quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

acentos

Me desculpem o fato de nao utilizar acentos ou cedilhas mas nao tenho paciencia de alterar o teclado. Mas peco que tenham paciencia para ler sem eles e ignorem os sentidos duplos que a ausencia deles possa acarretar.
Comecei as festas de final de ano com o pe esquerdo. Isso seria completamente natural pelo fato de eu ser canhota, mas levando em consideracao a forca do ditado, eu posso considerar que isso nao foi nada bom. Depois de ter pego uma infeccao de ouvido e estar tomando antibioticos, fomos passear no centro da cidade para ver as feiras de natal e almocamos por la mesmo. Decidimos ir a um restaurante que nunca tinhamos ido, chamado “Roses” com o R ao contrario. Pedimos uma sopa de abobora para a Lara, uma salada cesar para mim e o Amanzor pediu uma costela de cordeiro. A sopa chegou e a Lara se negou terminantemente a toma-la. Na verdade, naquele domingo, ela nem sequer almocou visto que se negou a comer qualquer coisa no restaurante. A sopa estava uma delicia. Tinha creme de leite e um unico camarao gigante nadando nela. Eu e Amanzor dividimos a sopa, comemos nossos pratos e fomos para casa preocupados com o fato da Lara nao ter almocado.
Por volta das oito da noite, apos colocarmos a Lara pra dormir, o Amanzor comecou a reclamar que nao estava se sentindo bem e foi assim indo e voltando do banheiro com diarreia e vomito que ele passou a noite inteira. Por volta das cinco da manha e depois de tomar soro caseiro e remedio antivomito, receitado pela Dra. Arlete, ele comecou a se sentir melhor . E eu comecei a me sentir mal. Ou melhor, pior. Foi entao a minha vez de frequentar o banheiro. So que como sou mais fraca, a pressao comecou a baixar muito e comecei a ter febre. De madrugada, passei mal no banheiro. Chamamos a ambulancia, tive exame de sangue e eletrocardiograma feito na minha cama e devido a pressao muito baixa, ganhei um passeio para o hospital. O paramedico que me instalou na maca, sem querer, cobriu minha cabeca com o cobertor e eu fui logo dizendo : "Not Yet". Ai ele caiu na risada e disse que pelo menos eu ainda estava de bom humor. Ja o segundo paramedico se desculpou pelo fato da ambulancia estar pulando muito, afinal eles tiveram que deixar a de ultima geracao para consertar e estavam com a velha ambulancia de guerra. E eu ja estava achando essa o maximo. Chegando na emergencia, nao tinha absolutamente ninguem para atender ou ser atendido. Esperamos uns 3 minutos ate alguem vir abrir a porta. Ainda na maca, fui levada ate uma sala que mais parecia um quartel de tortura de tanta corrente e aparelhos ortopedicos pendurados na parede. Nessa hora, o coracao comecou a disparar e o medao se instalou, pois estava sozinha, mal das pernas e da cabeca, sem conseguir raciocinar direito, muito menos falar alemao. E se o medico nao falasse ingles? Mas ele falava. Bendito ingles. O medico fez a instalacao necessaria para o soro, meio litro, e disse que em um ou dois dias eu estaria melhor, mas nao achei que passaria este tempo no hospital. Fui levada para um quarto com duas senhoras ja instaladas e um cheiro horrivel de ...morte. Eram 4h30 da manha e as 6 uma das senhoras comecou a gritar pela enfermeira, pedindo ajuda e seus oculos. Pelo menos, um pouco de alemao eu aprendi. Foi a minha primeira experiencia hospitalar na Alemanha e posso dizer que o atendimento foi bom, a comida horrivel e as instalacoes muito estranhas. Nao tinha banheiro no quarto, somente no corredor e as senhorinhas nao tomaram banho nos dois dias que fiquei la, nem eu. No horario de visitas, eu abri a janela e os visitantes de uma das senhoras a fecharam. Eu deixei a porta aberta, eles foram la e fecharam, entao eu sai e fiquei no corredor, de pijama e carregando meu soro. Perguntei para a enfermeira se o cheiro nao era da agua podre que estava no vaso de flores. Ela me disse que era o cheiro das senhoras e que iria jogar um spray perfumado no ar. Pensei comigo: -agora ‘e que a coisa vai feder. Ai eu me desesperei, afinal iria passar mais uma noite la. Mas o sono e o tedio eram maiores e, apesar da preocupacao de deixar a Lara com o Amanzor e ele nao poder ir trabalhar, dormi a noite inteira. As 7 da manha, o relogio da Frau Schilling disparou. Pra que?, perguntei eu. E o pior e que ela nao sabia o que fazer, nem mesmo achava o relogio. Toca eu levantar pra desligar o dito.E nao consegui dormir mais. Depois de dois litros e meio de soro, ja me sentia bem, apesar da terrivel dor de cabeca, mas eu queria era sair correndo dali, por isso nao falei para o medico que veio me examinar. E entao tive alta.
Voltando a comida do hospital, esta faz jus a fama de “comida de hospital”. O cafe da manha ‘e o de praxe, pao de forma, manteiga, mel, geleia e wurst ( salsichon), o que nao ‘e nada bom pra quem teve intoxicacao alimentar. No almoco, veio uma bolota fedida de carne, escondida dentro de uma folha cozida de repolho com pure de batatas cheio de graozinhos de erva doce ( onde o CUzinheiro estava com a cabeca?). Me pergunte se eu comi. E o jantar? Foi repeteco do cafe da manha. Agora eu tenho a certeza do que a minha amiga baiana sempre fala, que alemao so tem uma refeicao quente por dia. Mas no hospital tambem? Nem uma sopinha pra esquentar o stongo?
Por falar em sopinha, aquela que me fez passar por todo esse transtorno estava uma delicia. Talvez porque estava pululando de bacterias. E mais uma vez tenho certeza que a Lara, alem de enxergar bem, tem um nariz apuradissimo e um anjo da guarda batuta. E como disse o Amanzor, agora ele entende o porque do restaurante ter aquele nome, afinal te deixa plantado no vaso e seu ...u vira uma flor.

domingo, 14 de dezembro de 2008

testando

Recebi um e-mail do meu primo dizendo que o blog dele estava no ar. Fiquei curiosa de saber como isso funciona e resolvi criar o meu. O meu desconhecimento tecnico de como computador funciona 'e algo que deixa meu marido de cabelos brancos de tanto que eu o chamo pra me dar assistencia. Mas desta vez resolvi meter as caras e ver o que consigo por conta propria.
Nao estou pensando no que escrever, pois isto 'e so um teste. O engracado 'e que quando a gente testa geralmente a gente diz: testando, testando, testando. E ja percebi que vou ter que testar, testar, testar e quebrar muito a cabeca, o que ainda 'e melhor do que quebrar a cara.
Antes de mais nada tentei achar um nome para o blog. O primeiro foi "Bonn pra ler", mas achei muita vaidade da minha parte acreditar que o que eu vou escrever aqui 'e suficientemente bom pra ler. Depois mudei para "Bonn pra pensar", mas achei muita vaidade da minha parte acreditar que o que eu vou escrever aqui 'e suficientemente bom para fazer o leitor parar pra pensar.
Ai mudei para "Tudo de Bonn", e ai nao mudei porque aqui 'e tudo de bom. 'E bom pra viver, 'e bom pra trabalhar, 'e bom pra criar os filhos. Poderia ser melhor se o povinho ( 'e engracado usar esse termo para se referir aos alemaes, parece mais coisa de Brasil) fosse mais educado (como se o brasileiro fosse haha) e se pudessemos ter a nossa volta o que, ou melhor quem, ficou longe. Mas nao da pra ter tudo e nem sempre quem queremos ter por perto 'e bom ter por perto o tempo todo.
Aprendi isso com o pouco tempo que estamos em Bonn. Ja se passaram quase 3 anos que estamos aqui e vamos ficar com certeza por mais dois anos. E 'e sobre a nossa vida aqui que vou parar pra escrever, analisando e comparando com a nossa vida no Brasil. Falar sobre o que me deixa satisfeita, admirada, extasiada, feliz por ter tido a oportunidade de viver em um pais de primeira e tambem o que me deixa irritada, deprimida e me faz crer que por pior que nosso pais de terceiro mundo seja, ainda existe razao para te-lo em alta conta. Espero que funcione como uma forma de compartilhar nossas experiencias assim como para desopilar o figado.

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