segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ficken à vontade, tem Puff pra todo mundo

Em se tratando de aprender a língua alemã, eu sou uma pessoa extremamente indisciplinada. Em vez de cair de fuça nos estudos, eu fico prestando atenção nas peculiaridades da língua, principalmente naquilo que me faz rir. Acho que é uma forma de achar graça de algo super sério que é a dificuldade de aprender essa língua maldita e, por mim, mal falada. 
Há um tempo atrás, escrevi estes posts aqui e aqui e ontem, depois de passar a tarde inteira no Spielplatz com amigas e filhos aproveitando o dia liiiindo de outono, fomos até um restaurante tomar um Kakao. Este restaurante é antigo (vale a pena dar uma olhada no link aí em cima) e mantem seu cardápio em dialeto Rheinisch, ou seja, da região do Reno. Não tive como não querer tirar uma foto do cardápio e não tive como deixar de escrever este post. 
Estávamos sentadas em um puxadim naqueles dois olhim pretim ali.

Aliás, ao perguntar como se fala a primeira parte da palavra em alemão, fiquei sabendo que é ficken. E se você falar que está cansado e vai passar o dia no Puff (= bordel, entre outros significados) um alemão pode achar que a última coisa que você vai fazer é descansar. E se, pra chegar no Puff,  você passa de Rola (pronúnica da palavra Roller = patinete),por uma rua que fica numa área rural aqui perto de casa chamada Fuderbachsweg, você vai ver um montão de Kuh (= vaca), mas, por incrível que pareça, Puten(= peru) não. 
Bem que meu marido diz que "mente vazia é oficina do demo".

Ok, combinado - nos emcontramos às seis.
Super. Fico feliz. Nos encontramos pra sexo!
Mas também não sou a única que tem mente suja.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Cartão Azul pra você aqui ó!

Chegamos em Bonn em janeiro de 2006. Lara tinha somente 7 meses. Viemos para ficar 3 anos prorrogáveis por mais dois, como expatriados. Já estamos há quase 7 e meu marido tem um contrato local, o que significa regras e leis trabalhistas alemãs que protegem o trabalhador.  Não e necessário dizer que gostamos de morar aqui. Como somos ambos brasileiros, é claro pra nós que retornaremos ao Brasil, só não sabemos quando. Não dá pra largar o certo pelo incerto. Voltar ao Brasil sem trabalho garantido ou com salário não satisfatório, tendo que pagar escola, medicamentos e vacinas pras crianças,  plano de saúde pra todos, não dá. Sem falar que aqui recebemos Kindergeld.

Quando chegamos aqui, recebemos um Aufenthaltstitel/erlaubnis - permissão de residência não definitiva. Ela tinha que ser renovada de dois em dois anos ou quando nossos passaportes vencessem, caso vencessem antes dos dois anos. Essa renovação é custosa: 40 euros para cada criança e oitenta para cada adulto e este ano tivemos que pagar essa taxa duas vezes, devido aos passaportes terem datas de validade desencontradas.
Por sermos ambos estrangeiros não-europeus, depois de :
  • cinco anos morando aqui
  • tendo um contrato de trabalho local com tempo indeterminado, 
  • Certificado do teste B1 de  língua alemã 
  • ou conhecimento equivalente comprovado pelo funcionário do Auslanderamt,

poderíamos dar entrada no Niederlassungserlaubnis - permissão de residência permanente. Esse tipo de visto requer a renovação somente quando o passaporte tem que ser renovado e não a cada dois anos, o que  nos faria economizar uns trocos.  Em nossa última visita ao Ausländeramt - Departamento de Estrangeiros da prefeitura - o lesado do atendente disse que, mesmo eu não tendo o certificado, devido ao meu conhecimento da língua, ele até me daria o Niederlassungserlaubnis, mas, como meus filhos, eu estou atrelada ao visto do meu marido e ele não fala alemão o suficiente para ter o visto alterado (não fala e não tem necessidade de falar já que no departamento dele, se tiver dois alemães é muito e toda conversa se faz em inglês. O alemão que ele tem é o suficiente para ele se virar no dia a dia e ele optou por ter tempo com a familia em vez de ter aulas de alemão nas horas vagas e, antes que alguém critique a situação dele, essa é uma opção pessoal e nenhum orgão oficial exigiu legalmente que ele falasse alemão pra assumir uma função profissional ou sequer pra morar aqui).

Bem, em setembro nossos vistos expirariam e tivemos que marcar um horário no Ausländeramt. Fiz isso via internet e já informei ao funcionário que queria obter informação sobre o Niederlassungserlaubnis e o Blaue Karte.

Blaue Karte

Desde 01 de agosto de 2012, a Alemanha se adequou a lei de estrangeiros da União Européia e instituiu o Cartão Azul (como o Green Card, só que azul). Informações mais detalhadas sobre o Blaue Karte encontram-se aqui ou aqui, ou aqui ou aqui  , mas em resumo:
  •  é um visto de 4 anos -mais longo do que o Aufenthaltserlaubnis - ou até a validade do passaporte, renovável  pelo tempo restante
  • para profissionais altamente qualificados 
  • que falem ou não alemão
  • e que já ganham ou venham a ganhar, no mínimo, 44.800 euros por ano. 
  • Para  cientistas, matemáticos, engenheiros, médicos e profissionais de TI, este valor mínimo cai para 34.944 euros.
  • Após 33 meses, o detentor do Blaue Karte que continua não falando alemão tem direito ao Niederlassungserlaubnis.
  • Este tempo cai para 21 meses, se o detentor do Blaue Karte comprovar conhecimento em alemão ou apresentar o certificado B1.
  • A família vai de embrulho (Ueba!)
Então, o negócio e tirar proveito do que o país nos oferece. Chegamos no Ausländeramt e o funcionário (pasmem!) já estava com todo o nosso processo encaminhado. Já foi nos informando que o meu marido receberia o  Blaue Karte. Como eu conversei o tempo todo em alemão, ele já foi dizendo que eu poderia dar entrada no meu Niederlassungserlaubnis, para isso bastava apresentar um documento que é pedido para a cidadania mas que agora também está sendo pedido pra Niederlassungserlaubnis que é o certificado do Einburgerungstest.

Einburgerungstest

É um teste que consiste de 33 questões de múltipla escolha sobre política, economia, leis, cultura e conhecimentos gerais sobre a Alemanha. Se você acerta 17 questões, você passa no teste e recebe um certificado. Você pode estudar por aqui. Pra que serve?
Se você é estrangeiro de país não pertencente a União Européia, não tem vínculo familiar com um cidadão alemão e com conhecimento comprovado da língua, após  8 anos de residência na Alemanha, você tem direito a dar entrada na cidadania alemã, com todos os direitos e deveres de um cidadão alemão. Nós, brasileiros, não perdemos nossa cidadania brasileira, portanto, passamos a ter dupla cidadania (informações extras sobre a não perda da cidadania brasileira, nos comentários). Se você frequentou o curso de integração e orientação oferecido pelo governo alemão, este prazo de 8 anos cai para 7 e, se você tem vinculos familiares, este prazo cai para 3 anos.

Eu fiquei feliz de saber que posso fazer um processo separado, mas como não pretendo ficar aqui sem meu marido e meus filhos, disse que gostaria de continuar atrelada ao visto do meu marido. Sem problemas! Posso dar entrada no meu Niederlassungserlaubnis a qualquer tempo e a partir de janeiro de 2014, na cidadania, com direito a passaporte e tudo!

Portanto, pra críticas de muitos estrangeiros que acham que quem não fala a língua fluentemente não merece ter a cidadania do país em questão ou para os neo-nazis de plantão, somos os detentores de um cartão azul que, a partir de janeiro de 2014, poderá passar a ser um cartão de cidadão ou, o mais tardar daqui a 33 meses, poderá ser um visto definitivo. Se a lei diz que podemos, quem dirá que não?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Me vende um rolo?


Eu nunca fui de usar cosméticos ou produtos de higiene pessoal em geral que fossem caros e/ou importados. Nunca me importei com marcas (por isso que as marcas na minha cara não negam a idade). Mas desde que chegamos na Alemanha, há quase 7 anos, toda vez que eu quero/preciso comparar o custo de vida no Brasil e aqui  ou o quanto variou lá e cá nesse período, eu utilizo como critério o shampoo que eu usava no Brasil e continuei usando aqui, o popular Garnier Fructis. Em São Paulo, hoje, paga-se em média  2 reais por 100ml do produto e em Bonn, paga-se 1,95 REAIS ( 0,80 euros). Mas, considerando que  não tem frascos de só 100ml e se esquecermos as moedas e as taxas de conversão e pensarmos no valor facial do produto, aí tudo muda de figura.
Vamos aos facts and figures.  Se a Maria ganha 5000 dindin numa empresa de São Paulo e a Helga ganha 5000 dindin numa empresa em Bonn e elas usam o mesmo shampoo, Maria paga 6 dindins por um frasco de 300 ml em SP e a Helga paga 2,40 dindin pelo mesmo frasco em Bonn. Portanto, Maria usa 0,12% do salário mensal pra comprar o shampoo e Helga, 0,05%, menos da metade do que Maria gasta.

Agora, quando falamos de papel higiênico, a discrepância é ainda maior.

Em Bonn, os pacotes vem com 10 rolos e não é medido em metros, mas em folhas picotadas que tem, no mínimo, 3 camadas. Eu considero a qualidade dos produtos mais baratos, vendidos nas redes populares de supermercado - Lidl e Aldi - excelente. Eles vem todos desenhadinhos com nuvenzinhas e estrelinhas ou com decalques monocromáticos, frufrus demais para o fim a que se reservam, mas, se não se paga mais por isso, que mal há?

Um pacote destes, com 10 rolos,  custa 2,75 euros = 6,88 reais.

Na minha opinião, nem o Neve, considerado o papel higiênico de melhor qualidade e mais caro do Brasil, não chega aos pés deste em termos de textura e eficiência.


Um pacote de Neve com 8 rolos custa uns 13 reais.
Um pacote com 10 rolos custaria 16,25 reais = 6,50 euros.

Portanto, Maria paga em SP, o equivalente a 0,32% do seu salário mensal pra limpar o bunda e Helga paga 0,06% para limpar a A-A do Popo. Ou seja, em SP, KH ou mejah  custa 5 vezes mais do que em Bonn.

Estes são dois produtos básicos. É certo que existem produtos aqui que só são produzidos no exterior e, portanto, são mais caros se comparados com os do Brasil, incluindo-se aí alimentos básicos. Por exemplo, Meio quilo de arroz Basmati produzido na India = 3 euros. 1kg de laranja produzido na Espanha = 2,49 euros = 6,22 reais, o dobro do preço do Brasil, mas com 2 laranjas você enche um copo. 

Bom, eu resolvi falar sobre este assunto porque, hoje, quando estava colocando as compras no porta-malas do carro, passou um senhor e me perguntou se eu venderia um rolo de papel higiênico pra ele, pois ele havia se esquecido de comprar. Eu achei a abordagem engraçada e inesperada e pensei no sufoco dele quando visse que não tinha mais papel higiênico e não tivesse um Alfredo pra chamar. Só quem já passou por isso sabe do que eu estou falando. Simplesmente dei o rolo pra ele. 28 centavos não me deixariam mais pobre.

Por falar em limpar o traseiro, eu poderia dividir minha vida em antes e depois de conhecer os lenços umedecidos. Eu não sei como eu vivi sem eles até anos atrás (sem duplo sentido). Acho que era o preço. Em SP, um pacotinho com míseros 80 lencinhos bem fininhos e ásperos custa uns 8 reais = 3,20 euros e aqui em Bonn, um pacote gooordo, com lenços bem grossos e macios, custa quatro vezes menos. Depois do Feuchttücher, meu Popo nunca mais foi o mesmo.

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