma "porta" e muito menos tendo o mesmo tamanho), entrei em desespero e, vencida pelo cansaço, depois de duas horas fazendo circulos no chão da sala igual a desenho animado, peguei no sono às 6 da manhã e acordei às 8. Esse pânico me perseguiu até ser dada uma solução: tomar remédio para ansiedade. Assim o fiz e, com ajuda psicológica, segurei as pontas e mudei minha visão sobre a experiência que estava por vir. Passei a focar mais a atenção no meu filho do que no que estava sentindo e a ver todo o processo de um parto em terra estrangeira como um meio e não um fim, que afinal era ter meu filho nos braços.

Tosse

Durante 8 meses da minha gravidez, nem resfriado peguei. Mas...
...no dia 7 de dezembro, exatamente 3 semanas antes da data marcada para o parto, um resfriado me pegou. Esperei uma semana e, em vez de melhorar, virou sinusite. Fui à gineco que disse que, como o parto estava muito próximo, eu teria que tomar antibiótico para me ver livre da infecção. Assim o fiz. Uma semana depois, comecei a ter coceiras infernais na garganta e nariz e por isso começou uma tosse horrivel e continua que não me largava. Três médicos não  chegaram a um consenso sobre o que me afligia e na brincadeira acabei tomando um monte de remédios, coisa que não tinha feito até então. No final, no dia 20 de dezembro, o meu Hausarzt (tipo médico de família) achou que o que eu tinha era uma alergia e me receitou uma bombinha com corticóide que pode ser tomada na gravidez. Mas levaria pelo menos 7 dias pra fazer efeito e faltavam 8 dias para o parto.

Natal

Minha sobrinha veio para a Alemanha visitar o noivo e os dois combinaram de passar os dia 24 e 25 aqui em casa. Passei o dia 24 inteirinho sentindo dores horríveis no lado esquerdo e na barriga cada vez que tossia. Minha barriga estava enoooorme (fotos abaixo) e não via a hora de chegar dia 28, mas ao mesmo tempo tinha receio de não me ver livre da tosse e ter que enfrentar a cesárea assim mesmo. Tinha combinado com uma amiga pra ficar com a Lara no dia já que a minha sobrinha não poderia estender a estada dela por aqui até lá.




Crack

No dia 25, acordei por volta das 8h30 mas tive o aval do marido para ficar mais na cama. Só que comecei a tossir e quando tive vontade de espirrar, resolvi sentar na cama para não sentir dor. Foi aí que ouvi um crack vindo do meu lado esquerdo e uma dor absurda que não me deixava mexer nem o braço, nem a perna esquerdos e nem respirar. Fui até a sala chamar o Amanzor e disse o que tinha acontecido. A dor era tão intensa e o medo de ser algo sério com o bebê era tão grande que comecei a chorar, só que doía. O Amanzor achou que eu tivesse rompido um músculo e só dele falar isso, eu chorava mais ainda. Eu pedi pra ele me levar para o hospital, mas tinha nevado e ele iria demorar muito pra tirar a neve do carro. Chamou, então, uma ambulância, que me levou até o hospital onde eu já tinha a cesárea agendada.
O bom foi que tivemos com quem deixar a Lara. A Luciana foi a primeira (e única) pessoa da família a ter o Ricardo nos braços) - obrigada, Lu e Carlos por estarem aqui em um momento tão especial.

No hospital

Fiz o checkup do bebê. Tudo ótimo. Me mandaram  para o setor de Medicina Interna (Innere Medizin - nunca tinha ouvido falar nesse termo antes de chegar na Alemanha) . Fui examinada por dois médicos, um deles me perguntou se o barulho que ouvi parecia com uma folha de papel rasgando ou um galho quebrando. Disse que com o segundo. Ele chamou a chefe do setor que me examinou e disse que o diagnóstico dela era costela quebrada, mas que não poderia confirmar com Raio X por causa da gravidez. Me mandaram pro setor obstétrico de novo. Fiquei impressionada de ver como os departamentos se interrelacionam de forma tão rápida e precisa.

Duas possibilidades

Me ofereceram a opção de ficar internada até o dia 28 à base de analgésicos ou fazer a cesárea imediatamente. Optamos pela segunda possibilidade já que eu estava em jejum mesmo. Eram mais ou menos 10h da manhã, veio o anestesista para me explicar o que ele faria devido à costela quebrada: inseriria um catéter de PDA (anestesia peridural) na minha espinha por onde ele controlaria a quantidade de anestésico durante a cirurgia para que eu não sentisse dor até a altura da costela. Esse catéter permaneceria por três a quatro dias, para que eu não sentisse tantas dores. Este procedimento é um passo além do da cesárea ou do parto normal com anestesia. Neste, o cateter é colocado e tão logo o bebê nasce, retirado. Na cesárea, é dada uma injeção no mesmo local do catéter com anestesia suficiente para o tempo do procedimento. Então, eu não teria como fugir da coisa, só que teria que ficar com ela por mais tempo.

Agonia

Eu tenho agonia de injeção, mas quando se está grávida não dá pra fugir. Durante todo o pré-natal você é furada dezenas de vezes. Mas uma injeção na coluna não é pra poucos. Passei a gravidez me lembrando da minha primeira cesárea, que fiz em São Paulo com o médico que me acompanhou durante todo o pré-natal e que também já havia me operado anteriormente.  Desta vez, não conhecia ninguém que iria me acompanhar. E os meus planos estavam indo por água abaixo. Começou a bater a agonia tão logo iniciou-se o procedimento da anestesia ali no quarto mesmo. E o médico já foi logo dizendo pro Amanzor que ele só tinha condições de cuidar de dois - de mim e do bebê - e que se o Amanzor fosse fraco pra essas coisas, era melhor se sentar. A dor que senti não deve ser metade da dor de um parto natural, mas vou dizer, ô dorzinha fdp.  E depois dessa, veio a colocação da sonda urinária. Mijei de agonia. Mas os olhos do anestesista, que são da mesma cor dos da minha irmã, Ana, mãe da Luciana, me trouxeram uma sensação de  família próxima que me acalmou um pouco.(Tá,tá, nessas horas e numa situação dessas a gente se apega ao que dá.)

Abemus Nervus

Eu disse ao anestesista que no meu primeiro parto, após retornar ao quarto, senti uma dor violenta que ía do lado direito do estômago até o pescoço e que essa dor durou 2 dias e que o meu médico no Brasil disse que provavelmente era proveniente da posição do meu braço durante a cirurgia. Ele disse que essa dor é do nervo frênico e que nunca tinha ouvido falar de alguém tê-la sentido durante uma cesárea, só em videolaparoscopia, quando é injetado gás na cavidade abdominal. Mas de qualquer forma ele manteria meu braço livre pra evitar uma possível dor do nervo.

Planos detonados

Para que eu mantivesse a calma, a minha Hebamme fez uma lista do que eu gostaria que fosse feito após o parto: eu gostaria de ficar com o bebê e o marido durante a recuperação da anestesia, tão logo fosse liberada da sala de cirurgia; deveria amamentar o bebê tão logo retornasse para o quarto; não deveria ser dado nenhum alimento para o bebê, exceto o meu leite etc. Foi que eu fui para a cirurgia  e estava impressionada com o fato de não ter tido até então nem uma crisezinha de ansiedade, com tudo o que estava acontecendo fora dos meus planos. Estava finalmente pegando o touro pelos chifres e aguentando firme e sem sentir falta de ar!

A hora H

Na minha conta, tinham 9 pessoas na sala de cirurgia: eu, o Amanzor, o anestesista, o assistente do anestesista, o cirurgião, a instrumentadora, duas enfermeiras, uma Hebamme e o Ricardo. Começou o processo de preparação e o primeiro toque do bisturi eu pude sentir. - "Pára, Pára!" - gritou o anestesista. "Espere mais 10 minutos". Ele deve ter aumentado a dose da anestesia e então deram continuidade ao parto. Não senti falta de ar mas sentia a pressão que o cirurgião fazia para retirar o Ricardo, pois ele já estava encaixado para nascer de parto normal.  Pronto! Meu filho veio ao mundo! Lindo! Fofo! Saudável! Com os olhinhos pretinhos, pretinhos e uma boquinha pequenininha que só vendo.  A Hebamme o levou para uma sala adjacente junto com o Amanzor. Mais uns 40 minutos e eu estaria com eles.

Cabeça nas nuvens

De repente, comecei a me sentir mal. Não conseguia nem falar direito e devo ter dito bem baixinho: - "I am not feeling well". O cirurgião chamou o anestesista, que naquele momento, vim saber depois, estava atendendo o Ricardo, porque ele nasceu sem respirar bem de imediato. Ele veio e eu disse que estava sentindo muito calor, o que naquela sala gelada não estava certo, e que não estava conseguindo respirar e que minhas mãos estavam dormentes. Ele me disse que eu estava com todas as minhas funções vitais normais e que era só impressão minha. Tentei manter a calma e sem querer comecei a adormecer. Alguns minutos depois, o cirurgião me diz que a cirurgia tinha terminado e que houve um imprevisto, pois eu tinha uma aderência da última cesárea e que eu havia perdido mais sangue do que o esperado., mas que ele havia resolvido o problema. Falou tudo isso, então, pra que? Só pra me deixar nervosa?
Fui levada para uma sala com o auxiliar do anestesista e fiquei por ali por umas duas horas, completamente dormente até o pescoço. Como nada mudou nesse tempo, fui levada para a UTI onde fiquei por mais três horas esperando a anestesia passar. Foram cinco horas longe do meu filho, com mil e uma coisas passando pela minha cabeça. Os planos que fiz com a Hebamme também foram pro ralo. Depooois, fiquei sabendo que recebi uma dose de anestesia maior do que a convencional para uma cesárea para poder atingir a costela, como o anestesista não sabia a quantidade adequada para "parar" na altura da costela, ela foi maior e foi "subindo", daí a sensação de estar anestesiada até o pescoço e com falta de ar, coisa que eu estava morrendo de medo de sentir em uma cesárea "normal".

Abemus nervus 2

Não teve jeito, tive o mesmo problema da gravidez da Lara e dessa vez nada foi feito para eu não sentir a dor. Tive que aguentar por dois dias, até a dor desaparecer por si só. E vou dizer, que dor miserável.

Quarto familiar

O normal aqui é ficar em um quarto duplo com uma outra paciente ou em um quarto individual. Mas optamos por um family room para não ter ninguém estranho junto. Na primeira noite o Amanzor ficou comigo porque a minha sobrinha ficou com a Lara em casa. Na segunda noite, o Amanzor perguntou para uma enfermeira se a Lara poderia dormir no quarto junto com a gente e ela disse que era expressamente proibido por questões de segurança. Eu tive que ficar sozinha e foi horrivel pois eu não conseguia me mexer e sentia muita dor  mais ainda por causa da tosse que não me largava. Na segunda noite, o Amanzor perguntou de novo para uma outra enfermeira se a Lara poderia ficar e ela disse que não tinha problema nenhum. Nada como ter um marido persistente. Naquela noite, percebemos que tinham umas três outras crianças dormindo lá também. Pra Lara foi melhor que estar em um hotel, pois, além da TV só pra ela , tinha uma cama que mexia pra cima e pra baixo.



Experiencia diferente

Ficamos no hospital por 6 dias até o dia 30 de dezembro, o que é um prazo normal para uma cesárea. Acho que nunca tomei tanto remédio diferente em tão pouco tempo. Cada vez que eu dizia que ainda estava com dor, me traziam um remédio diferente pra tomar de forma diferente: líquido, sólido, por injeção, por infusão, por ingestão, supositório. Por estar ligada ao aparelho da anestesia, meu corpinho só foi ver água três dias depois do parto. Eu mesma já não aguentava mais ficar ao meu lado. e o bebê  saiu do hospital sem saber o que é uma banheira. A comida não era tão ruim mas também não era excelente. No jantar, o famoso "Abendbrot"  - pão da noite - nada de duas refeições quentes. O ruim era que era sempre a mesma coisa: pão, frios, manteiga e chá. O Amanzor teve que levar leite de casa para eu dormir com o meu leitinho noturno. O café da manhã pra mim era no quarto e a seleção era limitada. A partir do terceiro dia, quando eu já podia caminhar, fui buscar o meu café no buffet, e aí já foi melhor. O engraçado é que é tudo aberto e sem controle.  As visitas entram e saem a hora que querem, não tem controle na porta do hospital e nem no departamento. No Kinderzimmer - que é onde os bebês ficam, teve dia (e noite) que tinham 19 bebês pra só uma enfermeira cuidar e qualquer pessoa entrava lá. Ninguém fala sobre abdução de bebês.  De qualquer forma, fiquei de olho e não desgrudei do meu. Por ser época de festas, a rotatividade de pessoal estava alta e cada vez era um que entrava no quarto. Então toda atenção era pouca. 
 Gansekeule, knödel und Apfelmuss. Coxa de ganso, Knödel é Knödel mesmo e purê de maçã. E a Lara dando um guento.

E a tosse continua

Tive  a visita do médico-chefe da seção de Pneumologia, fiz raio X para constatar a costela quebrada e pra ver se tinha problemas no pulmão, tive que fazer prova de função pulmonar, mas não deu certo porque tossia demais e nenhum remédio resolvia minha tosse. No final das contas, o médico pneumologista considerou que o que eu tinha era uma "hiperreação" (Überreaktivität - acho que é isso) do organismo à uma infecção que não existia mais. Por isso, eu continuava a tossir. A solução encontrada foi dar o mesmo remédio que o meu médico havia receitado e que não daria resultado imediato de qualquer forma. Eles também receitaram um remédio para cortar a tosse durante a noite, chamado Codeína, que era contra indicado para lactantes, mas considerando-se o custo benefício, valeria a pena. Só que eu tenho quase certeza que a enfermeira se embananou e me deu a dose errada e eu fiquei drogada. Eu acho que em vez de ela me dar 4 gotas em um pouco de água, ela me deu 4 ml do produto puro (deduzo pela cor do produto que me foi dado) e eu naquela noite não habitei meu corpo de tão zureta que fiquei depois que acordei, porque aquilo foi uma marretada na minha cabeça e foi bem na noite que o Amanzor não dormiu no hospital. E mais uma: devido à perda de sangue, tive uma anemia moderada e precisei, como se já não bastasse, tomar ferro até hoje.
Tivemos uns arranca rabos com umas enfermeiras, outras foram super doces e tinha uma da noite que era uma figura e super engraçada. 
Toda essa experiência me fez ver que planejar é importante, mas temos que estar preparados para as eventualidades, temos que sofrer menos com o inesperado, não tentar controlar o que está fora do nosso controle e principalmente confiar mais no outro que tem o controle da situação. Pra quem tem necessidade de controlar tudo e principalmente se autocontrolar não é uma tarefa fácil se entregar ao andar da carruagem. No final das contas, voltei para casa (não tão) sã e salva e, o melhor, com um objetivo alcançado:  filho saudável nos braços,  uma família maior, um papai que não se cabia, uma mamãe cansada mas feliz e uma irmãzinha orgulhosa.  E conto tudo isso hoje, quando Ricardo completa dois meses de vida. Parabéns, meu filho!



Se você leu até aqui, obrigada e não deixe de deixar um comentário.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Kaputt que pariu!

"Casa arrumada, comida feita é sinal de internet quebrada" Anônimo

Eu sempre  critiquei  a minha mãe por negligenciar as coisas da casa/família em função das coisas/pessoas "de fora". Ela não sai do portão e vive deixando panela queimar no fogão por causa disso. E o Amanzor, quando me vê no computador, diz -"Dercy, sai do portão!" e eu fico putzfrau da vida porque é minha válvula de escape (como o é pra minha mãe ficar no portão).
Ontem foi o dia pra pagar a língua! Na hora de preparar o almoço, microondas quebrou - aqui consertar custa os olhos da cara, melhor comprar outro. À tarde, quis tomar um leitinho e tive que esquentar no fogão. Bebê chorou, fui atender, dali vim pro computador e depois de uns 40 minutos comecei a sentir um cheiro de coisa queimada. Tive que abrir a casa toda e me refugiar com os pimpolhos na sala por causa do frio. O cheiro impregnou e minha casa está cheirando à barraco. Final do dia, marido exemplar voltou do trabalho já com um novo microondas debaixo do braço e encontrou a  Dercy aqui, que não aprende, de cara enfiada no portão.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dindin pro Bebê

Quando se tem filhos na Alemanha, seja você alemão, da comunidade européia ou estrangeiro com contrato de trabalho local e não de expatriado, a prefeitura local paga para cada filho um valor de 184 euros que aumenta a partir do terceiro filho. O chamado Kindergeld - na minha parca tradução, dinheiro/beneficio para/da criança  -  seria algo como o nosso bolsa família. Esse benefício é pago até a criança completar 18 anos ou até os  25, se ela ainda estuda.
Se você, mesmo sendo estrangeiro, tem permissão de trabalho na Alemanha ( eu não tenho, porque não pedi), você também tem direito ao Elterngeld - na minha parca tradução (de novo), dinheiro dos pais. Ele tem um valor minimo  de 300 e máximo de 1800 euros mensais e é pago por no máximo 12 meses para um dos pais ou para ambos  num período total máximo de 14 meses.
Além disso, não se paga médico (apesar de que todo mundo tem que pagar plano de saúde), a maioria dos remédios e as vacinas básicas. Mas em contrapartida tem que se pagar a pré-escola de acordo com sua renda. Só que só se paga para um dos filhos. Se você tiver três filhos frequentando o jardim da infância (kindergarten), só um paga.
também tem mais uma vantagem interessante que eu não sabia até receber a carta semana passada: durante os três primeiros anos de vida do bebê, a mãe tem um valor recolhido mensalmente para a Previdência Social alemã  mesmo que ela não trabalhe fora. Esses três anos, então, entram na contagem da aposentadoria. Como o Brasil  e a Alemanha tem acordo previdenciário, se voltarmos para o Brasil, eu tenho pelo menos mais três anos de recolhimento. Bom, né?
Pode ter certeza que tem gente por aqui que faz da arte de ter filhos um jeito de ganhar um dindin extra.

Agradinhos pro bebê

Aqui na Alemanha, quando se está à espera de um bebê a mamãe pode se cadastrar em vários sites e também em algumas lojas que aqui são chamadas de Drogerie, mas não são drogarias, são lojas que vendem vários tipos de produtos (só entrar no site pra ver quais) e as mais famosas são a DM, a Rossmann e a Schlecker.
Depois que o bebê nasce, você concretiza o cadastro recebendo um quit de boas vindas, com brindes para a mãe e o bebê e também com um bloco cheio de descontos em produtos infantis e para a família também. E os descontos não são pequenos não. Já economizei um tantão. Além disso, essas lojas possuem linhas de produtos próprios que são ótimas. E o engraçado é que elas não são muito originais nos nomes das linhas. A da DM é "Babylove", a da Rossmann é "Babydream" e a da Schlecker é "Babysmile". Todos eles muito bons.
O que pode se fazer também é se se cadastrar em sites das empresas de produtos para bebês, tais como Nestlé, Pampers, Hipp, Milupa etc.Basta dar uma olhada numa das lojas citadas acima nas várias linhas de produtos infantis e entrar nos sites. A Hipp, por exemplo, dá até uma poupança no nome do bebê, no valor de 20 euros. A Pampers mandou uma camiseta com o nome do Ricardo impresso. Cada dia chega um pacote aqui em casa com um agradinho pro Ricardo.
Até nosso plano de saúde público mandou uma toalha de banho pro Ricardo.




terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Piadinha sobre os dois posts anteriores

Antes mesmo do Daniel fazer o comentário no post anterior, os dois posts sobre filhos me fez lembrar de uma piadinha que eu usava nas aulas de inglês da Cultura Inglesa. Não lembro a versão original em inglês, mas idéia é a mesma:

O filho faz uma pergunta ao pai:

Filho :  - "Pai, o que é um bocó."

Pai:      - "Bocó é uma pessoa que não consegue se expressar direito e que precisa de um monte de palavras para explicar o que quer dizer em vez de dizer de uma forma simples e que, por isso, não consegue ser entendido. Entendeu?

Filho:  -   "Não"

Filhos - esclarecimentos


Esse post é um adendo ao post anterior devido ao comentário da minha querida amiga Ângela e só pude escrevè-lo porque o bebê está dormindo e a Lara está na frente da TV (bad mother, bad mother). Como eu disse, eu escrevi o post "Filhos" às 2 horas da manhã, num momento de privação de sono por ter que tirar leite depois de ter amamentado (mais uma prova de amor pra mim) e usei figuras de linguagem e metáforas para falar sobre o tópico, o que pode causar má interpretação.
  • ·         O post “Filhos” serviu como um desabafo não só para mim como mãe, mas para mim como filha e irmã de outros 5 filhos dos meus pais. Em momento algum disse que estou sofrendo por ter tido filhos. Mas também não vou sair por aí dizendo que tudo são flores, que eu adoooooro acordar de madrugada para amamentar e que o cheiro do cocô dos meus filhos é um presente pra mim. Se assim o fosse, não teria o famoso provérbio “Ser mãe é padecer no paraíso”. Acrescento a esse o “Criar filhos é uma cama de rosas – linda, perfumada, bonita de se ver  mas ao se deitar sentem-se os espinhos” e o “Maternidade é igual rapadura: é doce mas não é mole não”.
  • Meus filhos ainda são pequenos, então ainda não sei o resultado a longo prazo da educação que ainda estou dando a eles ( à Lara, porque o Ricardo acabou de sair do forno) quando eles começarem a andar com as próprias pernas e a interagir de forma dinâmica na sociedade. So weit, so gut.
  • ·         Quando digo que ter filhos é uma prova de amor, não é só pelo meu companheiro, mas por amor à humanidade, por achar que o mundo ainda merece ter meus frutos nele. É uma prova de amor a cada dia criar um filho. E eu ainda  não "tirei um dez" e acho que nunca vou. O que quis dizer é que não sou perfeita no tema, porque cada dia é um aprendizado, é um erro pra se acertar lá na frente, é um acerto que deve ser mantido em situações futuras.
  • Como disse, só amor não educa filhos. Como diz meu amo e senhor, "as palavras educam mas os exemplos carregam". Ensinamos pelos exemplos e muitas vezes nem percebemos que estamos dando (bons ou maus) exemplos. E vemos atitudes nos filhos que não tínhamos percebido em nós mesmos e é preciso o outro dizer: - Tá reclamando de quê? Ela/e está fazendo igualzinho a você!" . Toooome. E além de educar os filhos, temos que nos reeducar.
  • ·         Usei a palavra "monstro" como conotação para todo e qualquer ser humano que não firma suas ações, pequenas ou grandes, no bem do outro e sim só no seu ou dos seus. Existem pais que criam monstros sim, que ensinam seus filhos a levar vantagem em tudo, a furar fila, a chutar canela em jogo de futebol, a ser o primeiro por meios ilícitos. Mas isso não é só culpa  da criação paterna, eu sei, o ambiente e a sociedade tem um peso grande na criação de pessoas más, não fosse assim não haveria tanta desgraça provocada por homens no mundo. Mas se isso aconteceu, será que foi por descuido ou por endosso dos pais? Ditadores, maus chefes, maus colegas de trabalho, maus vizinhos, pessoas mesquinhas, corruptas, agressivas, egoístas,  assassinos tiveram pais. Onde estes pais erraram? Ou o que poderiam ter feito para não criar esses “monstros” ou  não deixar que o mundo transformasse seus lindos filhos  em um? São essas  perguntas que eu me faço pra tentar não cair no mesmo erro e evitar a criação de, no mínimo,um espiritinho de porco.  
  • ·         Quando digo que não é preciso ter “formação acadêmica nem pós-graduação”, uso uma figura de linguagem e só  quero dizer que não é preciso ter nenhum requisito especial, nem condição material ou financeira, nem conhecimento prévio da "função" pra se por um filho no mundo. É "go with the flow"."É tocar de ouvido". É lidar com a situação conforme ela aparece. É fazer de "orelhada". E, por isso, o que muitas vezes acontece é que se transfere ao mundo, à sociedade, a um parente,  à escola, a responsabilidade de criar nossos filhos quando não temos condições físicas, psicológicas, financeiras, materiais e familiares de fazè-lo ou quando não existe amor  no meio que o recebeu. E com isso vemos o que vemos: filhos continuam vindo ao mundo na pobreza, na doença, na falta de amor, por meio da violência, do descuido e isso em qualquer lugar do mundo, não só no Terceiro.
  • ·         Quando digo que filhos podem ser, algumas vezes, subtração e divisão, me refiro ao fato de, antes de ser mãe, ser filha e irmã e de ter sentido na carne o que isso quer dizer ao ter passado por uma situação muito triste de separação familiar por conta de mesquinhez entre filhos de mesmos pais. E o que será que meus pais fizeram de errado  e de certo para alguns de seus filhos agirem de um jeito e outros de outro? É o que estou tentando descobrir, por isso acho que nunca vou "tirar um dez" na disciplina "educação dos meus filhos". Como diz o ditado “ o fruto não cai longe da árvore” e, às vezes, me pego fazendo a mesma coisa que meus pais faziam na criação dos filhos  cujas más consequências eu sei bem quais foram. Quando percebo, tento reverter o processo.Mas também reconheço o que funcionou de orelhada da parte deles.
  • ·         Quando casal resolve ter filhos, considero eu  que seja porque se amam. Filho é pra toda vida, e quando se planeja tê-los é porque amamos nosso/a companheiro/a. Os filhos não planejados em uma relação onde tem-se como base o amor, serão amados de qualquer forma.  Filhos não planejados, frutos de relações sem amor ou compromisso podem vir a sofrer por isso, ou não. Daí dizer que não tem fórmula matemática pra ser seguida. Se fosse assim, seria tudo muito simples.
  • ·         É claro que se você ama alguém ter filhos com esse alguem não é a única forma de demonstrar o seu amor, mas se você viu nesse alguém os filhos que ainda não teve, esse é um sinal de que existe amor na relação. Quem em sã consciencia teria um filho só por ter com alguem que não se ama? ( Exclua-se dessa pergunta, quem opta por ter filhos por inseminação artificial, doação de esperma/óvulo, barriga de aluguel  porque it takes all sorts to make a world ;)) E se um casal opta por não ter filhos, também não é sinal de que não se ama. E quantos casos vemos de pessoas que tem filhos por acaso,  por descuido, por “falha no processo”? Serão esses filhos menos amados? Em alguns casos sim, outros não.
  • ·         Por isso que eu disse que “meus filhos são uma das formas de demonstrar meu amor por meu marido”. Eu disse “ uma das formas e não “a forma”, porque se dissesse isso seria o mesmo que dizer que nossa relação só existe por termos filhos, o que não é verdade. Um casal sem filhos segue a fórmula matemática de um mais um igual a dois. Mas um casal com filhos prova que nessa área a matématica não funciona, pois um mais um se transforma em três, quatro, cinco...  
  • ·         E pra finalizar, ninguém melhor do que Vinícius pra poemizar um tema tão polêmico:
Poema Enjoadinho
Vinícius de Moraes

Filhos...  Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos?  Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

E um videozinho:

Filhos

Ter filhos pra mim é uma prova de amor na qual ainda não tirei um dez. 
Apesar de ser uma carreira altamente especializada que requer extrema dedicação, para tê-los não se exige formação acadêmica nem pós-graduação na área. E nem sempre tè-los feito com amor é garantia de um resultado bem sucedido, pois só amor não basta para se criar filhos.
Criá-los é sempre uma experiência de tentativa e erro e não temos certeza sobre qual ação nossa levará ao  sucesso ou ao fracasso,  se daremos ao mundo bons seres humanos ou monstros. 
Filhos são sinal de multiplicação e adição para a família, mas tristemente, muitas vezes, também são de divisão e subtração. Mesmo assim, não existe fórmula matemática para educá-los, principalmente porque, quando eles chegam, um mais um nunca é igual a dois.
Meus filhos são uma das formas de demonstrar meu amor ao pai deles, meu companheiro. Sem esse amor, ter filhos seria simplesmente uma falha no processo  e não o resultado programado e bem pensado da nossa união. E tem duas citações que endossam essa minha idéia:

"...and when you see your unborn children in her eyes, you know you really love a woman." (Bryan Adams)

"Sonharás com os filhos desta união até antes de tê-los, e quando estes vierem, saberás tu o que é a mais completa realização do amor entre um homem e uma mulher." (Augusto Branco)

Acho que divaguei, afinal são 2 da manhã e eu estou escrevendo com uma mão só enquanto tiro leite. Só assim pra escrever aqui no blog.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Holy Crap! Cradle Cap

Cradle cap,  Milchschorf, crosta láctea, dermatite seborréica. Não soube o que isso era quando tive a Lara e quando via bebês com aquela quantidade enorme de caspa ou de uma casca amarela na cabeça logo dizia que a mãe provavelmente não dava banho no bebê ou não era cuidadosa. Eu dizia: Pô, custa passar um oleozinho e tirar com o pente? Hoje, estou pagando a lingua. Meu filho ganhou um cap desses e eu tô me vendo louca pra lidar com a coisa. Não há meio de dar fim. Comprei um produto da Avène - Pediatril específico para o problema. Vamos ver se resolve. Enquanto isso, uma alemã conhecida minha que teve seu quarto filho dois dias antes do Ricardo nascer e que me disse que dá banho nos filhos uma vez por semana e nos outros dias só faz eles lavarem o rosto e escovarem os dentes antes de dormir, não tem que lidar com isso. Não critico mais. Afinal, tenho telhado de vidro.

Putz, Frau!

Por cinco anos, eu mesma fiz a limpeza aqui de casa por achar que ninguém limpa como eu limpo, meu jeito de ganhar dinheiro é não gastando e também por ser canguinha. Mas a necessidade bateu e tive que procurar alguém. Arranjar alguém pra fazer limpeza de casa direito aqui é fogs. Primeiro, falei com o Herr Croll (o simpático vizinho de cima) pra saber se a Frau Baumgarten - sua Putzfrau (faxineira) - poderia indicar alguém. Fiquei feliz quando ela veio conversar comigo e dizer que ela mesma poderia ser minha Putzfrau e ainda de quebra cuidar da Lara quando precisasse. Mas fiquei triste quando ela disse que o valor da hora seria 20 euros. Que? Nem quem traz o pão pra casa ganha isso!
Então, perguntei pra minha vizinha brasileira. Ela me indicou uma portuguesa. Só que ela só tinha 2 horas uma vez por semana. Melhor do que nada e (agora) só 10 euros por hora. Ela limpava onde o padre passa mas pelo menos tinha iniciativa e eu só gastava 20 euros. Só que vinha quando podia e nas últimas duas vezes me ligou em cima da hora pra dizer que não vinha e nunca mais ligou pra mim e eu nunca mais liguei pra ela porque uma outra colega brasileira me emprestou a sua faxineira russa até abril, quando ela volta dos EUA. Mais uma vez, essa também só limpa onde o padre passa; é mais devagar, ou seja, faz o serviço que a outra fazia em duas horas, em quatro - o que custa o dobro pra mim; e não lava louça de jeito nenhum. Eu não sei se meu escasso alemão não consegue atingir o alemão dela, mas algumas vezes pedi pra ela limpar aqui e ali e não deu efeito. Da última vez, ela disse que o filtro do exaustor do fogão deveria ser trocado porque não pára de escorrer gordura. Eu disse que quem faz isso é o meu marido e ele está sem tempo. Quando fui ver, ela foi embora sem limpar a gordura que escorreu do exaustor.
Mesmo em se tratando de faxineiras, a coisa em Bonn é multiculti. Já me foram oferecidas faxineiras filipinas, indianas, brasileiras e obviamente alemãs. Mas, por enquanto, a coisa pra mim tá russa mesmo.

Dominik, nik, nik

Os snippets dos vídeos desse garoto chamado Dominik Büchele passam no Kika - Kinder Kanal - e a Lara adora. O primeiro video divulgado foi o "Closer to Heaven" e agora o que está no ar é o "Hazel Eyes". Ele é alemão mas canta em inglês. Eu gosto do estilo dele e das interpretações que ele faz de músicas que eu sempre gostei,  mas não gosto do cara que ele "imita", o James Blunt. A cópia se saiu melhor que o original.  O que que a gente tem que fazer pra criar adolescentes fofos desse jeito?

http://www.dominik-buechele.de/videos.php

http://www.youtube.com/results?search_query=Dominik+B%C3%BCchele&aq=f





quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tudo pêlo social

No final de semana, a dona do apartamento - que deve ter uns 70 anos  - veio de bicicleta entregar uma carta. Até aí tudo bem - tirando a inveja que eu sinto da terceira idade esportivamente ativa.  Só que ela trajava um casaco de pele até os joelhos! Eu não vi, quem viu foi o Amanzor. e pena que não deu tempo de tirar uma foto pra provar o paradoxo. 
Andar de bicicleta é ecologicamente correto e faz bem pra saúde. Usar casaco de pele é ecológica e politicamente incorreto hoje em dia. Digo "hoje em dia" porque, no passado, os recursos para se proteger do frio não eram tão abundantes e artificiais como hoje. Não havia garrafas pet para  serem usadas na produção do tão quentinho fleece (e assim o fazendo ser eco correto duplamente ao promover a reciclagem).  Só dava pra contar com lã de carneiro, tecidos de algodão e... peles. 
Muitas pessoas de idade continuam usando seus casacos sem peso na consciência, talvez porque eles sejam do tempo do onça em que os animais usados para fabricá-los nem estavam em extinção - como a onça.  Mas muitos são novissimos em folha.  Só na cidade aqui perto de casa tem 2 lojas de casacos de pele e não são peles só de animais criados para tal fim não, tem bicho ali que mais uma década só vai existir na lembrança. E o engraçado é que eu não soube até então de nenhum caso de ataque do PETA ou organizações similares a essas senhoras que andam de casacos de pele até pra fazer compras no mercadinho da esquina. Será que existe um acordo de proteção bilateral entre essas organizações e as instituições de amparo ao idoso aqui na Alemanha?

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