No café da manhã, família reunida - ela, filhos, sogro, sogra, cunhada, cunhado com mulher e filho - começa a conversar sobre assuntos diversos e surge o tópico zoológico. Qual o melhor zoológico aqui das redondezas, Köln ou Neuwied? Conversa vai, conversa vem, o cunhado, que acha engraçado ser sarcástico e mal educado e que adora sacanear a brasileira, pergunta se tem zoológico no Brasil. Cansada de aguentar tanta cutucada dele toda vez que se encontram, ela diz que não, que os animais andam soltos na rua.
A sogra toma as dores do filho e diz que a pergunta é verdadeira, não é sacanagem. Educadamente, ela diz que eles deveriam, quando tiverem a oportunidade, ir visitar o Brasil porque é um país imenso com muitas metrópoles e com muitos zoológicos também e muita coisa pra se ver. E que os sogros, que já estiveram na Bahia, não poderiam dizer que conhecem o Brasil mas sim que colocaram o pé em terras brasileiras.
Insatisfeito por não tê-la tirado do sério, o cunhado diz que a única coisa que sabem do Brasil é que só tem mulher pelada, favela e tiroteio. E a cunhada, na tentativa de defender a mãe e o irmão, complementa a lista com corrupção, carnaval e samba.
E nesta hora, então, alguns alemães, sentados à mesa do café da manhã de domingo numa vilazinha da Alemanha, aprenderam o sentido da expressão brasileiríssima: "cutucar onça com vara curta".
Sem aumentar o tom de voz, minha amiga retribuiu a cutucada de ferida dizendo:"Quando eu era adolescente, eu também tinha a idéia que alemão é um bando de homem com calção de couro segurando um caneco de cerveja em uma mão e saudando "Heil, Hitler" com a outra. Pensava que todos os alemães, nazistas que eram, não gostassem de preto e eu, se pusesse os pés aqui, preta que sou, iria acabar morta. Bastou um pouco mais de informação e ter vindo pra cá pra ver que nem tudo e nem todos são assim". O único som depois disso foi o sogro dizendo "Ops".
Se eles aprenderam a lição, eles não mais cutucarão a minha amiga. Se assim o fizerem, vão acabar por aprender o sentido da expressão "rodar a baiana" e vai ser bem feito pra eles.
PS: Neste mesmo dia, a vizinha da sogra dela achou que estava fazendo um elogio dizendo que ela não está mais tão escura quanto quando chegou aqui. É mole?
Quase me identifiquei com essa baiana!!!!! rsrsrsrsrsrsrs
ResponderExcluirBeijos
Quase, ne?
ResponderExcluirai ai... já ouvi coisas tão absurdas que consegui sentir na pele o que sua amiga sentiu. Sogra boa é sogra longe, na minha opinião. Mas uma hora eles aprendem, ô se não aprendem!
ResponderExcluirAaaaaaaargs! Esse tipo de comentário me deixa passada! Mas, parabéns para a sua amiga, que teve uma ótima presenca de espirito e respondeu super a altura!
ResponderExcluirBeijos, Angie
Nossa, que resposta! Bem que eles mereceram. A gente sabe que o Brasil nao eh só isso, que é um país lindo, com um potencial enorme, um povo sem igual, um clima maravilhoso... mas, sabe o que me dói: a maioria dos brasileiros que vem pra cá fazem questao que o que prevaleca sobre a gente seja "mulher pelada, futebol, carnaval e corrupcao".
ResponderExcluirBeijos
A direita brasileira e os sudestinos, não obstante a tez um tanto escura, para os padrões europeus, se identifica e compactua com a família alemã.
ResponderExcluirA minha amiga sempre se segurou pra não por nazismo nas respostas dela. Mas é que ela já estava cansada de levar bordoada e deu uma resposta por todas as outras picuinhas que eles já haviam dito pra ela.
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