quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quanto mais viajo para o Brasil, mais eu gosto da Alemanha

Acabamos de voltar de viagem de férias ao Brasil. Mas, como meu marido sempre diz, tão logo abrimos a porta aqui de casa: "Enfim de férias!". Apesar de aqui termos uma rotina, trabalho, escola, kindergarten, cuidados com a casa, fogão etc, cada vez que retornamos do Brasil nos sentimos mais em casa.
Não estou cuspindo no prato que comi ou sendo uma má filha da "pátria", mas, infelizmente, a necessidade de estar sempre alerta para evitar um assalto, poluição de todo tipo, a sujeira, as pichações, a pobreza, os pedintes, os flanelinhas, a falta de projeto arquitetônico por parte do governo e dos prórios moradores, o descuido, desmazelo destes com o que é seu e com o que é comum, tudo isso é de deixar a gente zonzo.
Não tem nada na cidade que depois de um ano longe você diga: " Nossa! Olha que lindo que fizeram aqui, este monumento, aquele parque, aquele jardim. Nem a natureza parece encontrar condições propícias de mostrar toda sua força em um lugar tao inóspito quanto São Paulo. Isso porque eu nem citei o trânsito.
Ai, o trânsito! Se a natureza não flui, muito menos o trânsito. Se a natureza não se estabelece, nós, ao contrário, criamos raízes no asfalto por nao conseguir sair do lugar. Os carros em São Paulo não deveriam mais pagar IPVA, mas sim IPTU de tanto que ficam parados nos congestionamentos. E se eu contar o tanto que fiquei dentro do carro no caminho daqui pra ali nos 23 dias que passamos no Brasil, posso dizer que pelo menos 4 dias foram no trânsito, sem contar com a ida de avião. E com isso, lá se vão litros e litros de combustível, um tanque para 300km? O que que é isso? E os motoboys, então? Aquele bibibi constante no ouvido da gente parecendo um bando de morcegos (qual é o coletivo desse bicho?) com sonar defeituoso, batendo nos retrovisores, atacando o que tiver na frente.
Curitiba ja é mais carinhosa. Muitos parques lindos e bem cuidados espalhados pela cidade, trânsito um pouquiiiiinho menos caótico, menos prédios engolindo a gente, um monumento novo aqui outro ali, casas mais bem cuidadas, ruas limpas, feirinha de artesanato no centrinho aos domingos, uma sensação de cidade do interior em plena capital.
É mais ou menos como nos sentimos aqui, pois Bonn, por ser ex-capital, tem tudo que a gente precisa mas sem aquele alvoroço de cidade grande. Chegamos aqui e parece que fomos abraçados pelas árvores rechonchudas de folhas e flores. O verde até doeu nas vistas. Tudo bem que o pólen tambem doeu nas vistas- e no nariz, mas nada como uma boa limpada na casa.
Mas nem tudo é ruim na terrinha. Tem a boa comida, os pastéis de feira com caldo de cana,  a pizza, os salgadinhos Elma Chips ( que meu marido odeia que eu coma), as livrarias, as frutas exóticas e tropicais, as coxinhas, empadinhas, churro como nem espanhol sabe fazer,  o pão-de-queijo do Piegel em Curitiba... Pena que tudo muito caro.
Bom mesmo é o carinho e o abraço dos parentes e amigos ( apesar de nao ter dado pra ver todo mundo). Melhor ainda foi ver a felicidade da Lara de saber e sentir que família nao se resume a pai e mãe. Tudo isso é de graca e muito bem vindo e é o que faz valer a pena ir tão longe.

5 comentários:

  1. Sejam bem-vindos!
    Acho que comparar a Alemanha com o nosso Brasil é covardia, mas deixo meus argumentos para outra hora.
    Continue publicando.
    beijos,
    Marco.

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  2. Voce tem toda razao Marco. Na verdade, ja ate comecei a escrever a parte dois deste texto. Eu nao conheco o Brasil inteiro nem tao pouco a Alemanha, por isso, me limito a falar sobre as sensacoes que tenho em Sao Paulo e Bonn, pensando no que elas tem em comum ou em que uma poderia servir de exemplo para outra. Realmente, comparar paises com historias tao diferentes 'e covardia, principalmente quando voce passa por uma casa que tem sobre sua porta o ano de construcao e este 'e 300 anos mais do que quando o Brasil foi descoberto. E ela ainda esta de pe como se fosse nova.
    Beijos e continue me visitando e fazendo comentarios.

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  3. Ei Arlete!
    Seja bem vinda de volta! Estava com saudades de passar por aqui e me deliciar com os seus textos. Inclusive adorei esse post e me sinto como voce. Nao que eu nao ame o brasil, mas quando passamos um tempo fora, eh inevitavel que a gente veja a realidade as vezes tao cruel e injusta do nosso brasil.
    Beijos,
    Liza

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  4. Oi Arlete, estou comentando este texto para dizer que é bom saber que vocês viajaram bem e estão de volta. Sem dúvida o ponto alto é a adaptação da Lara. Adoramos ve-los e estamos sempre de braços abertos para vocês. Abraços do Sergio, Marisa e Ana Carolina.

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  5. Oi, Arlete
    Estive no Brasil recentemente (SP) e a cada vez que vou pra lá, me flagro com saudades da Alemanha...
    Já na Marginal Tietê senti o trânsito extremamente pesado (e nao eram 7 da manha ainda), a poluicao me deixou de nariz entupido, achei tudo MUITO barulhento. Cheguei à conclusao de que estou me adaptando, cada vez mais, à Alemanha. Dói um pouco constatar isso, às vezes me sinto um pouco "traidora da pátria", mas esse sentimento passa quando lembro que me senti decepcionada com os precos de tudo em SP, além da poluicao, ambiental e sonora.
    Beijos e bem-vinda de volta!

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