segunda-feira, 31 de maio de 2010

Episódio 4 - De volta para o frio de casa

Depois de três dias no hospital/hotel, retornamos para o nosso apartamento. Era junho e o frio estava entrando nos ossos. E era um frio úmido. Como mãerinheira de primeira viagem, embrulhei a Lara com tudo quanto era cobertor, colocava bolsa de água quente no pé dela  e fiz o Amanzor sair pra comprar um aquecedor elétrico.
Quando chegamos aqui em Bonn em pleno inverno, essa imagem e outras da minha infância vieram à tona.  Lembro-me de que, quando pequena, dormia com o minhocão e a camiseta que iria usar por baixo da calça  no dia seguinte pra não ter que passar frio pra me trocar; me lembro de minha mãe esquentando o ferro de passar roupa pra passar na minha cama segundos antes de eu entrar embaixo das cobertas e de dormir com ele encostado no meu pé (sempre fui pé frio) - costume que mantive mesmo depois de adulta; me lembro de encher um potinho com álcool e acender no banheiro na hora de tomar banho (ó o perigo!); me lembro de como a cama e a roupa pareciam estar sempre úmidas, do peso das cobertas sobre o corpo e de ficar em casa com a mesma roupa de frio que se usava na rua. Isso tudo numa temperatura entre 7 e 15 graus no inverno!
Aqui, o inverno é seco e anda-se de camiseta de manga curta dentro de casa mesmo com temperaturas abaixo de zero lá fora.  É óbvio que esse conforto custa caro. Tanto o aquecimento diário da casa no inverno quanto a construção do ímóvel custam muito. Não é à toa que o "pobre" daqui  (leia-se o equivalente à classe média baixa brasileira) precisa de ajuda do governo pra aguentar. Mas existe um certo exagero. Em  outubro passado, uma colega russa do curso de alemão estava comentando que a casa em que ela trabalhava como au pair estava com problemas no aquecimento havia dois dias e  a família estava reclamando que estava passando frio dentro de casa. Com uma temperatura externa de 12 graus, estavam usando cobertores elétricos e jaquetas de inverno em casa.  Ao mesmo tempo tem uns alemães sangue quente que saem nessa temperatura de shorts e camiseta.  Vai entender.  Hoje mesmo fui almoçar com uma querida amiga portuguesa e sua mãe. Lá fora 13 graus, eu de casaco e cachecol e tremendo de frio e a mãe dela com uma blusa super fininha.  Sensação de frio ou calor é realmente algo pessoal e geográfico.
Mas, voltando à Lara, bebês não sabem falar e o meu medo de que ela passasse frio era tanto que eu nem pensei na possibilidade de um sufocamento ou hiperaquecimento da fofa debaixo daquelas cobertas todas,  assunto que tanto falam por aqui. Anjo da guarda de criança é forte,viu?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Aberta temporada do churrasquinho na laje

Neue Gefahr für den Flugverkehr: Die Grillsaison hat begonnen!
Cartoon publicado na revista Stern

Aberta a temporada de Grill na Alemanha. Todo mundo monta sua churrasqueirinha no quintal ou nos balcões - lembrando que nesses só se for grill elétrico. Lojas abarrotadas de produtos para churrasco e mercados abarrotados de kits e carnes já temperadas, prontas para ir pra grelha. Na legenda: "Novo perigo para o tráfego aéreo. A temporada de grill começou!

Episódio 3 - Lara

Com 5 meses de gravidez, descobrimos que era uma menina. Naquela mesma época, meu pai, ao tentar tirar a cidadania espanhola, descobriu que seu pai, meu avô, marido da minha avó, tinha um segundo sobrenome. Seu nome completo era Juan Gomes Lara. Pronto, tá escolhido.
Eu costumava terminar as aulas por volta das 22h. A Lara ficava quietinha o tempo todo, mas quando dava dez pras dez, parece que ela sabia que era hora de ir pra casa e, então, despertava. Deveria ser o contrário, afinal, quem não conseguia dormir depois era eu. Ela se mexia a noite inteira. No último mês de gestação, estando em casa, ficou mais fácil descansar enquanto ela também descansava, ou seja, de dia. Isso era possível, principalmente, porque minha querida sobrinha Prescyla ficou este tempo lá em casa pra  cuidar d'eu.
A data prevista para o nascimento era dia 20 de junho. Uma semana antes, um ultrasom diagnosticou que a Lara tinha o cordão umbilical em volta do pescoço. Passei a fazer ultrassons mais frequentes para ver se a situação mudava. Nada. No dia 20, nem sinal da dona Lara e foi quando tive uma consulta com o Dr. Marcelo, que disse que não esperaria mais que uma semana além da data prevista para o parto e explicou sobre as possibilidades, caso o cordão não viesse a se desenrolar no momento de um parto normal. Foi então que resolvemos fechar em uma data para fazer a cesariana no hospital Pró-matre em São Paulo., 23 de junho. Meu plano de saúde da escola cobria um quarto particular, que eu já havia reservado. Chegamos ao hospital às 6 horas da manhã. Fomos informados que não havia mais o padrão de quarto coberto pelo plano e que por isso, ficaríamos numa categoria superior. Me senti em um hotel. E que hotel! Comida de primeira, cama para o Amanzor, área de estar ampla. Tudo ótimo.
Preparação para o parto, eu tremendo igual vara verde. Anestesia. Dr. Marcelo me deu a mão, mas logo mudou de idéia porque disse que, se eu continuasse a apertá-la daquele jeito, ele não poderia fazer o parto. Reclamei da dor na hora da sonda e o anestesista chamou a minha atenção. E o Dr. Marcelo chamou a atenção dele, pois aquele era o meu dia e eu só deveria ter lembranças boas. A coisa foi tão rápida, principalmente porque os doutores ficaram falando sobre futebol com o Amanzor - que odeia injeção e sangue - enquanto faziam o parto que eu só percebi que já estava na metade, quando ouvi o choro da Lara., fofa e super saudável.  É impressionante como esse primeiro choro anestesia toda dor e apaga todo medo que possa passar pela cabeça da gente.
Continua...

domingo, 23 de maio de 2010

Pé de Pompom

Água de Colônia

Pouca gente no Brasil sabe a origem do nome "água de colônia" para se referir a perfumes mais leves e menos duradouros. Pois então, o nome vem de uma fragrância produzida em Colônia, uma das maiores cidades próximas a Bonn. A "Echt Kölnisch Wasser" - a verdadeira água de Colônia  - é comercializada ainda hoje no mesmo local, no número 4711 da Glockengasse, que é um importante ponto turístico da cidade. Além de ponto de venda, é museu, espaço cultural, para seminários e cursos relacionados com a área de perfumes e fragrâncias.
Inicialmente, este produto era para uso interno e externo e era conhecido como "Aqua Mirabilis" - água milagrosa - pelos seus efeitos na alma, corpo e mente. Mas, quando Napoleão exigiu que todos os produtos para uso interno tivessem suas fórmulas tornadas públicas, resolveram fazer da Kölnisch Wasser exclusivamente perfume, para manter secreta sua fórmula.
Perfume é algo pessoal e eu pessoalmente não gosto da fragrância, que há mais de 200 anos continua fiel à fórmula secreta original. Dizem que parece perfume de véia, mas a minha sogra foi lá e não gostou. Então...

Mais informações aqui.
Mais história sobre o produto aqui.

~Eu não gosto do cheiro, mas gostei da camiseta.

sábado, 22 de maio de 2010

Gay Games Cologne 2010

De 31 de Julho a 7 de Agosto, Colônia, a maior cidade próxima a Bonn, irá sediar os VIII Jogos Gays. Haverá muitos eventos culturais também. A chamada é "Be part of it!" e o convite é aberto a todos - não importa se heterossexual, homossexual, homem, mulher, transsexual e independente de religião, nacionalidade, etnia, convicções políticas, habilidades esportivas, capacidade física, idade ou condição física. As inscrições terminam no dia 31 de maio.  A DHL é patrocinadora oficial. Mais informações aqui.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Villa d'Esta

Desde que nos mudamos pra cá, tem uma casa no centro de Bad Godesberg que nos chama a atenção porque é linda, tem uma bandeira do Brasil hasteada no jardim e tem nome - chama-se "Villa d'Esta". Além disso, nada mais nos chamava a atenção.
Ultimamente, com a possibilidade de retorno ao Brasil, temos procurado duas peças específicas de móveis antigos: uma escrivaninha e uma estante de livros ou cristaleira. Mas, lógico, temos caído de costas com os preços, afinal, móveis antigos aqui são do século 18, 19 e começo do 20, extremamente conservados e vendidos por intermediários que ganham uma senhora comissão. Devido ao interesse, reparamos que nesta casa tem uma placa dizendo "Kunst & Antiquitäten" - arte e antiguidade. E aí, a curiosidade se uniu à necessidade. Eu sempre quis ver uma casa dessas por dentro.
Semana passada resolvemos dar uma passada lá pra dar uma olhada e, meio ressabiados, apertamos a campainha. Uma mulher bem simpática veio nos atender. Imediatamente, Amanzor perguntou em inglês por que ela tinha uma bandeira do Brasil no jardim. "I am Brazilian", disse ela. Aí parecia que a gente estava em casa. Com um nome nada brasileiro, Esta nos convidou para entrar e ficar à vontade. Caiu-me o queixo ao ver a casa logo na entrada. Ela foi construída no século 19, foi embaixada do Principado de Mônaco entre outras coisas, é tombada pelo patrimônio histórico e  foi restaurada pela Esta, que está de parabéns porque a casa é uma viagem ao passado. Tudo muito bem montado e bem decorado, além de uma arquitetura linda.
O que mais nos deixou intrigados é que a loja é a casa dela e, como loja, é aberta ao público, exceto os andares de cima, que são privativos ( o que se sabe por ter ao pé da escada um cartaz dizendo "Privat").  Os objetos de arte, móveis, têxteis, livros e antiguidades fazem parte da decoração da casa e o que não tem preço, geralmente é porque não está à venda. Um móvel que nos interessou, além de duas cadeiras do século 19,  foi uma cristaleira de canto que não estava à venda e que tinha vindo de Minas Gerais - fora.de cogitação.
Andando de um lado pro outro, com tanta coisa linda pra ver, o Amanzor se apaixonou por um aparelho de jantar de 49 peças produzido antes da guerra, que estava guardadinho em uma cristaleira na cozinha dela - naquele momento, ela estava assando um bolo com um cheiro delicioso que se espalhava pela casa. Depois de uma pesquisa básica na internet, e ver que valia à pena pagar o preço,  resolvemos comprá-lo, sem nem mesmo ter lugar para colocá-lo. Agora, somos os felizes proprietários de um aparelho de jantar para doze pessoas produzido  antes da Segunda Grande Guerra por uma empresa da Bavária que não existe mais. Espero que ele chegue inteiro ao Brasil. 
Hoje e amanhã, vai haver um "Flohmarkt" - mercado de pulgas - na Villa d'Esta. Vale a pena ir lá nem que seja só pra ver a casa e os objetos à venda. Fiquei pensando como seria inviável uma loja dessas no Brasil. Tantos objetos de valor, objetos pessoais se camuflando entre os que estão à venda, as portas gentilmente abertas ao apertar de uma campainha, livre acesso aos cantos da casa e jardim, seria um prato cheio para o amigo do alheio. E o que mais nos surpreendeu é que tudo isso apresentado por uma brasileira.
Para saber mais sobre a Villa d'Esta, clique aqui.

Coisa de alemão

Uma amiga minha me ligou pra contar uma história que ela vivenciou ontem na H&M - uma rede de lojas tipo  C&A. A loja toda está em promoção "Leve Dois Pague Um". Então, ela pegou dois vestidos de 4,95 euros cada e duas calças jeans de 14,95 euros cada, para a filha dela. Total 19,90 euros. Mas, ao passar pelo caixa, o total foi 29,90 euros. Ela questionou a caixa que disse que a promoção é que não se paga a peça mais barata de duas. Portanto, ela teria que pagar as duas calças e levaria os vestidos de graça. Decorreu-se, então, o seguinte diálogo (versão minha, porque eu não me lembro dos detalhes):

- E se eu só levar os vestidos?
- A senhora paga um e leva o outro de graça.
- E se eu levar só as calças?
- Paga só uma.
- E porque eu não posso fazer isso numa compra só?
- ???? Não pode.
-Então, se eu só levar os vestidos e depois voltar
  pra levar só as calças, não é a mesma coisa?
-??????
- Então, só vou levar os vestidos.

Minha amiga comprou só os vestidos, virou as costas, pegou duas calças e se dirigiu ao outro caixa.
Além de caixa é uma porta! Vai ser incapaz de raciocinar lá na PQP!!!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Episódio 2 - Coisa de grávida que trabalha

Eu  posso dizer que a minha gravidez foi tranquila, mas não posso dizer que o período da minha gravidez foi tranquila, pois ter que acordar cedo, preparar aula e trabalhar de segunda a sábado, às vezes mais de 8 horas por dia, com intervalos raros de 20 minutos entre uma aula e outra, mal tendo tempo para comer não é tranquilidade. Tá, tá, tá, gravidez não é doença, mas ter que ir contra os hormônios e contra a vontade de ficar em casa, de só sair pra ver roupinhas e trecos para receber o bebê, querer dormir e ficar o dia inteiro alisando a barriga não é fácil. Eu não tive os sintomas de alteração de  pressão ( a minha é  super baixa), enjôos e ânsias que muitas pré-mães reclamam. Mas tive dores horríveis no lombo, devido a um problema prévio na coluna, e um sono incapacitante. Com o avanço da gravidez, começaram os problemas de refluxo, mas nada insuportável.  Apesar disso, faltei  três dias somente em 8 meses de gravidez, além de 7 dias corridos devido à licença Gala, pois, depois de 12 anos juntos,  casamos no civil no dia 28 de maio de 2005 e a Lara nasceu no dia 23 de junho.
O que doía mais do que as costas era ter que sair pra trabalhar. A dificuldade para encarar o batente era mais um problema de relacionamento hierárquico, que se concretizou em 3 situações graves para uma  Arlete grávida que desde que nasceu fora incapaz de se impor e que sempre colocava o papel de funcionária acima do papel de mulher, grávida e esposa.
A primeira situação foi receber uma carga horária de 32 horas-aula contra as 24 horas  de disponibilidade que eu havia apresentado. Ao pedir que ela fosse reduzida, ouvi da gerência, aos gritos, que, se eu não aceitasse, algumas "questõezinhas" em relação a minha pessoa seriam revistas (ãh?). Era hora de eu me levantar e dizer "então, reveja as questõezinhas e depois fale comigo, pois não vou aceitar da forma como está". Afinal, mandar embora ela não podia mesmo. Mas a babaca aqui, enfiou o rabo no meio das pernas e engoliu a carga horária com farinha. Dentro dessa carga horária de 32 horas (sem contar o tempo para preparação das aulas, atendimento de alunos e pais de alunos, correção de provas, lançamento de notas, aulas de reforço, testes de entrada, atendimento na recepção e  treinamentos), havia sequências de aulas com, por exemplo, uma aula que terminava às 20h em um prédio e outra que começava âs 20h em outro prédio. Eu fui a primeira grávida capaz de se teletransportar  e ainda mais carregando malas. Foi preciso a intervenção de uma professora mais antiga e amiga da chefona para resolver a questão.
A segunda situação foi a seguinte: por volta do sexto mês, tive uma dor intensa na barriga durante a primeira de 4 aulas de um dado dia. Fui até a gerência para pedir para ir para o hospital e o que ela me disse foi: "Ah, você vai ter que dar a próxima aula, porque eu não tenho ninguém para te substituir." E a babaca aqui, mais uma vez, enfiou o rabinho entre as pernas e foi chorando para a sala dos professores. Fui salva pela minha querida amiga, Pat Nero, que disse que estaria livre depois das 5 da tarde ( eram 4 horas) e que assumiria meus grupos até o fim do dia. Voltei para a sala e dei aula até 5 horas e depois sai ( não correndo, porque não conseguia) para o hospital. A dor não era relacionada com a gravidez, mas sim muscular. Mas e se fosse sério?
Terceira situação. A gota d"agua foi meu xixi. Eu sempre fui muito mijona sem nem mesmo estar grávida. No oitavo mês, com uma barriga enoooorme, tinha muita vontade de ir tirar água do joelho. Maaaaas, fui proibida pela gerência de sair para fazer xixi durante a aula. Segundo ela, houve reclamações de um grupo de alunos adolescentes (me poupe, o que adolescente mais gosta é de professor fora da sala de aula). Ela disse que eu tinha os intervalos para ir ao banheiro e que um professor nunca deveria sair da sala de aula.
Durante toda a minha gravidez, eu tive acompanhamento de uma psiquiatra, que quando eu contava esses causos para ela, ela insistia em me afastar e eu dizia que não, que ao me afastar, quando retornasse teria mais trabalho. Nessa última situação, ela disse que se eu não aceitasse um afastamento de 15 dias - que venceria exatamente no dia do início da minha licença Gala de 7 dias -  eu não precisaria mais retornar ao consultório dela, pois ela não mais me atenderia. Ao menos uma vez não fui babaca e aceitei a oferta. No mesmo dia conversei com o Dr. Marcelo que disse que me afastaria após o fim da licença Gala até o parto devido a questões diretamente relacionadas com a minha gravidez. Ou seja, eu não retornaria a ver a cara da dona de engenho e de sua capataz ( a assistente da gerência) nos próximos 6 meses!
Ao chegar em casa, aguardei o Amanzor chegar do trabalho para poder ligar para a gerente e dar a notícia. Quem teve o parto foi ela. Ela teve um ataque do outro lado da linha, dizendo que eu não tinha o direito de fazer isso com ela. Eu sugeri que uma amiga, que estava prestes a retornar da licença maternidade, assumisse as aulas e ela gritava dizendo que não era eu quem decidia. Eu disse: ´'É verdade. A gerente é você. Você tem que dar a solução para o problema.Muito obrigada, tenho que desligar." Mulher com bebê na barriga arranja forças das entranhas. E mulher com poder  pensa que tem o rei na barriga!
Continua...

Episódio 1 - Coisa de mulher

Em 2003, quando estava com 35 anos e trabalhava praticamente em pé o dia inteiro dando aula de inglês, devido às dores constantes que sentia na coluna lombar, meu ginecologista na época - a quem agradeço até hoje pela capacidade técnica de ver além do que os olhos veem e não achar que uma dor nas costas é puro problema ortopédico - decidiu pedir um exame para ver se eu não estava com endometriose, apesar de eu não ter nenhum outro sintoma da doença (que sentença longa!).
O exame CA125 confirmou a sua suspeita. Mas era necessário ter um diagnóstico preciso que só se pode ter com uma videolaparoscopia, uma cirurgia que ao mesmo tempo que diagnostica trata o que for encontrado. Mas ele não fazia esse tipo de procedimento e então me indicou o meu atual gineco, Dr. Marcelo Afonso Gonçalves, da Clinnique.  Queridíssimo e competentíssimo, fez minha cirurgia parecer um passeio na beira do Reno (que eu ainda nem pensava em conhecer), cirurgia essa que a babaca aqui, preocupada primeiro com suas obrigações profissionais, fez questão de fazer no periodo de férias em plena época de festas de final de ano.
A recuperação foi excelente e Dr. Marcelo me disse que para evitar que a endometriose voltasse eu teria que ou engravidar ou tomar uma injeção por mês por um periodo máximo de 6 meses para evitar menstruar. Seria como um test drive da menopausa. Até então, a nossa idéia era não ter filhos.
Antes de saber da existência da endometriose, uma doença que reduz demasiadamente a capacidade de se engravidar, a opção de ter ou não filhos era nossa, mas, depois dela, o risco de não poder engravidar era algo fora do nosso controle. Eu tinha medo, não de ser mãe, mas do processo de gravidez e parto. Protelamos então pelo tempo possível, 6 meses,  6 injeções mensais, que custavam cada uma um quinto do meu salário. Estávamos comprando nosso apartamento e iniciamos a reforma. Nesse período, começou-se a amadurecer a idéia de ter um bebê. E tão logo acabaram as injeções, começamos a "brincar" de forma sistematizada, o que foi necessário só no primeiro mês. Com um dia de atraso na menstruação, decidi fazer o teste de farmácia e deu positivo. A primeira pessoa a saber não foi o Amanzor, foi minha querida diarista, a Fátima, que estava em casa naquele dia. Se não fosse ela, ali ao vivo, eu teria ficado muito frustrada de não ter ninguém para abraçar num momento de tanta felicidade. Liguei para o Amanzor e depois para o Dr. Marcelo, que ficou surpreso de ter dado positivo com um único dia de atraso. Ao confirmar a gravidez, ele disse que eu era caso de literatura médica, pois raramente uma mulher com endometriose ou  que tenha passado por videolaparoscopia para tratar o problema engravida com tanta rapidez.
Continua....

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dia de quem?

Domingo passado foi dia da mães. A Lara trouxe uma xícara cheia de joaninhas que ela fez com o polegar. Amanhã é dia dos pais. Ela não trouxe nada. Não sei o que acontece no kindergarten dela. Sexismo, falta de tempo, esquecimento? De qualquer forma, amanhã é feriado de Ascensão de Cristo por aqui também e quem vai dormir até tarde soy Jo. Pai tem que participar.
Aqui o post do ano passado sobre o tópico.

Em manutenção

A dona do site, euzinha, está em manutenção por tempo indeterminado. Voltará assim que concluir o upgrade mas bem antes do download.

Beijos

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bonnba!!!!

Encontrada hoje em Poppelsdorf, em uma área atrás do Mensa, como é conhecido o bandejão da Universidade de Bonn, uma bomba de 500 kg da Segunda Guerra. No momento, o corpo de Bombeiros e pessoal especializado estão tentando desativá-la (se é que ainda está ativa). Bem que dizem que a comida do Mensa é uma bomba. Tá todo mundo evacuando e se cag..ndo. Já pensou se a coisa explode?

Fidelidade

O marido de uma amiga alemã é representante comercial da Kraft foods e ela estava comentando que não aguenta mais o porão dela todo lilás dos produtos da Milka. Além do mais, o marido não admite que ela compre qualquer outro produto de marcas concorrentes. Quando veio aqui em casa, ela comeu um patê de queijo com especiarias e disse que era melhor do que o Philadelphia da Kraft. Ela comprou e escondeu no fundo da geladeira para o marido não achar, pois uma outra vez ele fez um escândalo porque ela comprou um chocolate, que ela adora, de uma marca concorrente. 
Um dia desses, fui levar o Amanzor até o trabalho e caí na gargalhada quando vi um caminhão da UPS parando em frente ao prédio da DHL para fazer uma entrega (pena que estava sem a càmera). Ele disse que não foi a primeira vez e que isso já deu pano pra manga. O Presidente disse que é inadmissível que funcionários façam uso dos serviços da concorrente. Mas muitas vezes a escolha de quem faz a entrega não é do comprador e sim do fornecedor. De qualquer forma, o funcionário-comprador, na dúvida de quem presta o serviço, não deveria pedir para que a mercadoria fosse despachada para seu endereço comercial. Eu acho que o presidente está certo. Seria muito chato a UPS fazer uma campanha com uma foto de um de seus carros fazendo entrega em um prédio da DHL. Entre quatro paredes é outra coisa, pois encontrar  produtos da Ferreiro Roche dentro da geladeira da família de um representante da Kraft é um evento mais íntimo e natural. 
Ser infiel pode minar um relacionamento pessoal ou profissional e é sinal  de que alguma coisa está errada , deixando a desejar ou é pura sacanagem. Mas ser um consumidor infiel nem tanto. Afinal, como consumidores, temos o dever e o direito de experimentar e  decidir pelo que melhor nos satisfaz, fazendo até com que o fornecedor reveja seus produtos/conceitos/atitudes e busque melhorar o produto/serviço pra satisfazer e trazer de volta seus clientes - o que não é má idéia de se fazer no pessoal também.
Nos casos acima,  assim como num caso de infidelidade,  o problema maior está sempre na descoberta. Trazer a prova do crime pra porta ou pra dentro de casa/empresa é querer chamar o parceiro/empregador pra briga. Isso pode dar uma  cara feia, uma discussão mais feia ainda, uma advertência desnecessária, uma  simples dor de cabeça e, na maioria das vezes, um belo pé no traseiro. E aí a merda tá feita.

sábado, 1 de maio de 2010

Reno em chamas

Hoje é dia de Rhein in Flammen, um evento anual que leva muita gente para a beira do Reno. Os barcos, todos enfeitados com luzes, descem o rio lotados de gente e, na beira, as pessoas soltam fogos, acendem fogueiras ou tochas e  se esbaldam nas barraquinhas de cerveja e salsichões. Hoje, o cortejo sai de Linz e vai até o Rheinaue Park, onde normalmente acontece uma grande queima de fogos de artifício. Vamos curtir a festa aqui da varanda. 

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