quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Caris é Paríssima


Após três anos e meio morando na Europa e depois de passar semanas planejando, finalmente passamos um final de semana prolongado em Paris. Compramos os tickets para o sightseeing tour - hop on/ hop off com o ônibus double decker da empresa Les Cars Rouges. É a melhor pedida para quem for ficar lá pouco tempo, mas evite usar roupas claras pois o nome deveria ser "Les Cars Sujes".
Escolhemos um hotel não tão barato e sem café da manhã, o que já tínhamos prometido nunca mais fazer mas a localização era ótima e, à primeira vista, um hotel adequado.


Vista da fachada do hotel

Quando entramos, mais uma vez concluímos que não dá pra acreditar em tudo que se vê na internet. Bom, vamos ver o quarto. Abrimos a porta e levamos um choque com o tamanho e o bafo quente que veio lá de dentro. Não tem café da manhã incluído mas tem sauna grátis sem sair do quarto. Estavamos enlatados, cozidos e fritos. Ao menos, tinham duas portas para uma varanda de meio metro de largura. Os móveis estavam bem caidinhos, mas as camas e os travesseiros eram confortáveis e tudo muito limpo. Abrimos a porta da varanda pra arejar e a vista pagou o quarto.





Não tivemos tempo de ir à Versailles, mas tivemos um gostinho do que poderíamos ver por lá na Opéra Garnier.








A nossa ignorância artística, nos fez achar que o teto ainda estava sendo restaurado e por isso estava com essas pinturas mal feitas. Depois viemos a saber que se trata de uma obra de Marc Chagall.








Galerie Lafayette e os Camelots. Choque de consumo.

Cúpula da Galerie Lafayette



Meu Sacré Coeur de Jesus!!!


Essa rua que dá acesso à basílica parece a VãnÇãnqdiMars.



Paris arrota cultura e não é só Haute Couture.

Não é Sampa, mas tem Sympa.


Deu fome. Aí o bicho pegou. Como se sobrevive numa cidade cara e onde se come tão mal? Não fui para Paris pra comer castanhas assadas nem panqueca com Nutella. Esperava ir a qualquer bistro ou café de esquina e comer bem.

Então, fomos aos restaurantes onde tinham mais pessoas, menos arriscado. A primeira experiência foi péssima. Pedi um salmão grelhado com arroz. Veio salmão queimado com arroz sem sal e nem uma folhinha de alface com um tomatinho cherrie pra enfeitar o prato. Não tinha tempero e custou 14 euros! O suco de laranja custou 6 euros.

Parece que francês não conhece a definição que nós brasileiros damos para couvert (palavra francesa). Quando servem, é só pão. Nem uma manteiguinha muito menos patê ( outra palavra francesa). Sopa, então, eles só servem de cebola ou de tomate. Parece que ainda não aprenderam que creme de champignon ( outra) é coisa simples de se fazer, bouillon e purê (outras!!!) também. Me arrisquei a pedir purê duas vezes e o que me trouxeram foi batata amassada (e mal amassada). Comer bem em uma cidade, país, lugar, pra mim, significa entrar em restaurantes apresentáveis e não ter surpresas desagrádaveis. Pommes frites ( será outra palavra francesa?) murcha e frita em óleo velho, carne sem tempero e legumes insossos não é o que eu chamaria de boa cozinha principalmente se levar em consideração o preço da coisa. Sabia que não era uma cidade barata mas não tinha intenção de deixar as calças ( sem presentes de natal esse ano, gente).

Cansados de levar sustos, resolvemos enfiar o pé na jaca e ir a um restaurante que foi mencionado no audio guide do Les Cars Sujes: "Café de La Paix ", em frente ao Palais Opéra Garnier. Quando entramos de mochila nas costas e cansadíssimos depois de termos andado só um vinte avos do Louvre, pensamos duas vezes em voltar pra trás, mas resolvemos meter as caras.



Bom, foi meter as caras e a mão no bolso. Eram 5 horas da tarde, cedo pra jantar e caro pra danar. Eu pedi uma bomba de chocolate, um chocolate quente para a Lara - este sim maravilhoso, vem uma jarrinha com leite e outra com chocolate derretido. Aliás, não dá pra negar que em termos de doces, fomos muito bem servidos em todos os lugares - e o Amanzor pediu meio litro de cerveja e um lanche porque estava com fome. Pelo preço, achou que viria O SENHOR lanche. Veio uma baguette com manteiga, presunto e queijo e nem eram de primeira.

Dê uma olhada na conta.


Esse não desceu redondo - QUATORZE EUROS.


Parece pão dos botecos de São Paulo, mas custou 13 euros


DEUS QUE ME LOUVRE!

Deixamos para ir ao Louvre no domingo porque parecia que ia chover. E choveu. Mas não sabíamos que no primeiro domingo do mês a entrada é gratuita. E quando chegamos lá a fila era imensa mas andou rápido. Que marzão de gente! Pensei na gripe suína, mas ...

Tomamos um rumo diferente do povão e aí o ambiente ficou mais tranquilo. Fomos ver os apartamentos de Napoleão. Eu acho que em outra "encadernação", como diria meu amigo Marco, eu vivi num ambiente desses. Eu era a que limpava os lustres, varria e tirava o pó desse mundaréu de panos, porque a primeira coisa que me veio à cabeça foi como isso tudo era limpo e conservado pra durar até hoje. Certamente eu não era braço curto e nem dava uma de João sem braço como a madame aí embaixo.











Vênus de Milo ( não é De Millus, por favor)

Imagine você passar o dia inteiro num museu com uma criança de 4 anos vendo pinturas, estátuas, pedaços de pedra e móveis. A coitada da Lara aguentou firme, andou, subiu e desceu escadas e quando estava pra começar a ficar cansada, entramos no setor da Grécia antiga. E aí foi só diversão. Ela ficou entretida procurando e nos chamando pra mostrar as estátuas - que não eram poucas - com o pin.. de fora.

Desculpe a ignorância civilizatório-artístico- histórico-temporal, mas pelos exemplares,definitivamente, não havia judeus na Grécia antiga e a virilidade estava na beleza e forma bem feita do corpo e não no tamanho do dito cujo.
Aliás, tamanho, definitivamente, não é documento haja vista a dona Monalisa. Toda pequenininha contrapondo um quadrão enorme à sua frente a quem ninguém estava dando a mínima atenção. É prova de como funciona a cultura de massa e as armadilhas turísticas. Apesar de medieval foi transformada em pop e ninguém consegue chegar perto pra poder apreciá-la tamanha a quantidade de gente tentando tirar foto da coitada e o pior, com flashes, que estouravam no vidro estragando as fotos uns dos outros.




O quadro era tão grande que parecia um espelho do que se passava na sala. Não tive coragem de enfrentar a multidão pra ver de que quadro se tratava. Fugi dali rapidinho e fui pro lojinha comprar um livro sobre a história da mulherzinha no quadrinho pra poder apreciar seus detalhes.



Quando eu era criança, meu vizinho, Jean, tinha essa mesma foto pendurada na sala, tirada quando de sua viagem à Paris. Eu amava aquela foto e pensava se um dia eu teria a possibilidade de estar neste lugar pessoalmente. Fiz questão de passar pela ponte Alexandre III para tirar a foto.


Posso te dizer que esses doisdos não eram brasileiros. Apesar de poder garantir que o Brasil está bem menos populoso neste inverno. Só se ouvia português. Ou é culpa da baixa do dólar ou a situação econômica para alguns não está tão feia como pintam.


O que é chic? Dormir debaixo da ponte em Paris ou num flat em São Paulo?



A bunda, digo, a torre vista por trás.

Será que vai chover? Vai.

Perdida nos Campos Elíseos.
Hora de voltar pra casa.

Ah! Os garçons não foram tão mal educados.
Amanzor perdeu as echarpes que comprei na VãnÇanqdiMars e eu esqueci um pacote de souvenirs no hotel. Encontraram mas cobram pra mandar pelo correio mais do que paguei por eles. Vão ficar por lá.

12 comentários:

  1. Oi Arlete, morri de rir com suas aventuras em Paris. Estou aqui há quase 2 anos e nesses anos todos de idas e vindas entre Europa e Brasil nunca pisei os pés em Paris por causa dessa fama de cara. Além do mais, mar de turistas no Louvre ninguém merece, né? Mas um dia, quando se esgotarem as outras atrações europeias que merecem ser conhecidas (Salzburgo, Toscana, Nordeste da Inglaterra e Sul de Portugal são os próximos destinos), ainda vou lá.

    Obrigado por me fazer começar um árduo dia de trabalho com um sorriso. :-)

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  2. Que linda a ópera por dentro!!! Vocês fizeram um tour ou é possível entrar assim?
    Quanto ao hotel, eu gosto muito das reviews to trip advisor: já me ajudou a prevenir várias furadas. Agora, a vista do quarto de vocês era de babar mesmo!!! :-)
    Quanto a comida, acredite: há lugares com precos razoaveis e comida ótima sim, mesmo em Paris :-) Um post legal de ler é esse:
    http://flordecerejeira73.blogspot.com/2009/07/les-pissenlit-par-la-racine.html
    A Florzinha foi para Paris encontrar uma amiga que vive por lá, e que tinha várias dicas de restaurantes (ou bairros com bons restaurantes) legais. Fica pra próxima :-)
    Linda, linda, linda a sua foto da ponte Alexandre III: tem que emoldurar!!! :-)
    Bisous,
    Angie

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  3. Fábio,
    Se quiser dicas sobre o Algarve e Lisboa, já fomos pra lá e posso te prevenir de algumas enrascadas.

    Angie,
    um dos resturantes que fui me foi recomendado. Só depois que voltamos é que começamos a encontrar pessoas que conhecem lugares pra se comer bem em Paris. Inclusive, ontem, fazendo picnic no Reno, encontramos uma fotógrafa alemã que mora em Paris, acredita?
    Antes de escolher o hotel eu sempre visito o Tripadvisor e vejo os comentários de viajantes com crianças pequenas e foi por isso que escolhi este aí.
    Certamente, terá uma próxima vez, mas irei preparada.
    Bjs
    E continuem visitando o meu blog.

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  4. Angie,
    Esqueci de dizer que você não precisa de tour pra entrar na Opéra não. Custa 8 euros por pessoa, criança não paga e voilá. E se gostar de DVD, livro ou CD de opera e ballet, lá é o lugar certo pra pesquisar, mas deixe pra comprar na Amazon, porque meu marido comprou o DVD do Quebra-Nozes (lindo!!!) pra minha filha e pagou 28 euros, na Amazon custa 12.

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  5. Fábio,
    Toscana é nossa próxima parada.
    Bjs e bom trabalho.

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  6. Ainda nem li o post... estou me deliciando com as fotos (em duas semanas estarei lá) e com o nome do blog... maninha... que deixa!!! ADOREI

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  7. Algo me diz que terei a mesma surpresa com eu quarto de hotel... assim espero!!

    Mas mana, será o benedito? Até agora tb nao dei sorte em nenhum restaurante em Paris. mas olha, é coisa de parisiense... pq tem uns restaurantes franceses aqui maravilhosos

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  8. Arlete,

    Paris parece ter os grandes problemas de cidade grande, mas se respira história, um dia também vou lá...

    Valeu, bjs

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  9. Gui,
    Apesar dos tropeços, recomendo. É linda mesmo.

    Ciça,
    Aproveite a viagem e boa sorte com o hotel e a comida hihihi
    Bjs

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  10. Arlete, adorei seu texto. Como eu imaginava, saborosíssimo. Vou indicá-lo para meu irmão, minha cunhada e uma amiga da editora. Todos moraram em Paris e acho que vai ser interessante saber o que eles acham da tua experiência.
    De minha parte, ainda não conheço Paris, mas gosto de um Café de La Paix que existe aqui em SP, mais precisamente em Higienópolis. Ao contrário do original, é bom e relativamente barato. Beijo!

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  11. Obrigada pela dica da ópera!!! Da próxima vez, entro também, porque adorei as fotos de dentro!!!
    E obrigada pela dica do DVD também :-)
    Beijocas, Angie

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  12. Oi, Arlete. Adorei seu depoimento sobre Paris.... muito parecido com minha passagem por lá. Em 2007, fui para lá. Nossa, é uma aventura mesmo, fiquei somente 4 dias e foi tipo "mochilão". Foi muito dificil conversar por lá e comer então. Cheguei a comprar comida no mercado e comer no hotel, um tipo de salada (repolho ralado com maionese) e primavera. Super dificil para tudo, quando encontravamos brasileiros era uma alegria, mas isso por lá é fácil. No hotel, a senhora recepcionista, simpática que só ela, ensinou meu marido a falar 403 (em francês) para solicitar a chave do quarto, fora isso, tinhamos que pedir pelo amor de Deus em inglês para ela entregar a chave e ela não entregava até ele falar a palavra "chave". De manhã, eu queria mata-la já que perguntava 50vezes o que eu ia beber e comer, porém não tinha opção, somente café, chocolate e chá, pão (que nem frances é) amanhecido com manteiga. Conheci alguns bairros de lá, uns bem pobre, procurei pelo mercado Carrefour e nada... andei muito de metro, cheiro de urina fortissimo... é horrivel. Infelizmente, perdi o pen com umas 1000 fotos que tirei de lá. Mas lembrei do quadro de meu tio Gean, mas quando fui para lá, não lembrei de ir a ponte Alexandre III para relembrar.
    O Rogerio não gostou de lá, então, felizmente ou infelizmente tão cedo não volto para lá.
    Ah, adoro seu blog...leio sempre que posso.
    bjos

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