Nao vivo pra trabalhar
Trabalho pra ter dinheiro
pra viver por inteiro
pra poder viajar.
Posso até ficar em casa
Levantar e ir pra lida
Sonhar que vôo, navego
Sem sentir o peso da vida.
E na beira do rio Reno
Molhar os pés, acordar
Lembrar que o que é terreno
Nao vai pro lado de lá.
Posso em sonho ir à Florença
Criar na cabeça um roteiro
Uruguai, Guatemala
Ceará, Rio de Janeiro.
Prefiro andar por Recife
Ver prédios em Singapura
a usar roupas de grife
pois revelam a gordura.
Passear por toda a França
Sem Dior, em roupa brega
a ter grana na poupança
e nao ter ido à Noruega.
Nao sucumbo à ditadura
da fita métrica, suástica
da aparência nada pura
Da dieta superdrástica .
Odeio fazer ginástica
Isso pra mim é tortura
Nem pensar em fazer plástica
Virar múmia em atadura.
Melhor é ir à Veneza,
Ou então para Paris,
Do que cuidar da beleza
E ter uma cicatriz.
Pode não ser caso de exclusão
Mas nao nasci em berço de ouro
Tenho o meu pé no chão
Mato por dia um touro.
(Ao menos nao é na esquina
De Bangkok ou Milão).
Se ver a vida por outro prisma
Pode evitar um AVC,
Proteger o coração
Ou curar um aneurisma,
Eu conto com você
E pode contar comigo
Para acharmos um abrigo
Quando na Índia, no verão,
em seus campos de trigo,
Descobrir o que é Monção.
Agora,
Se me convidar para um Spa
Vou recusar na hora
Vou ter que dizer não.
Pra mim, Spa nao é hotel
É campo de concentração.
Não comer pra ficar esbelta
Menos sal pra pressão alta
Menos açúcar pra diabete
Credo!
Vou descansar em Malta
Ou até meditar no Tibete.
Se falam da minha barriga
Isso, pra mim, é o limite
Nao sou de comprar briga
Nao gosto de dar palpite.
Sou calma, muito tranquila
Mas meu ouvido nao é penico
Encho a cara com tequila
Ou cuba libre em Puerto Rico.
E, se a mesma mão que afaga,
As minhas costas, apunhala
Vou fazer turismo em Praga,
Ou na minha terra querida.
Pros confins da Guatemala
Vou voando curar a ferida.
Quando perco a paciência,
Corro arrumar a mochila
Posso ir para Valência
Ou ver alguém em Manila.
Talvez ir até Londres
Visitar um montão de museus
Conhecimento ou experiência
Nao doi nem nunca doeu.
O que os olhos veem
Ninguém nunca nos toma
Pensando bem, eu tenho boca
E quem tem boca vai à Roma.
Nao me preocupo com alopécia
Com rugas cravadas na testa
ou mesmo cabelo branco
Vou sim conhecer a Grécia
Mijas e seu Pueblo Blanco
(Talvez até vá pra Holanda
Aprender a andar de tamanco)
Bom é andar bem cedo
Na orla quente da Bahia
E não ter receio ou medo
De estar entrando numa fria.
E nas dunas de Floripa,
Escorregar só de chinelo
E, de tanga, soltar pipa
Pintada de verde e amarelo.
Fazer topless na Espanha
Me sentir Brigite Bardot,
Nas areias da Bretanha
Comer muito escargot.
Com minha flacidez e rugas
Das quais tenho muito orgulho
E não morro de vergonha
Nadar com as tartarugas
Dar barrigada em mergulho
Em Fernando de Noronha.
Se estou com pena de mim
Nao conto quantas calorias
Nem penso no efeito sanfona.
Logo penso no Eisbein de Berlim,
No pãozinho da Normandia,
Nos churros de Barcelona.
Se ter estrias no peito
Para algumas, é um mito
Para outras, um grande defeito
Pra mim é lembrar do dia
Quando, pros lados do Egito,
Não sei bem se em Alexandria,
Com medo, andei de camelo.
Como nao depilei as pernas
Foi assim, pelo no pelo.
Cansada de não fazer nada
Logo penso em Alhambra
Viajar para Granada
Andar até dar câimbra.
Passear em lombo de burro
Ou só mesmo bater pernas
São coisas pra se fazer
Nas vielas de Marbella.
Andar pelas tavernas
Nas vilas da Andaluzia
Comer um prato de tapas
Beber uma boa sangria
Depois de tanto andar
Correr as mãos nas celulites
que povoam os montes de trás
Ao ver que ainda estão lá,
Lembrar dos estalagtites
Das cavernas do Paraná.
Quando for à Portugal,
Nas ruas íngremes de Lisboa
Comer um bom bacalhau
Descansar, ficar à toa
E nas praias do Algarve
Ir à Ponta da Piedade
E não achar que é grave
Se vier a sentir a idade.
Pela estrada do litoral
Chegar em Sagres e Milfontes
E cansada da capital
Me esconder em Trás dos Montes.
E falando na ex-metrópole
Penso logo no Brasil
Afinal é minha terra
Assim, meio bagunçada
Diferente da Inglaterra
Onde nao tenho ninguém
E também nao tenho nada.
Mas tudo é ponto de vista
de turista ou morador
Afinal, Brasil tem de tudo
E cada um tem seu valor.
Pode ser santo ou vigarista
Careca ou muito barbudo
Metalúrgico- presidente
Bandido-vereador
Inclusive ser artista
Nas ruas de Salvador.
Mas não tem tanque nas ruas
Muito menos terrorista
Talvez um ou outro neo-nazista
No sudeste ou Porto Alegre
No Rio de Janeiro, traficante
Em São Bernardo, petista e greve.
A gente podia ter pior sorte
E estar no meio de um fuá
Mas ele está bem mais pro norte
Lá pras terras dos EUA.
Quem gosta de viajar
Nao é mero inconsequente
Por jogar tudo pro alto
Ou deixar tudo pra trás,
Ele só faz por pé e mente
Onde o coração sente
Que casa é onde se está.
Se depois de ler tudo isso,
Você me mandar às favas
Vou com o maior prazer
Se for perto de Caçapava,
Só vou se for de carona
De trem acho que nao dá.
Será que é perto de Verona?
Tenho um tio que mora por lá!
copiraiti 2009
Relatos, crônicas e divagações sobre a vida na cidade de Bonn, Alemanha e, desde julho de 2013, também sobre a vida em Curitiba.
domingo, 31 de maio de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Maibaum - Árvore de Maio
Em Rheinland, no primeiro dia do mês de maio, os garotos demonstram o seu amor por uma garota ou namorada - diga-se de passagem, maior de 16 anos - amarrando um galho bem alto na calçada ou no quintal da casa dela, de preferência de forma que chegue à janela do quarto da dita cuja. Este galho é decorado com fitas de papel crepon ou seda e um coração com o nome da amada, e só pode ser retirado no último dia do mês.
O tipo de árvore utilizada normalmente é a "Bétula" ou "Vidoeiro", em alemão, "Birke", típica do hemisfério norte e o diabo em forma de árvore para quem tem alergia, pois solta um pó verde danado que deixa qualquer alérgico com cara de drogado.
O tipo de árvore utilizada normalmente é a "Bétula" ou "Vidoeiro", em alemão, "Birke", típica do hemisfério norte e o diabo em forma de árvore para quem tem alergia, pois solta um pó verde danado que deixa qualquer alérgico com cara de drogado.
Esta tradição tem muitas variantes. Ela pode ter um caráter mais comunitário, quando uma Maibaum é erguida no centro da vila, além da versão mais pessoal. Pessoal, modo de dizer, porque demonstração de amor mais pública, impossível. Impossível não, porque eu ja vi coisa muuuuuito mais explícita do que isso.
Em anos bissextos, as garotas também podem colocar um galho enfeitado na cabeça, digo, na casa do querido. É uma tradição interessante e é bonito de se ver quando elas são bem feitas, porque, convenhamos, tem umas que parecem mais demonstração de odio.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Dia de Mae X Dia de Pai ="que nem que no Brasil"
Aqui na Alemanha, o dia das mães é celebrado no segundo domingo de maio, igualzinho no Brasil. Existe toda uma preparação, as lojas ficam abarrotadas de presentes, os mercados preparam comidas especiais, mesas em restaurantes têm que ser reservadas com antecedência, muita propaganda e chamariz, igualzinho no Brasil. No dia, a família se reune, sai para comer fora e tirar a mãe da cozinha ou resolvem visitar a mutty ou a oma e comer sua comida. E aí nem no seu dia ela sai da cozinha, igualzinho no Brasil.
Agora, o dia dos pais ( pelo menos em Nordrhein Westfalen). Hoje, feriado, eu e a Lara levantamos e deixamos o papai dormir até mais tarde. Depois fomos almoçar do outro lado do rio, em Koenigswinter, para EU nao ter que ir pra cozinha. A cidade estava lotada. Começamos a reparar que tinha muito homem junto, muitos abraçados e muitos até fantasiados. Primeiro, achamos que era algum congresso gay. Depois, um bando entrou no restaurante e vimos que estavam mais para Hooligans, mas nao temos conhecimento de nenhum estadio de futebol ou campinho de pelada por aquelas bandas.
Enquanto eu estava no banheiro, o Amanzor arriscou perguntar, mas nao entendeu nada porque o cara só falava alemão. Na fila do sorvete, descobrimos que eles estavam todos num cruzeiro no rio Reno vindo de Dusseldorf e Colônia, numa espécie de "rave" fluvial, e que já tinham enchido a cara até, sendo que nem era uma da tarde. O Amanzor perguntou se celebravam alguma coisa especial e simplesmente disseram que estavam comemorando o dia dos pais. Eu logo pensei: eu acho que quiseram dizer que estavam aproveitando o feriado de Acesão de Cristo, digo, Ascensão de Cristo (Himmelfahrt).
Quando voltamos para casa, encontramos a nossa vizinha brasileira, casada com alemão, e conversa vai, conversa vem, ela tocou no assunto do dia dos pais e perguntou se o Amanzor tinha saído. Estranhei a pergunta e ela disse que aqui o dia dos pais é de fato o "dia do Homem", todos saem para celebrar com os amigos e os pais estao liberados para cair na gandaia enquanto a mãe fica em casa cuidando das crianças, igualzinho no Brasil. Nada de presente, almoço em familia, lojas entupidas, compras de última hora ou restaurantes lotados, igualzinho no Brazil.
Como a conversa estava boa, a hora da janta foi chegando e o Amanzor foi pra cozinha preparar o jantar da Lara. Abre parênteses, eu e o Amanzor perdemos o habito de jantar, só tomamos um lanche. Esse costume daqui a gente já assimilou, ou melhor, eu tipo que forcei a assimilação pra não passar o dia inteiro na cozinha, fecha parênteses. A minha vizinha admirou. Eu disse que aqui em casa, dia dos pais é "dia do pai". Dia do pai fazer comida, dia do pai dar banho, dia do pai brincar, dia do pai por pra dormir, dia do pai lavar a louça e dia do pai ser marido. Ouvi um grito lá da cozinha que esta foi a última vez.
Bom, era melhor ter ficado na ignorância. Mas como quem veste as carça nesta casa sou eu, no ano que vem, o dia das mães e dos pais vão continuar sendo iguarzinho que nem que no Brasil . Até parece!
Agora, o dia dos pais ( pelo menos em Nordrhein Westfalen). Hoje, feriado, eu e a Lara levantamos e deixamos o papai dormir até mais tarde. Depois fomos almoçar do outro lado do rio, em Koenigswinter, para EU nao ter que ir pra cozinha. A cidade estava lotada. Começamos a reparar que tinha muito homem junto, muitos abraçados e muitos até fantasiados. Primeiro, achamos que era algum congresso gay. Depois, um bando entrou no restaurante e vimos que estavam mais para Hooligans, mas nao temos conhecimento de nenhum estadio de futebol ou campinho de pelada por aquelas bandas.
Enquanto eu estava no banheiro, o Amanzor arriscou perguntar, mas nao entendeu nada porque o cara só falava alemão. Na fila do sorvete, descobrimos que eles estavam todos num cruzeiro no rio Reno vindo de Dusseldorf e Colônia, numa espécie de "rave" fluvial, e que já tinham enchido a cara até, sendo que nem era uma da tarde. O Amanzor perguntou se celebravam alguma coisa especial e simplesmente disseram que estavam comemorando o dia dos pais. Eu logo pensei: eu acho que quiseram dizer que estavam aproveitando o feriado de Acesão de Cristo, digo, Ascensão de Cristo (Himmelfahrt).
Quando voltamos para casa, encontramos a nossa vizinha brasileira, casada com alemão, e conversa vai, conversa vem, ela tocou no assunto do dia dos pais e perguntou se o Amanzor tinha saído. Estranhei a pergunta e ela disse que aqui o dia dos pais é de fato o "dia do Homem", todos saem para celebrar com os amigos e os pais estao liberados para cair na gandaia enquanto a mãe fica em casa cuidando das crianças, igualzinho no Brasil. Nada de presente, almoço em familia, lojas entupidas, compras de última hora ou restaurantes lotados, igualzinho no Brazil.
Como a conversa estava boa, a hora da janta foi chegando e o Amanzor foi pra cozinha preparar o jantar da Lara. Abre parênteses, eu e o Amanzor perdemos o habito de jantar, só tomamos um lanche. Esse costume daqui a gente já assimilou, ou melhor, eu tipo que forcei a assimilação pra não passar o dia inteiro na cozinha, fecha parênteses. A minha vizinha admirou. Eu disse que aqui em casa, dia dos pais é "dia do pai". Dia do pai fazer comida, dia do pai dar banho, dia do pai brincar, dia do pai por pra dormir, dia do pai lavar a louça e dia do pai ser marido. Ouvi um grito lá da cozinha que esta foi a última vez.
Bom, era melhor ter ficado na ignorância. Mas como quem veste as carça nesta casa sou eu, no ano que vem, o dia das mães e dos pais vão continuar sendo iguarzinho que nem que no Brasil . Até parece!
domingo, 17 de maio de 2009
Quanto mais viajo para o Brasil, mais gosto da Alemanha II
Pensando bem, comparar cidades tao diferentes 'e meio complicado e ate injusto. Mas na verdade, a comparacao se faz mais em como me sinto em cada uma delas e o que poderia ser feito para o certo de uma dar certo na outra.
Bonn 'e uma ex-capital federal e Sao Paulo 'e a capital de um Estado. No territorio brasileiro devem caber umas 5 Alemanhas. A Alemanha tem 80 milhoes de habitantes, Sao Paulo, 17 milhoes e Bonn, miseraveis 320 mil. Mas essas sao as unicas razoes das coisas funcionarem melhor aqui do que em SP? O que sera que faz elas serem como sao? De quem 'e a culpa?
Vejamos a questao da pobreza, educacao, violencia e transito em Sao Paulo/Brasil.
Quando o governo brasileiro decide dar vale transporte, bolsa familia, vale gas, pagar pra crianca ir para escola, existe um coro que acha isso um absurdo porque vai fazer com que esses "folgados" deixem de dar duro para obter o proprio sustento e passem a viver unica e exclusivamente as custas do governo, ou seja, deles, supostos pagadores de impostos ( existe uma palavra pra isso? Talvez "impostores". Ah me lembrei: contribuintes). Falam isso com a boca cheia como se uma pessoa pudesse viver com, digamos, mais ou menos 300, 400 reais por mes?
Quando o governo cobra 27,5% de imposto de renda de quem ganha mais, acham um absurdo e argumentam que no Brasil nao se veem os impostos se reverterem em servicos para a populacao ( e na maioria das vezes 'e por isso que sonegam), sendo que muitos deles nao se enquadram na populacao que usa boa parte desses servicos. Os hospitais sao terriveis, o que forca quem tem dinheiro a pagar um plano de saude particular; as ruas sao esburacadas e quem tem carro, reclama; as escolas publicas sao uma porcaria, por isso quem tem dinheiro paga escolas e faculdades particulares para seus filhos ou bancam os cursinhos carissimos para que seus filhos consigam disputar uma vaga em quais universidades? Nas publicas. Essas sao boas e deveriam ser para todos, mas na realidade 'e mais para uns do que para outros, sendo que esses outros sao os que agora tem quotas garantidas. E a culpa 'e do governo.
Quando o calo aperta, quem tem empresa demite e ainda diz que a culpa do desemprego 'e do governo. Se o desemprego aumenta, a economia esfria porque nao tem consumo e se nao tem consumo nao tem producao, se nao tem producao, pra que ter quem produz? E esses desempregados, ou subempregados nao tem dinheiro pra pagar previdencia, plano de saude, escola e nem tem carro pra reclamar dos buracos nas ruas, principalmente porque sao estes que os embalam em seu sono trepidante nos onibus que circulam pela cidade e que levam o dobro do tempo pra chegar ao destino por causa dos congestionamentos provocados basicamente por quem tem carro velho, novo, grande, pequeno, importado, nacional, pois 'e muito mais conveniente e confortavel do que usar onibus ou metro junto com o povao e ai esta o motivo do congestionamento. (UFA!)
Quando o pobre cansado de andar de conducao, sonha com a compra de um carro, acaba comprando aquele que nao tem nem mais condicao de circular, mas esta la - na verdade, mais pra la do que pra ca. Entao, vem o governo que acha que aquecer a economia 'e fazer o povo comprar carro, pagar o olho da cara em prestacoes a perder de vistas, em vez de dar condicoes para que comprem a vista. Isso faz o coitado achar que as coisas estao melhorando. Um tempo depois, ele perde o emprego e ganha uma divida e, alem de desempregado, passa a ser inadimplente. E cada vez mais as ruas vao ficando atulhadas de carros zero kilometro lado a lado com os de 2 digitos de idade que tentam circular em ruas mal projetadas e mal conservadas, com uma engenharia de trafego que, somada a tudo isso, acaba causando acidentes.
E dai vem a insatisfacao, stress, inveja, uso de drogas, violencia, perda do respeito pelo ser humano, desvalorizacao da vida... aiaiai
Vejamos agora a pobreza, educacao, violencia e transito em Bonn/ Alemanha.
O governo alemao tem um programa social de dar inveja a qualquer "folgado" brasileiro. Ele da casa, ajuda de custo e atendimento medico para cada desempregado e 154 euros por cada crianca, independente da situacao financeira da familia, o chamado Kindergeld. A mae tem direito a ficar 1 ano em casa com salario e tem seu emprego garantido na empresa por 3 anos apos o nascimento do filho. O marido pode tirar 2 meses alem da licenca paternidade com reducao de 30% no salario, para ficar em casa. Os planos de saude sao obrigados a pagar por 1 mes uma pessoa para ajudar a mae fresca a cuidar da casa e do filho recem-nascido, isso quando o pai nao tira os 2 meses. Tudo isso, porque ninguem quer ter filho por aqui e a taxa de natalidade 'e de 1,2 filhos por mulher, o que, num futuro nao muito distante, representara um problema serio para um pais que esta ficando velho, com pessoas idosas que vao dobrar os 90 e precisam ter suas aposentadorias garantidas.
Se o governo nao desse esse tipo de ajuda, quem nao tivesse um teto sobre a cabeca ou condicoes de se vestir adequadamente porque nao tem emprego morreria no primeiro inverno. A natureza definitivamente contribui para a selecao "natural" por estas bandas. Tem pobre por aqui? Claro que tem. Mas nao miseravel. Tem drogado, bebado, mendigo que parece que saem dos bueiros quando cai a noite e circulam pela cidade como se fossem zumbis, pedindo dinheiro para manter o vicio ou fazer uma boquinha. E para ajuda-los, existem dezenas de organizacoes governamentais ou nao.
Existem falcatruas? Claro que existem, como uma alema que eu conheco que nao trabalha porque nao quer, tem um filho, o marido ate um tempo atras fazia faculdade e tambem nao trabalhava e ela so usa roupas e acessorios de marca, vive com o cabelo arrumado e as unhas feitas ( o que aqui custa 20 euros, so para fazer a mao) e lamenta nao ter mais dinheiro para manter o estilo.
O governo cobra de 0 a 45% de imposto de renda retido na fonte. Neste valor esta incluido uma taxa de solidariedade que tem-se que pagar para ajudar a levantar a Alemanha Oriental desde a Reunificacao. Nao existe servico de saude gratuito, tipo SUS. Todo mundo, repito, todo mundo tem que ter um plano de seguro saude, publico ou privado. Isso mesmo. Apesar de ser cobrado um imposto tao alto, mesmo a saude publica tem seus planos de saude pagos. Nos, por exemplo, temos um plano publico de 265 euros para nos tres, cobrados diretamente do salario. E ainda temos que pagar 10 euros a cada 3 meses para sermos atendidos em consultorios medicos.Em compensacao, alguns remedios sao pagos pelo plano, integral ou parcialmente, sendo que para as criancas todo atendimento ou medicamento esta incluido. As escolas, mesmo publicas, sao pagas. 'E cobrada uma porcentagem sobre o salario bruto dos membros da familia que trabalham. Alguem que paga 45% de imposto usa os mesmos medicos e mesmos hospitais e muitas vezes, as mesmas escolas de quem paga 0%. Tem gente que reclama? Tem, mas com certeza nao como no Brasil.
Devido a recessao que assola muitos paises - segundo a CNN, o Brasil NAO 'e um deles- o governo alemao lancou um pacote de medidas para aquecer a economia. Entre eles, esta o "Abwackpraemie", que consiste no seguinte: quem tem um carro com mais de 9 anos de idade e tem interesse em comprar um carro novo, deve-se dirigir a uma concessionaria, entregar o seu carro por 2.500 euros, que nao vira diretamente para sua mao mas que sera abatido do valor de um carro novo, e o carro velho sera destruido. Desta forma, o governo tira das ruas os carros supostamente em condicoes nao tao boas de circulacao e aquece o comercio de carros, aumentando a demanda, aumentando a producao, criando empregos. Quem tem dinheiro na mao, consome, consumo maior, economia aquecida.
No que se refere a transito, a Alemanha 'e um dos poucos paises da Europa que nao cobram pedagio em suas estradas, mesmo assim elas sao um tapete. Voce pode confiar que nao vai encontrar buracos em nenhuma ruela, rua, avenida ou Autobahn. A engenharia de trafego realmente funciona, se existe uma obra na estrada, toda a sinalizacao 'e alterada, nao existem entradas e saidas de estrada que podem vir a causar qualquer tipo de risco para o motorista. Os engenheiros daqui sabem o que 'e forca centripeta e centrifuga e as levam em consideracao quando definem a inclinacao das estradas e suas curvas. Todo mundo segue as regras de transito e isso faz com que voce nao tenha que se preocupar tanto com os alvos moveis ou pessoas fazendo cag...adas no transito.Tem quem as faz? Claro que tem, por desconhecimento ou impericia, mas raramente por imprudencia. Principalmente, porque aqui as punicoes realmente funcionam.
O respeito pelo consumidor tambem 'e um fator importante a ser considerado quando se refere a carro. O meu 'e um VW Golf diesel que faz 850 kilometros na cidade com um tanque de 46 litros. Um carro nao sai de fabrica fazendo barulho, nem comeca a fazer barulho estranho depois de 5000km, nem desmonta de tanto sacudir ou cair em buraco nas ruas. Obrigatoriamente, todo automovel deve passar por inspecao anual e 'e tirado da rua caso nao tenha condicoes de circular ou polui demais (igualzinho no Brasil), por isso um carro com 800 mil kilometros rodados ainda 'e considerado em bom estado. Mas tambem, pudera. A maioria 'e carro nacional: Mercedes, Audi, BMW e o meu bom e velho VW!!! :)
Aqui 'e Bonn, mas nem tudo 'e bom. Tem seus problemas tambem. Mas pouquissimos culpam o governo. Talvez porque tenham a nocao correta de como os caras chegaram la. Ja pisaram na bola com o da suastica, entao... E como dizia o filosofo "Dercicles do Baeta": "Cada povo tem o governo que merece". Nada menos porque numa democracia 'e o povo que escolhe o governo. E ainda bem que vivemos numa democracia aqui e la e podemos reclamar e emitir nossas opinioes sem o risco de sermos presos, torturados ou amanhecermos enforcados numa cela. Caso contrario, do jeito que eu sou medrosa, a ultima coisa que eu ia fazer era ter um blog.
PS: Nao falei sobre violencia. Fica pra depois.
Bonn 'e uma ex-capital federal e Sao Paulo 'e a capital de um Estado. No territorio brasileiro devem caber umas 5 Alemanhas. A Alemanha tem 80 milhoes de habitantes, Sao Paulo, 17 milhoes e Bonn, miseraveis 320 mil. Mas essas sao as unicas razoes das coisas funcionarem melhor aqui do que em SP? O que sera que faz elas serem como sao? De quem 'e a culpa?
Vejamos a questao da pobreza, educacao, violencia e transito em Sao Paulo/Brasil.
Quando o governo brasileiro decide dar vale transporte, bolsa familia, vale gas, pagar pra crianca ir para escola, existe um coro que acha isso um absurdo porque vai fazer com que esses "folgados" deixem de dar duro para obter o proprio sustento e passem a viver unica e exclusivamente as custas do governo, ou seja, deles, supostos pagadores de impostos ( existe uma palavra pra isso? Talvez "impostores". Ah me lembrei: contribuintes). Falam isso com a boca cheia como se uma pessoa pudesse viver com, digamos, mais ou menos 300, 400 reais por mes?
Quando o governo cobra 27,5% de imposto de renda de quem ganha mais, acham um absurdo e argumentam que no Brasil nao se veem os impostos se reverterem em servicos para a populacao ( e na maioria das vezes 'e por isso que sonegam), sendo que muitos deles nao se enquadram na populacao que usa boa parte desses servicos. Os hospitais sao terriveis, o que forca quem tem dinheiro a pagar um plano de saude particular; as ruas sao esburacadas e quem tem carro, reclama; as escolas publicas sao uma porcaria, por isso quem tem dinheiro paga escolas e faculdades particulares para seus filhos ou bancam os cursinhos carissimos para que seus filhos consigam disputar uma vaga em quais universidades? Nas publicas. Essas sao boas e deveriam ser para todos, mas na realidade 'e mais para uns do que para outros, sendo que esses outros sao os que agora tem quotas garantidas. E a culpa 'e do governo.
Quando o calo aperta, quem tem empresa demite e ainda diz que a culpa do desemprego 'e do governo. Se o desemprego aumenta, a economia esfria porque nao tem consumo e se nao tem consumo nao tem producao, se nao tem producao, pra que ter quem produz? E esses desempregados, ou subempregados nao tem dinheiro pra pagar previdencia, plano de saude, escola e nem tem carro pra reclamar dos buracos nas ruas, principalmente porque sao estes que os embalam em seu sono trepidante nos onibus que circulam pela cidade e que levam o dobro do tempo pra chegar ao destino por causa dos congestionamentos provocados basicamente por quem tem carro velho, novo, grande, pequeno, importado, nacional, pois 'e muito mais conveniente e confortavel do que usar onibus ou metro junto com o povao e ai esta o motivo do congestionamento. (UFA!)
Quando o pobre cansado de andar de conducao, sonha com a compra de um carro, acaba comprando aquele que nao tem nem mais condicao de circular, mas esta la - na verdade, mais pra la do que pra ca. Entao, vem o governo que acha que aquecer a economia 'e fazer o povo comprar carro, pagar o olho da cara em prestacoes a perder de vistas, em vez de dar condicoes para que comprem a vista. Isso faz o coitado achar que as coisas estao melhorando. Um tempo depois, ele perde o emprego e ganha uma divida e, alem de desempregado, passa a ser inadimplente. E cada vez mais as ruas vao ficando atulhadas de carros zero kilometro lado a lado com os de 2 digitos de idade que tentam circular em ruas mal projetadas e mal conservadas, com uma engenharia de trafego que, somada a tudo isso, acaba causando acidentes.
E dai vem a insatisfacao, stress, inveja, uso de drogas, violencia, perda do respeito pelo ser humano, desvalorizacao da vida... aiaiai
Vejamos agora a pobreza, educacao, violencia e transito em Bonn/ Alemanha.
O governo alemao tem um programa social de dar inveja a qualquer "folgado" brasileiro. Ele da casa, ajuda de custo e atendimento medico para cada desempregado e 154 euros por cada crianca, independente da situacao financeira da familia, o chamado Kindergeld. A mae tem direito a ficar 1 ano em casa com salario e tem seu emprego garantido na empresa por 3 anos apos o nascimento do filho. O marido pode tirar 2 meses alem da licenca paternidade com reducao de 30% no salario, para ficar em casa. Os planos de saude sao obrigados a pagar por 1 mes uma pessoa para ajudar a mae fresca a cuidar da casa e do filho recem-nascido, isso quando o pai nao tira os 2 meses. Tudo isso, porque ninguem quer ter filho por aqui e a taxa de natalidade 'e de 1,2 filhos por mulher, o que, num futuro nao muito distante, representara um problema serio para um pais que esta ficando velho, com pessoas idosas que vao dobrar os 90 e precisam ter suas aposentadorias garantidas.
Se o governo nao desse esse tipo de ajuda, quem nao tivesse um teto sobre a cabeca ou condicoes de se vestir adequadamente porque nao tem emprego morreria no primeiro inverno. A natureza definitivamente contribui para a selecao "natural" por estas bandas. Tem pobre por aqui? Claro que tem. Mas nao miseravel. Tem drogado, bebado, mendigo que parece que saem dos bueiros quando cai a noite e circulam pela cidade como se fossem zumbis, pedindo dinheiro para manter o vicio ou fazer uma boquinha. E para ajuda-los, existem dezenas de organizacoes governamentais ou nao.
Existem falcatruas? Claro que existem, como uma alema que eu conheco que nao trabalha porque nao quer, tem um filho, o marido ate um tempo atras fazia faculdade e tambem nao trabalhava e ela so usa roupas e acessorios de marca, vive com o cabelo arrumado e as unhas feitas ( o que aqui custa 20 euros, so para fazer a mao) e lamenta nao ter mais dinheiro para manter o estilo.
O governo cobra de 0 a 45% de imposto de renda retido na fonte. Neste valor esta incluido uma taxa de solidariedade que tem-se que pagar para ajudar a levantar a Alemanha Oriental desde a Reunificacao. Nao existe servico de saude gratuito, tipo SUS. Todo mundo, repito, todo mundo tem que ter um plano de seguro saude, publico ou privado. Isso mesmo. Apesar de ser cobrado um imposto tao alto, mesmo a saude publica tem seus planos de saude pagos. Nos, por exemplo, temos um plano publico de 265 euros para nos tres, cobrados diretamente do salario. E ainda temos que pagar 10 euros a cada 3 meses para sermos atendidos em consultorios medicos.Em compensacao, alguns remedios sao pagos pelo plano, integral ou parcialmente, sendo que para as criancas todo atendimento ou medicamento esta incluido. As escolas, mesmo publicas, sao pagas. 'E cobrada uma porcentagem sobre o salario bruto dos membros da familia que trabalham. Alguem que paga 45% de imposto usa os mesmos medicos e mesmos hospitais e muitas vezes, as mesmas escolas de quem paga 0%. Tem gente que reclama? Tem, mas com certeza nao como no Brasil.
Devido a recessao que assola muitos paises - segundo a CNN, o Brasil NAO 'e um deles- o governo alemao lancou um pacote de medidas para aquecer a economia. Entre eles, esta o "Abwackpraemie", que consiste no seguinte: quem tem um carro com mais de 9 anos de idade e tem interesse em comprar um carro novo, deve-se dirigir a uma concessionaria, entregar o seu carro por 2.500 euros, que nao vira diretamente para sua mao mas que sera abatido do valor de um carro novo, e o carro velho sera destruido. Desta forma, o governo tira das ruas os carros supostamente em condicoes nao tao boas de circulacao e aquece o comercio de carros, aumentando a demanda, aumentando a producao, criando empregos. Quem tem dinheiro na mao, consome, consumo maior, economia aquecida.
No que se refere a transito, a Alemanha 'e um dos poucos paises da Europa que nao cobram pedagio em suas estradas, mesmo assim elas sao um tapete. Voce pode confiar que nao vai encontrar buracos em nenhuma ruela, rua, avenida ou Autobahn. A engenharia de trafego realmente funciona, se existe uma obra na estrada, toda a sinalizacao 'e alterada, nao existem entradas e saidas de estrada que podem vir a causar qualquer tipo de risco para o motorista. Os engenheiros daqui sabem o que 'e forca centripeta e centrifuga e as levam em consideracao quando definem a inclinacao das estradas e suas curvas. Todo mundo segue as regras de transito e isso faz com que voce nao tenha que se preocupar tanto com os alvos moveis ou pessoas fazendo cag...adas no transito.Tem quem as faz? Claro que tem, por desconhecimento ou impericia, mas raramente por imprudencia. Principalmente, porque aqui as punicoes realmente funcionam.
O respeito pelo consumidor tambem 'e um fator importante a ser considerado quando se refere a carro. O meu 'e um VW Golf diesel que faz 850 kilometros na cidade com um tanque de 46 litros. Um carro nao sai de fabrica fazendo barulho, nem comeca a fazer barulho estranho depois de 5000km, nem desmonta de tanto sacudir ou cair em buraco nas ruas. Obrigatoriamente, todo automovel deve passar por inspecao anual e 'e tirado da rua caso nao tenha condicoes de circular ou polui demais (igualzinho no Brasil), por isso um carro com 800 mil kilometros rodados ainda 'e considerado em bom estado. Mas tambem, pudera. A maioria 'e carro nacional: Mercedes, Audi, BMW e o meu bom e velho VW!!! :)
Aqui 'e Bonn, mas nem tudo 'e bom. Tem seus problemas tambem. Mas pouquissimos culpam o governo. Talvez porque tenham a nocao correta de como os caras chegaram la. Ja pisaram na bola com o da suastica, entao... E como dizia o filosofo "Dercicles do Baeta": "Cada povo tem o governo que merece". Nada menos porque numa democracia 'e o povo que escolhe o governo. E ainda bem que vivemos numa democracia aqui e la e podemos reclamar e emitir nossas opinioes sem o risco de sermos presos, torturados ou amanhecermos enforcados numa cela. Caso contrario, do jeito que eu sou medrosa, a ultima coisa que eu ia fazer era ter um blog.
PS: Nao falei sobre violencia. Fica pra depois.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Quanto mais viajo para o Brasil, mais eu gosto da Alemanha
Acabamos de voltar de viagem de férias ao Brasil. Mas, como meu marido sempre diz, tão logo abrimos a porta aqui de casa: "Enfim de férias!". Apesar de aqui termos uma rotina, trabalho, escola, kindergarten, cuidados com a casa, fogão etc, cada vez que retornamos do Brasil nos sentimos mais em casa.
Não estou cuspindo no prato que comi ou sendo uma má filha da "pátria", mas, infelizmente, a necessidade de estar sempre alerta para evitar um assalto, poluição de todo tipo, a sujeira, as pichações, a pobreza, os pedintes, os flanelinhas, a falta de projeto arquitetônico por parte do governo e dos prórios moradores, o descuido, desmazelo destes com o que é seu e com o que é comum, tudo isso é de deixar a gente zonzo.
Não tem nada na cidade que depois de um ano longe você diga: " Nossa! Olha que lindo que fizeram aqui, este monumento, aquele parque, aquele jardim. Nem a natureza parece encontrar condições propícias de mostrar toda sua força em um lugar tao inóspito quanto São Paulo. Isso porque eu nem citei o trânsito.
Ai, o trânsito! Se a natureza não flui, muito menos o trânsito. Se a natureza não se estabelece, nós, ao contrário, criamos raízes no asfalto por nao conseguir sair do lugar. Os carros em São Paulo não deveriam mais pagar IPVA, mas sim IPTU de tanto que ficam parados nos congestionamentos. E se eu contar o tanto que fiquei dentro do carro no caminho daqui pra ali nos 23 dias que passamos no Brasil, posso dizer que pelo menos 4 dias foram no trânsito, sem contar com a ida de avião. E com isso, lá se vão litros e litros de combustível, um tanque para 300km? O que que é isso? E os motoboys, então? Aquele bibibi constante no ouvido da gente parecendo um bando de morcegos (qual é o coletivo desse bicho?) com sonar defeituoso, batendo nos retrovisores, atacando o que tiver na frente.
Curitiba ja é mais carinhosa. Muitos parques lindos e bem cuidados espalhados pela cidade, trânsito um pouquiiiiinho menos caótico, menos prédios engolindo a gente, um monumento novo aqui outro ali, casas mais bem cuidadas, ruas limpas, feirinha de artesanato no centrinho aos domingos, uma sensação de cidade do interior em plena capital.
É mais ou menos como nos sentimos aqui, pois Bonn, por ser ex-capital, tem tudo que a gente precisa mas sem aquele alvoroço de cidade grande. Chegamos aqui e parece que fomos abraçados pelas árvores rechonchudas de folhas e flores. O verde até doeu nas vistas. Tudo bem que o pólen tambem doeu nas vistas- e no nariz, mas nada como uma boa limpada na casa.
Mas nem tudo é ruim na terrinha. Tem a boa comida, os pastéis de feira com caldo de cana, a pizza, os salgadinhos Elma Chips ( que meu marido odeia que eu coma), as livrarias, as frutas exóticas e tropicais, as coxinhas, empadinhas, churro como nem espanhol sabe fazer, o pão-de-queijo do Piegel em Curitiba... Pena que tudo muito caro.
Bom mesmo é o carinho e o abraço dos parentes e amigos ( apesar de nao ter dado pra ver todo mundo). Melhor ainda foi ver a felicidade da Lara de saber e sentir que família nao se resume a pai e mãe. Tudo isso é de graca e muito bem vindo e é o que faz valer a pena ir tão longe.
Não estou cuspindo no prato que comi ou sendo uma má filha da "pátria", mas, infelizmente, a necessidade de estar sempre alerta para evitar um assalto, poluição de todo tipo, a sujeira, as pichações, a pobreza, os pedintes, os flanelinhas, a falta de projeto arquitetônico por parte do governo e dos prórios moradores, o descuido, desmazelo destes com o que é seu e com o que é comum, tudo isso é de deixar a gente zonzo.
Não tem nada na cidade que depois de um ano longe você diga: " Nossa! Olha que lindo que fizeram aqui, este monumento, aquele parque, aquele jardim. Nem a natureza parece encontrar condições propícias de mostrar toda sua força em um lugar tao inóspito quanto São Paulo. Isso porque eu nem citei o trânsito.
Ai, o trânsito! Se a natureza não flui, muito menos o trânsito. Se a natureza não se estabelece, nós, ao contrário, criamos raízes no asfalto por nao conseguir sair do lugar. Os carros em São Paulo não deveriam mais pagar IPVA, mas sim IPTU de tanto que ficam parados nos congestionamentos. E se eu contar o tanto que fiquei dentro do carro no caminho daqui pra ali nos 23 dias que passamos no Brasil, posso dizer que pelo menos 4 dias foram no trânsito, sem contar com a ida de avião. E com isso, lá se vão litros e litros de combustível, um tanque para 300km? O que que é isso? E os motoboys, então? Aquele bibibi constante no ouvido da gente parecendo um bando de morcegos (qual é o coletivo desse bicho?) com sonar defeituoso, batendo nos retrovisores, atacando o que tiver na frente.
Curitiba ja é mais carinhosa. Muitos parques lindos e bem cuidados espalhados pela cidade, trânsito um pouquiiiiinho menos caótico, menos prédios engolindo a gente, um monumento novo aqui outro ali, casas mais bem cuidadas, ruas limpas, feirinha de artesanato no centrinho aos domingos, uma sensação de cidade do interior em plena capital.
É mais ou menos como nos sentimos aqui, pois Bonn, por ser ex-capital, tem tudo que a gente precisa mas sem aquele alvoroço de cidade grande. Chegamos aqui e parece que fomos abraçados pelas árvores rechonchudas de folhas e flores. O verde até doeu nas vistas. Tudo bem que o pólen tambem doeu nas vistas- e no nariz, mas nada como uma boa limpada na casa.
Mas nem tudo é ruim na terrinha. Tem a boa comida, os pastéis de feira com caldo de cana, a pizza, os salgadinhos Elma Chips ( que meu marido odeia que eu coma), as livrarias, as frutas exóticas e tropicais, as coxinhas, empadinhas, churro como nem espanhol sabe fazer, o pão-de-queijo do Piegel em Curitiba... Pena que tudo muito caro.
Bom mesmo é o carinho e o abraço dos parentes e amigos ( apesar de nao ter dado pra ver todo mundo). Melhor ainda foi ver a felicidade da Lara de saber e sentir que família nao se resume a pai e mãe. Tudo isso é de graca e muito bem vindo e é o que faz valer a pena ir tão longe.
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