domingo, 14 de agosto de 2011

Megalomancia - blowing your own trumpet

Desde que conheci uma determinada pessoa tão logo cheguei aqui na Alemanha, fico pensando em como um comportamento social pode ser sinal de uma doença mental grave e irritante.  
Em uma conversa, independente do tópico em voga, essa pessoa nunca é capaz de contribuir com o conteúdo e sempre toma (ou tenta tomar) toda e qualquer atenção para si, falando do que tem e do que teve, das pessoas ricas e famosas que conhece (muitas delas, corruptos de uma determinada região do nosso país), das viagens que fez e que vai fazer e vive se gabando de tudo que acha que conhece, menosprezando qualquer coisa que você diga, conheça, tenha ou faça. Todo embate social é uma chance de auto-promoção. O seu repertório é sempre o mesmo e, uma boa parte, remonta ao seu passado, mas não ao passado que revela sua verdadeira origem. Se se sente contrariada, ou com menos informação em temas dos quais se diz expert, parte para o ataque pessoal, ofende. 
É a "Megalomancia" (cunho próprio), a síndrome da melancia no pescoço, uma megalomania somada a exibicionismo, superficialidade, vaidade exacerbada e  falta de espelho em casa.  A dita cuja não é capaz de perceber que a sua imagem real não bate com tudo que ela fala de si ou faz; vive falando dos apartamentos e empregadas, babás e mucamas que teve no Brasil, mas aqui vive de aluguel, lava, passa, cozinha; anda com roupas que mal servem, com furos e faltando botão, ao mesmo tempo em que fala dos supostos vestidos de grife que tem em seu guardaroupas; vomita uma lista de hotéis cinco estrelas onde fica quando viaja e entope seu armário com tudo que é amostra grátis que pega desses hotéis. É mesquinha, gosta de dar o preço das coisas e vive contando os centavos; menospreza os que tem conhecimento, formação acadêmica e interesses em coisas menos materiais e dá tanta importância a quem tem dinheiro,  dizendo que os únicos pobres que conhece são os que limpam suas privadas, que não percebe que os verdadeiros carentes são os pobres de espírito. 
Fico com raiva de mim mesma por remoer suas ofensas diretas ao dizer o quanto ela é melhor que eu e  por gastar meu tempo desabafando em meu blog. Infelizmente, eu não sei bater de frente com esse tipo de pessoa, que é capaz de aumentar a voz e partir pra agressividade verbal, se contrariada. Esse tipo de pessoa é bem descrita no texto abaixo, do meu amigo Marco Mello, que dá uma dica importante pra se preservar desse tipo de pessoa:  manter uma distância protocolar. No fundo, acho que ainda não deu meu desprezo completo porque o que sinto por ela é dó. 

"Comecei 2011 sem paciência para pessoas exibicionistas e superficiais. E não são poucas espalhadas por aí. Há dois tipos clássicos, que incomodam demais: os que passam a maior parte do tempo falando do que têm e do que compraram e os que ostentam conhecimento e títulos, quase sempre sem disposição nenhuma para ouvir o outro. No fundo, no fundo, quase sempre usam a eloquência do discurso para esconder a vaidade exacerbada e a enorme insegurança pessoal. O verdadeiro patrimônio de um indivíduo tem que ser o que ele é de fato, não o que ele tem a mostrar. Porque tudo o que ele tem não é nada, diante da grandeza da existência, tão efêmera. Estamos aqui de passagem e quando nos despedirmos, o que seguirá conosco será apenas o que ficou na memória das pessoas a nosso respeito. Todo o resto, títulos, diplomas, bens, tudo se perderá. Isto é, se um golpe do destino não nos levar à ruína antes, como vemos acontecer com alguma frequência, de tempos em tempos. Se as pessoas não cultivarem amizades sinceras e desinteressadas, se não valorizarem as coisas simples da vida e não aceitarem o fim implacável, como parte do destino, estarão condenadas a sofrer as consequências das escolhas erradas que estão fazendo hoje. Mas nem todos pensam da mesma maneira e muitos passam a vida toda na ilusão. Portanto, para que se preocupar? O melhor a fazer é tolerar, preferencialmente mantendo certa distância protocolar. E procurar estar ao redor daqueles que pensam como você e que acreditam que as coisas funcionam na base da camaradagem, da sinceridade e da transparência, sem dissimulação."


Quem a conhece e ler este texto, saberá que estou falando dela. Mas não tenho receio que ela mesma leia, pois é incapaz de lidar com qualquer coisa que tenha mais de um botão para apertar, além do seu próprio fogão, secador de cabelo e ferro de passar roupa. Pronto falei.



4 comentários:

  1. Olá Arlete,

    Bom texto, bom para minha auto avaliação, pois existe as classes e os equilibrios entre ser e ter, mas atualmente muitos vivem no parecer, o que não é nem uma coisa nem outra, e realmenete não acrescenta nada...

    Beijo e boa semana

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  2. Oie!
    E você precisa continuar a ter contato com essa pessoa? Porque gente assim só desgasta, e a vida é tao curta pra gastar energia desnecessária com quem nao merece :-(
    Beijocas, e boa semana!
    Angie

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  3. Oi, Angie, não preciso, mas ela mora na rua e vive ligando aqui. Por enquanto, estou ignorando os contatos.

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