sábado, 4 de julho de 2009

All´s well that ends well.

















Parece brincadeira, mas quem tem que preparar festa de aniversário de filho passa por dois prazeres: ver a carinha feliz do rebento e ver o fim da festa. Principalmente, quando se está com sinusite, febre, dores de cabeça e uma moleza de deixar bicho preguiça no chinelo. Como boa sofredora por antecipação que sou, comecei a preparar as duas festinhas da Lara, uma no Kindergarten e outra em casa, com um mês de antecedência. Sempre gosto de fazer alguma coisa diferente e este ano resolvi fazer uma caixa personalizada com lembrancinhas para os coleguinhas da escolinha ( por que tem que ser tudo no diminutivo?), a coroa do aniversariante - que é uma tradição por estes lados - painel com fotos da fofa, um bolo enfeitado com biscoitos coloridos, lembrancinhas, brigadeiros e bichinhos de biscuit com o nome das 13 crianças convidadas. Destes, só consegui fazer quatro. Nunca pensei que brincar de massinha fosse tão difícil e irritante.
Na sexta-feira 19, Lara começou a ter febre altíssima e tivemos que levá-la para o Notfallpraxis (o pronto socorro). Ela foi diagnosticada com Scharlach (Escarlatina) - língua de framboesa e garganta vermelho-arroxeada, mas sem as famosas pintinhas vermelhas espalhadas pelo corpo. Começou a tomar antibiótico ( acabou dois dias atrás) e só foi liberada para retornar ao Kindergarten no dia 24, um dia depois do aniversário oficial. Levei tanta coisa para a festinha da escola que as professoras resolveram dividir a festa em dois dias. Aí, quem caiu fui eu. Comecei a passar mal mas fui aguentando as pontas.
Na sexta feira, véspera da festa de aniversário aqui em casa, não estava aguentando de tanta dor de cabeca e acabei deixando algumas coisas pra serem feitas no sábado de manhã. Descobri o verdadeiro sentido dos ditados "nunca deixe para amanhã o que se pode fazer hoje" e " o que está ruim pode ficar pior". Pois então. Passei mal com febre, dor de garganta e dores no corpo a noite inteira e às 6 da manhã resolvi me levar para o Notfallpraxis da clínica da universidade. Foram 3 horas e meia esperando pelo HNO ( Otorrinolaringologista) e dez minutos para ser atendida (só na festa descobri por meio de uma ginecologista, mãe de uma amiguinha da Lara, que bastava eu localizar um médico de plantão no meu bairro). Conclusão: cheguei em casa ao meio dia e a festa começava às 15h, a decoração estava pela metade, a comida não estava pronta e meu marido mais perdido do que cego em tiroteio, mais por fora do que umbigo de vedete e dedão de Franciscano ( sempre gostei dessas expressões, mas nunca tive chance de usar as três juntas até agora) e eu mais querendo que o mundo acabasse em barranco pra eu morrer encostada. Apesar de não estar aguentando com a gata pelo rabo, tive que me virar mais do que porta bandeira em dia de ensaio. Os convidados começaram a chegar pontualmente e eu ainda sem ter o que servir.
Como os alemães, definimos hora pra festa começar e terminar, mas, diferente do que os alemães costumam fazer, convidamos os pais das 13 crianças porque tínhamos preparado parte da festa para ser no jardim, já que nos anos anteriores convidamos menos gente e nunca choveu. Caiu uma chuva danada e todo mundo teve que ficar dentro de casa, adultos e crianças. Um calor dos infernos - as casas aqui são preparadas para o inverno e não para o verão, o calor que é absorvido, não é liberado - o ar não circulava, pois não tinha vento e, por medida de segurança, não dava pra abrir todas as janelas.
Perdido e vendo as crianças começarem a ficar inquietas (criança nessa idade parece que já nasceu assim), meu marido liberou o "giz de rua" (Strassenkreide) para as criancas brincarem no balcão. Quando vi, tarde demais. Mão de giz colorido pelas portas e paredes, pezinhos descalços e mãozinhas sujas nos tapetes e sofás.
Depois dos parabéns pude diminuir o ritmo e conversar um pouquinho com os convidados quando já estavam na porta pra ir embora. Ainda hoje estou tirando marcas de giz das paredes e a fadiga tomou conta do pedaço.
Moral da festa:
Não sofra por antecipação.
Não antecipe o sofrimento.
Não morra de tanto planejar - a emenda pode sim sair tão bem quanto o soneto.
Acredite no homem do tempo -em termos de meteorologia, o que acontece três anos seguintes não é padrão estabelecido.
Não queira ser a única pessoa a ter as rédeas da situação.
Nem pense em ficar doente.
Mas valeu a pena, no final sobrevivemos e os amigos continuam amigos. Como diria o "Biquini Cavadão" e aquele inglês famoso, o "Guilherme Sacode a Lança"(me desculpem, mas sempre quis cometer esse crime):
Tudo bem quando termina bem.




A Lara adora esta Banda
Eu agora tô no Tédio.

6 comentários:

  1. Oi Arlete, fiquei cansada só de ler sobre a festa, eu sei bem como é.Fiz a festa do Gustavo faz um mes, mas a gente se desespera e no final dá tudo certo, ou pelo menos quase tudo. Que bom que a Lara gostou, isso é o mais importante.
    Vamos ver se a gente se encontra um dia.
    Um beijo
    p.s. quanto aquela biblioteca maluca, tambem acho o máximo...tem uma aqui em beuel.

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  2. Olá, Ju,
    Onde você mora? Estou esperando seu telefonema.
    Um abraco

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  3. Foi estressante, dá para notar, mas não é divertido poder contar agora essa história toda? Beijo!

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  4. Arlete, que canseira hein? Mas que bom que no fim deu tudo certo e sua pequena adorou, né?
    Menina, como voce disse a gente tem mesmo muita coisa em comum. hahahaha
    Essa semana vou fazer uma festinha para o marido aqui em casa, e vou seguir todos os seus conselhos para nao repetir a sua historia por aqui. hehehehehehehehehehehe
    Ah, voces ja estao melhores?
    Beijos,
    Liza

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  5. Arlete,

    Por coincidência, a Ya e eu estavamos falando de festas de aniversário daqui e de outras bandas do mundo. Não se preocupe. Com certeza a Lara se divertiu muito e vc, por conta da loucura que deve ter sido, nos brindou com a façanha de ter preparado a festa para a pequena. Fazemos o mesmo com as festinhas do João Pedro e acabamos nos divertindo muito. A onda daqui é festa de buffet, com tudo à maneira capitalista e protocolar de ser (parece até festa de 15 anos!). Prepare-se porque no próximo ano tem mais. Logo, logo a Lara já vai comemorar os 5, 6, 7 anos...

    Beijo com muitas mãozinhas de giz,

    Patricia : 0 )

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  6. Oi, Nerooo,

    Eu falo, falo, mas o cansaço foi só por conta de não estar bem. Adoro preparar as festinhas da Lara, e faço tudo sozinha. O Amanzor ajuda muito mas as minhas invenções sou só eu que tenho que dar conta. As próximas só vou tomar cuidado pra não ficar doente.
    Bjs e muita saudade de voces.

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