quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

quaresma

A Lara, apesar de comer bem o que esta acostumada, nao 'e de comer muito ( o que nao 'e de todo ruim) e nem gosta de experimentar. A culpa pode ser minha por ter transmitido essas caracteristicas geneticamente ou, simplesmente, por nao dar o exemplo. Entao, 'e uma luta arrumar a lancheira dela para o kindergarten. Costumo fazer variacoes sobre o mesmo tema e colocar bolachas, frutas secas, castanhas, iogurte, frutas, suco, cenoura. Quando ela chega em casa, checo o que ela comeu. Hoje, arrisquei colocar um pao com Nutella e um danoninho de lanche. Essa mistura nao 'e la tao saudavel, comparado com os pepinos e cenouras que outras criancas costumam levar, mas tambem nao 'e tao estranha pra nos brasileiros quanto salsichas de figado (Leberwurst)ou salaminho puro que outras levam - apesar do danoninho valer por um bifinho.
Bom, o que aconteceu hoje foi que, ao chegar para buscar a Lara, a professora me disse que nao a deixou comer o lanche pois 'e Fastenzeit ( Quaresma) e as criancas nao podem consumir doces ate a Pascoa. E hoje teve aula de ginastica. Ou seja, minha filha so comeu um danoninho e tomou agua.
Escolhemos este kindergarten por ser catolico. As outras opcoes eram o protestante, o internacional ( que custa o olho da cara) e o da prefeitura. Alias, neste kindergarten so aceitaram a Lara depois que fornecemos a certidao de batismo brasileira, devidamente traduzida. Ate ai tudo bem. Tudo bem tambem observar as celebracoes. Teve baile de carnaval(estranho), e ontem teve missa de quarta feira de cinzas, na qual as criancas receberam a cruz de cinzas na testa. Tudo bem tambem as criancas nao comerem doce nesta epoca do ano, alias nem 'e saudavel. Mas nem pensei que levassem tudo a ferro e fogo. Afinal, a Lara teve que fazer um quase-jejum forcado.
Tem muita coisa ainda por aqui que preciso entender, deglutir, assimilar. Talvez a falha esteja em mim por ser catolica "marca barbante" ( nunca entendi essa expressao)ou por nao ser catolica o suficiente para o padrao alemao ou simplesmente por nao ter sido boa mae. Mas, poxa, nao custava avisar, ne?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

muculmanos

Acabei de ler no site da CNN que o fundador de uma TV dedicada a comunidade muculmana e a mudar a opiniao publica americana em relacao ao islamismo, entregou-se a policia por ter decapitado a esposa, que deu entrada em pedido de divorcio em janeiro.Como ele pretende mudar a mentalidade do povo ocidental em relacao ao Islamismo com uma atitude destas? Este 'e um exemplo do "Faca o que digo, mas nao faca o que faco", ou, como diz meu marido "As palavras educam mas os exemplos arrastam".
Aqui em Bonn, tem um numero bem grande de muculmanos, principalmente em Bad Godesberg, pois no bairro de Pennenfeld se localiza a "King Fahd Academy" uma escola islamica que 'e alvo de investigacao e constante observacao pelas autoridades alemas. O motivo desta observacao nao 'e por mero preconceito, mas porque existe a desconfianca que esta escola abriga filhos de supostos terroristas e radicais islamicos. Alem disso, ela oferece somente uma hora de aula de alemao por semana contra 6 de arabe e 8 de religiao, fazendo pouco pela integracao de seus alunos na sociedade alema. Esta informacao saiu em uma reportagem publicada em 2003 no site do Deustche Welle, intitulada "Authorities to close muslim school in Bonn" que nao deixa de ser atual.
A imprensa internacional tende a desenvolver no ocidente o preconceito contra a religiao, a cultura e os costumes islamicos, atraves de reportagens que mostram o radicalismo religioso do oriente medio que se propaga atraves do terrorismo. Como brasileira, tendo a ser menos preconceituosa do que os alemaes em geral, mas pode ser que com meus exemplos pessoais abaixo, eu ate contribua para este preconceito, mais direcionado as mulheres islamicas.'E nos poucos contatos com essas mulheres, seus maridos e filhos na rua que eu fico com o pe atras sobre como a mulher muculmana 'e tratada e se deixa tratar, indo de encontro a todas as lutas travadas pelas mulheres ocidentais nas ultimas decadas.
As mulheres muculmanas se destacam pelas roupas que vao desde um simples lenco na cabeca ate a burca negra com uma mascara dourada parecida com a da "escrava Anastacia", ou sem nem mesmo os olhos a mostra. No inverno, da ate pra entender. Deve ser aconchegante. Mas em pleno verao de 35 graus, ja 'e meio complicado.
Quando fomos passear no Drachenfels, uma ruina medieval do outro lado do rio, vimos um casal subindo o caminho ingrime ate a ruina. Ate ai, tudo bem. Mas naquele dia o calor estava escaldante e o marido estava de sandalias, bermuda e camiseta e a mulher, de burca negra carregando no colo o filho, que deveria ter uns 4 anos de idade. Ela ainda andava atras do marido e este nem mesmo a ajudou a levar o filho.
Em outro momento, estavamos brincando no parquinho atras da igreja do bairro e havia algumas mulheres de burca negra sentadas na grama enquanto seus filhos brincavam, todos os meninos portavam metralhadoras de brinquedo tao fiel a original que me deu frio na espinha quando ouvi o barulho das supostas rajadas de bala. Certamente, nao estavam brincando de mocinho e bandido, como costumavamos brincar no Brasil, antes do "politicamente e pedagogicamente correto". Qual sera o nome da brincadeira deles agora?
No mesmo dia, a Lara tentou subir no escorregador e um dos meninos bloqueou o caminho dela. Eu falei com ele, ele nem se moveu. Eu chamei o Amanzor e ele falou com o menino em portugues mesmo e entao o menino saiu da frente.
A minha amiga Lais tambem contou que se encontrou no centro da cidade com uma colega do curso de alemao, muculmana nao radical, que estava com umas 5 amigas vestindo burcas. Ela apresentou todas a Lais. E a Lais saiu dali com um grande ponto de interrogacao na cabeca,pensando: "Elas vao me reconhecer na rua, e eu nao vou saber quem 'e quem a nao ser que eu tenha boa memoria para ligar o nome aos sapatos, isso se elas estiverem usando o mesmo sapato".
Em um dos semestres do meu curso de alemao, havia um aluno que era professor da academia citada acima e ele simplesmente ignorava as mulheres durante a aula. Nem mesmo a professora recebia sua atencao. Como a unica pessoa que falava arabe era uma marroquina, dava pra ver o esforco que ele fazia para perguntar as coisas pra ela quando estava perdido, o que geralmente acontecia, pois sempre chegava atrasado e saia mais cedo.
Numa da minhas visitas a ginecologista, subi no elevador com uma mulher de burca e um homem com um camisolao branco. Eles tambem estavam indo para o mesmo consultorio. Dava pra ver que a mulher estava se retorcendo de dor. O homem nao ficou no consultorio e na sala de espera ela pode tirar a burca, pois so havia mulheres. Ela estava toda maquiada e pendurada de joias e continuava com muita dor. Tao logo um homem entrou na sala ela se cobriu toda.
Um libio, colega de classe, me perguntou se eu era casada e me deu um livro chamado " As mulheres no Isla". Encontrei com ele no centro da cidade e ele me perguntou se eu ja havia lido o livro, eu disse que nao. Ele perguntou o por que d'eu ainda nao ter lido e eu dei meus oculos fracos como desculpa. Ai ele disse que eu deveria ir passear na Libia. Ai, ai. Falei pro Amanzor e ele me disse que achava que o cara estava interessado em mim. Pude ver nos olhos do Amanzor que ele estava se perguntando : "Quanto sera que ela vale em camelos?"

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Long way round, long way down

Seguindo a linha da minha colega de Blog, Sandra Santos, resolvi falar sobre uma serie que estou assistindo em DVD. Trata-se do documentario-aventura "Long way round" e sua sequencia "Long way down". Eles sao estrelados pelo famoso ator Ewan McGregor ( Trainspotting, Down with Love, Moulin Rouge, Star Wars) e o nao-tao-famoso Charley Boorman ( nao me perguntem que filmes ele fez). O que me impressiona no filme 'e a capacidade que eles tiveram de, atraves da amizade e amor comum por motocicletas, tornar sonho realidade e ainda ganhar dinheiro com isso.
Fazer do seu trabalho um hobby, ou do seu hobby, uma forma de ganhar seu sustento, ou simplesmente faturar uma bufunfa, deve ser o melhor meio de ganhar a vida. E, infelizmente, isso nao acontece pra todo mundo. Trabalho e prazer aparentemente nao andam de maos dadas. Ter que esperar as ferias chegarem para descansar, ter um pouco de aventura ou conhecer o mundo 'e o que normalmente ocorre, quando ocorre.
Quando decidiram dar a volta ao mundo de moto, saindo de Londres com destino a Nova York (Long way round) e depois resolveram ir da Escocia ate Cape Town, atravessando toda a Africa (Long way down), encararam toda a preparacao - producao, contratacao de pessoal, burocracia para vistos, patrocinio ( com boas puxadas de tapete) treinamentos de sobrevivencia, cursos de primeiros socorros, preparacao fisica - como parte da aventura, sem contar os contratempos e situacoes inesperadas durante os 3 meses de viagem longe da familia. E fizeram dessa aventura um negocio lucrativo.
Foi uma realizacao pessoal, profissional e financeira.
Assistir ao filme como simples passatempo foi divertido, afinal eles sao atores e engracados e o McGregor 'e um colirio para os olhos. No entanto, refletir sobre amizade, cumplicidade, companheirismo, determinacao, viver a vida intensamente e menos passivamente, ter um hobby e paixao pela profissao, me deixou meio down. E nao foi um long way down, nao. Na verdade, pra eu ficar down, foi rapidinho. Principalmente, quando eu me dei conta que ja estava ha 3 horas deitada no sofa comendo um lanchinho basico a uma hora da manha, o que certamente nao 'e um long way pra ficar round.
Foi um tapa com mao de luva de motoqueiro na minha cara.
PS: A trilha sonora 'e uma delicia.



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Lara na beira do Reno

Ai esta o link para o meu livro.
By ARLETE SOFFIATTI

Invasoes em domicilios

Estou pasmada com o numero de arrombamentos que aconteceram na minha rua nos ultimos 50 dias. Foram tres, que eu saiba. E olha que eu nao conheco muita gente ainda. Eles entram pela janela ou pela porta do terraco ou ate mesmo pela porta da frente do predio com ajuda de um cartao de credito, segundo os policiais, ou, como os predios daqui nao tem porteiros, basta os bandidos apertarem a campainha que alguem abre sem saber quem 'e. Por isso, no meu predio, decidimos manter a porta principal fechada com chave, o que faz com que tenhamos que descer para abrir a porta para quem conhecemos ou para entregas e servicos. O que acontece 'e que tem alguns vizinhos que nao concordam com a ideia, pois dizem que no caso de incendio eles tem que ter acesso facil a saida, alem do tal direito de ir e vir ( parece coisa de americano). Mas esquecem que a chave que vao usar para abrir a porta do apartamento pra sair numa emergencia tambem abre a porta principal. Isso 'e algo que eu nao consigo entender: cada apartamento tem a sua chave, todas abrem a porta principal, mas um vizinho nao consegue abrir a porta do outro. E ai, vem um ladrao e abre a porta com um cartao. Isso da ate slogan de cartao de credito : "O cartao que abre muitas portas". hahaha

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