domingo, 4 de outubro de 2009

Todo cão tem um alemão

Uma vez, um conhecido nosso disse que todo cão tem um alemão. E é verdade. Não tem cachorro abandonado ou solto na rua: eles estão sempre acompanhados ou acompanhando. Dá a impressão que o  animal tem um homem de estimação. Como moro na beira do Reno, pela minha janela, vejo gente passeando com os seus cãezinhos, levando-os regularmente para exercitar suas perninhas e sua fisiologia, como se a grama pública fosse um toilet canino a céu aberto.
Alemão gosta e se orgulha de respeitar regras mas também preza muito o direito individual de fazer o que quer. Muitos se preocupam em não deixar vestígios do crime e levam um saquinho pra recolhe-los, ou utilizam os saquinhos estrategicamente disponíveis nos postes ao longo do rio e, logo que o bolinho sai do forno, o recolhem. Outros se acham no direito de deixar o dejeto lá, pronto para grudar nos sulcos dos sapatos de filhotes humanos que correm livremente pelos gramados, ou melhor, não tão livremente por conta do já citado risco. A impressão que me dá é que estas pessoas pensam que cachorro tem o direito de fazer seu cocô onde lhe aprouver e que criança é que deveria andar na coleira. Aliás, cachorro é mais bem vindo do que criança em determinados lugares, inclusive em restaurantes.
No entanto, como animais domésticos devem ser registrados e pagar impostos anuais (138 euros por um cão, aumentando o valor individual a medida que se aumenta o número de cães por dono), acredito que os donos pensam que, como estão pagando pelo cão, não têm eles mesmos que recolher a sujeira, deixando este serviço a cargo da prefeitura - mais ou menos como nós brasileiros pensamos quando jogamos lixo na rua. Neste registro do animal no departamento competente, tanto gato quanto cachorro recebe um número para possível localização do proprietário em caso de fuga. Eles carregam uma chapinha na coleira e alguns tem chips implantados ou números tatuados na orelha. Outros devem ter inclusive carta de motorista.
 

Que motorista cachorro! Tirei esta foto perto de casa. O dono tinha ido ao supermercado do outro lado da rua.

Pastor alemão

Logo que mudamos para o nosso apartamento, um casal vizinho ( aquele do concerto de piano) veio nos dar as boas vindas. O sobrenome deles é Glogle, e o Amanzor insiste em chamá-los de Google. Eles vieram da antiga Alemanha comunista e são extremamente simpáticos. Ele fala inglês e ela só fala alemão. Mesmo sabendo falar inglês, ele me força a falar em alemão, me corrigindo quando eu faço algum erro (que são muitos).
Fomos convidados para um café na casa deles e  eles começaram a contar como vieram parar aqui. Eu só entendi as palavras "prisão", "Rheinbreitbach", "igreja". Eu logo achei que ele tinha sido  prisioneiro em Rheinbreitbach - cidade aqui perto - e que tinha se convertido a alguma religião e tido sua pena reduzida. Devido a minha cara de espanto, acho que ele sacou que eu não tinha compreendido ou entendido mal. Então, ele resolveu explicar em inglês que ele foi capelão da prisão de Rheinbreitbach, ou seja, pastor. Concluí então que conheci naquele dia o verdadeiro pastor alemão, pena que nem em alemão ou inglês, essa piadinha tem sentido.

Um comentário:

  1. Olá Arlete,
    meu nome é Bruno e por acaso achei o seu blog hoje...os acasos da internet! Sou brasileiro e casado com uma alemä, moramos no Brasil. Achei muito divertido suas 'aventuras' e até me emociono com algumas por também ser um estudante da língua alemä. Essa do pastor alemäo foi ótima. Minha esposa tem um blog sobre o brasil e algumas coisas típicas de nossa cultura. Dá uma olhadinha, eu ainda tenho dificuldades para ler, mas como ela também é jornalista, pode ser que vc se interesse. Abraco
    http://www.geo.de/blog/geo/brasilien-blog

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