Esse post é um adendo ao post anterior devido ao comentário da minha querida amiga Ângela e só pude escrevè-lo porque o bebê está dormindo e a Lara está na frente da TV (bad mother, bad mother). Como eu disse, eu escrevi o post "Filhos" às 2 horas da manhã, num momento de privação de sono por ter que tirar leite depois de ter amamentado (mais uma prova de amor pra mim) e usei figuras de linguagem e metáforas para falar sobre o tópico, o que pode causar má interpretação.
- · O post “Filhos” serviu como um desabafo não só para mim como mãe, mas para mim como filha e irmã de outros 5 filhos dos meus pais. Em momento algum disse que estou sofrendo por ter tido filhos. Mas também não vou sair por aí dizendo que tudo são flores, que eu adoooooro acordar de madrugada para amamentar e que o cheiro do cocô dos meus filhos é um presente pra mim. Se assim o fosse, não teria o famoso provérbio “Ser mãe é padecer no paraíso”. Acrescento a esse o “Criar filhos é uma cama de rosas – linda, perfumada, bonita de se ver mas ao se deitar sentem-se os espinhos” e o “Maternidade é igual rapadura: é doce mas não é mole não”.
- Meus filhos ainda são pequenos, então ainda não sei o resultado a longo prazo da educação que ainda estou dando a eles ( à Lara, porque o Ricardo acabou de sair do forno) quando eles começarem a andar com as próprias pernas e a interagir de forma dinâmica na sociedade. So weit, so gut.
- · Quando digo que ter filhos é uma prova de amor, não é só pelo meu companheiro, mas por amor à humanidade, por achar que o mundo ainda merece ter meus frutos nele. É uma prova de amor a cada dia criar um filho. E eu ainda não "tirei um dez" e acho que nunca vou. O que quis dizer é que não sou perfeita no tema, porque cada dia é um aprendizado, é um erro pra se acertar lá na frente, é um acerto que deve ser mantido em situações futuras.
- Como disse, só amor não educa filhos. Como diz meu amo e senhor, "as palavras educam mas os exemplos carregam". Ensinamos pelos exemplos e muitas vezes nem percebemos que estamos dando (bons ou maus) exemplos. E vemos atitudes nos filhos que não tínhamos percebido em nós mesmos e é preciso o outro dizer: - Tá reclamando de quê? Ela/e está fazendo igualzinho a você!" . Toooome. E além de educar os filhos, temos que nos reeducar.
- · Usei a palavra "monstro" como conotação para todo e qualquer ser humano que não firma suas ações, pequenas ou grandes, no bem do outro e sim só no seu ou dos seus. Existem pais que criam monstros sim, que ensinam seus filhos a levar vantagem em tudo, a furar fila, a chutar canela em jogo de futebol, a ser o primeiro por meios ilícitos. Mas isso não é só culpa da criação paterna, eu sei, o ambiente e a sociedade tem um peso grande na criação de pessoas más, não fosse assim não haveria tanta desgraça provocada por homens no mundo. Mas se isso aconteceu, será que foi por descuido ou por endosso dos pais? Ditadores, maus chefes, maus colegas de trabalho, maus vizinhos, pessoas mesquinhas, corruptas, agressivas, egoístas, assassinos tiveram pais. Onde estes pais erraram? Ou o que poderiam ter feito para não criar esses “monstros” ou não deixar que o mundo transformasse seus lindos filhos em um? São essas perguntas que eu me faço pra tentar não cair no mesmo erro e evitar a criação de, no mínimo,um espiritinho de porco.
- · Quando digo que não é preciso ter “formação acadêmica nem pós-graduação”, uso uma figura de linguagem e só quero dizer que não é preciso ter nenhum requisito especial, nem condição material ou financeira, nem conhecimento prévio da "função" pra se por um filho no mundo. É "go with the flow"."É tocar de ouvido". É lidar com a situação conforme ela aparece. É fazer de "orelhada". E, por isso, o que muitas vezes acontece é que se transfere ao mundo, à sociedade, a um parente, à escola, a responsabilidade de criar nossos filhos quando não temos condições físicas, psicológicas, financeiras, materiais e familiares de fazè-lo ou quando não existe amor no meio que o recebeu. E com isso vemos o que vemos: filhos continuam vindo ao mundo na pobreza, na doença, na falta de amor, por meio da violência, do descuido e isso em qualquer lugar do mundo, não só no Terceiro.
- · Quando digo que filhos podem ser, algumas vezes, subtração e divisão, me refiro ao fato de, antes de ser mãe, ser filha e irmã e de ter sentido na carne o que isso quer dizer ao ter passado por uma situação muito triste de separação familiar por conta de mesquinhez entre filhos de mesmos pais. E o que será que meus pais fizeram de errado e de certo para alguns de seus filhos agirem de um jeito e outros de outro? É o que estou tentando descobrir, por isso acho que nunca vou "tirar um dez" na disciplina "educação dos meus filhos". Como diz o ditado “ o fruto não cai longe da árvore” e, às vezes, me pego fazendo a mesma coisa que meus pais faziam na criação dos filhos cujas más consequências eu sei bem quais foram. Quando percebo, tento reverter o processo.Mas também reconheço o que funcionou de orelhada da parte deles.
- · Quando casal resolve ter filhos, considero eu que seja porque se amam. Filho é pra toda vida, e quando se planeja tê-los é porque amamos nosso/a companheiro/a. Os filhos não planejados em uma relação onde tem-se como base o amor, serão amados de qualquer forma. Filhos não planejados, frutos de relações sem amor ou compromisso podem vir a sofrer por isso, ou não. Daí dizer que não tem fórmula matemática pra ser seguida. Se fosse assim, seria tudo muito simples.
- · É claro que se você ama alguém ter filhos com esse alguem não é a única forma de demonstrar o seu amor, mas se você viu nesse alguém os filhos que ainda não teve, esse é um sinal de que existe amor na relação. Quem em sã consciencia teria um filho só por ter com alguem que não se ama? ( Exclua-se dessa pergunta, quem opta por ter filhos por inseminação artificial, doação de esperma/óvulo, barriga de aluguel porque it takes all sorts to make a world ;)) E se um casal opta por não ter filhos, também não é sinal de que não se ama. E quantos casos vemos de pessoas que tem filhos por acaso, por descuido, por “falha no processo”? Serão esses filhos menos amados? Em alguns casos sim, outros não.
- · Por isso que eu disse que “meus filhos são uma das formas de demonstrar meu amor por meu marido”. Eu disse “ uma das formas e não “a forma”, porque se dissesse isso seria o mesmo que dizer que nossa relação só existe por termos filhos, o que não é verdade. Um casal sem filhos segue a fórmula matemática de um mais um igual a dois. Mas um casal com filhos prova que nessa área a matématica não funciona, pois um mais um se transforma em três, quatro, cinco...
- · E pra finalizar, ninguém melhor do que Vinícius pra poemizar um tema tão polêmico:
Poema Enjoadinho
Vinícius de Moraes
Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
E um videozinho:
o adendo é 15 vezes maior que o texto original...
ResponderExcluirEu acho muito difícil criar um montro se o exemplo de casa, das pessoas mais próximas é de respeito e amor. A gente perde a paciência, comete erros, mas isso é normal. O pior é acostumar os filhos que tudo vem fácil, e esse pra mim é o maior erro que se pode cometer.
ResponderExcluirAchei estranho que vc não disse quando seu bebê nasceu, se foi tudo bem, etc. Procurei em posts abaixo e não tem nenhuma menção ao seu nascimento que parece ter sido recente.
Abraços
Olá, Ma,
ResponderExcluirComo eu disse, não se criam monstros somente com exemplos e criação dos pais. E pra mim a escala de intensidade "monstral" é grande, variando de desvios de comportamento até crimes hediondos. As vezes, não são só exemplos mas omissões que criam monstros. E isso a gente muitas vezes, só ve depois que os filhos já estão grandes. Filhos não são so reflexo dos seus pais. Eles são individuos, desenvolvem caracteristicas proprias conforme crescem. Seria muito facil colocar a culpa de todos os desvios ou sucessos de um individuo nos exemplos paternos ou na criação que teve. Sabe aquela coisa da mãe dizer pro filho " eu não te eduquei desse jeito, ou onde voce tá aprendendo a ser desse jeito, ou de onde veio esse dom maravilhoso?". Pois é. E se todo mundo educasse filhos da mesma maneira, de forma perfeita, sem erros, e o mundo assim só tivesse influencia positiva sobre um individuo o mundo talvez fosse bem sem graça. It takes all sorts to make a world, tirando odio e guerra, discussões produtivas são sempre boas pro desenvolvimento indididual e coletivo.
Eu ainda não postei sobre a aventura que foi ter meu bebe, porque a história é longa e estou escrevendo aos poucos. Mas logo, logo publico.
beijos
Será que a mãe do Hitler, e de todos seus cupinchas, era um monstro? Eles eram. Será que aquela menina que matou os pais, aquela Richthofen, foi tão maltratada pelos pais ao ponto de achar que os matando era a forma de se livrar deles e ainda ter uma graninha? Talvez, eles só tenham dado o exemplo sutil de ganância. De ter e não ser. E ela foi parar na extremo da escala "monstral" que é desejar e levar a cabo a morte de alguém. Se filhos se criassem só pelo exemplo dos pais, assassinos só seriam filhos de assassinos, corruptos, de corruptos e por ai vai. De novo, essas são só minhas opiniões. E discussões civilizadas são sempre produtivas.
ResponderExcluirArlete,
ResponderExcluirAh, mas eu acho que num caso desses que vc citou, Hitler e a outra menina que matou os pais, é uma conjunção de fatores, entra a personalidade do sujetio, mas com certeza uma influência negativa dos pais, seja de abandono físico, moral ou psicológico. Aqui em casa a gente brinca dizendo que se a Julia virar punk e não der pra nada quando for adulta, a gente lava as mãos, porque procuramos dar toda a atenção e o cuidado moral cercado de amor possível. Claro, não somos perfeitos, longe disso, mas nada absurdamente patológico. Eu acredito que a influência negativa da educação tenha mais peso do que a própria personalidade da criança e por isso me esforço todo dia pra tentar acertar mais e errar menos. Só daqui uns 20 anos é que vou saber a resposta. Bjs
Ma,
ResponderExcluirVoce disse "Se a Julia virar punk'.Ou seja, voce, e nenhum pai, tem certeza absoluta do rumo que um filho vai tomar ,mesmo que achemos que o que fazemos para cria-los está certo. Como voce mesma disse "entra a personalidade do sujeito", o que é a mesma coisa que eu disse sobre sermos individuos. Se um filho virar punk será que é culpa dessa "personalidade" ou por abandono "físico, moral ou psicológico" dos pais em sua criação? Não tem como saber. Dou outro exemplo recente: Um diretor da Telecom, casado com três filhos. Até aí, orgulho dos pais e adequado perante a sociedade. Mas ai, de repente, por um desvio mental, arroubo inconsequente, sei lá, para aliviar o estresse da pressão no trabalho, pega um garoto de dez anos na rua, estupra e mata. Novamente, estou indo ao extremo da minha escala "monstral". Mas como sabermos se foi um erro de criação paterna ou simplesmente um desvio psicologico fruto de sua "personalidade" do "indivíduo" ou da influencia do meio?. Portanto, volto a dizer, filhos de monstros podem vir a ser monstros e filhos de pais que deram uma "educação perfeita" ( o que pra mim é cultural, temporal, social psicologica e politicamente relativa e que eu acho que não existe - existe sim a educação adequada) também. Pais que acreditam que ser EXTREMAMENTE ( os extremos nunca são bons) organizados, por exemplo, é uma virtude e passam essa idéia para os filhos, as vezes, as custas de desentendimento e imposições, não percebem que podem estar criando pessoas desajustadas que veem na sociedade caotica um meio não adequado aos seres perfeitos e organizados que são e ai a m...tá feita. Sobre "só daqui há 20 anos é que vou saber a resposta", eu disse a mesma coisa no post: "Meus filhos ainda são pequenos, então ainda não sei o resultado a longo prazo da educação que ainda estou dando a eles". E acho que ninguem sabe.
Beijos e obrigada por comentar. É muito bom trocar idéias e ter discussões positivas, pra sair um pouco da rotina de dona de casa.
Voce tem blog?