segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Estamos de volta!

Voltamos do Brasil ontem e tenho que reconhecer que a possibilidade de voltar a viver lá não me pareceu algo tão ruim, se não for em São Paulo. Desta vez, tive algumas impressões diferentes daquelas que tive em outras vezes e sobre as quais escrevi em posts anteriores .
Saímos de Bonn com doze graus negativos. Chegamos em São Paulo com 25 graus - trinta e sete graus mais quente.  Que calor!!! Muita umidade e muito suor. Mas tudo muito bom, exceto trânsito e  uma faringite que ainda não me largou - culpa do ar condicionado do avião e da poluição. Se não tivesse sido vacinada contra o a gripe H1N1, já ia ficar com a pulga atrás da orelha.


Neve no aeroporto Schiphol em Amsterdam 6 am


Decoração de Natal no aeroporto

Percebi de cara algumas diferenças gritantes entre aqui e lá que poderiam facilitar a minha vida aqui e lá, se aqui aprendesse com lá e vice-versa:
  •  Leis de trânsito - ninguém respeita, só se o risco for muito grande. Não vi tantos motoqueiros nas ruas desta vez, talvez por ser época de festas, mas vi muita barbeiragem.
  • Trocentos buracos nas ruas e muitos deles camuflados pela iluminação ruim.
  • Sinalização péssima e semáforos não sincronizados.
  • As estradas são projetadas para projetar o carro para fora delas.
  • As calçadas não são adequadas para deficientes ou para carrinhos de crianças.
  • Curitiba tem algumas ciclovias e acho que São Paulo quase nenhuma, na verdade, não vi nenhuma. Mas também os morros não ajudam. Aqui em Bonn é quase tudo plano e já existe a cultura de se andar de bicicleta desde criança. As pessoas são mais saudáveis e fortes por isso e conseguem andar de bicicleta por serem mais fortes e saudáveis. É normal ver gente nos seus 80 e poucos anos indo às compras de bicicleta por aqui. Já em Curitiba uma moça não estava conseguindo pedalar um morrinho acima ( eu também não consigo). No Brasil, os motoristas ainda não aprenderam a respeitar nem pedestre na faixa de segurança quando mais ciclistas. Já, segundo a Lei de Transito alemã, o mais forte tem que proteger o mais fraco: o caminhão protege o carro, o carro protege o ciclista e este o pedestre e todos tem seus direitos e deveres no trânsito.
  • Taxistas - aqui em Bonn tem uma única companhia de taxi. Só tem um número de telefone pra onde se liga pra conseguir um taxi - 555555 - e eles chegam em menos de 3 minutos. Todos tem a mesma cor - creme bem clarinho - são carros grandes, confortáveis e bem conservados. Em São Bernardo do Campo, o primeiro - e único - táxi que pegamos foi de matar. Primeiro, o taxista parou no meio da rua e, quando viu que tinhamos mala, se limitou a abrir o porta-malas sem sair do carro. O carro estava cheio de jornal no banco traseiro - que ele não se importou em tirar - estava sujo, velho e barulhento. O taxista não ouvia direito e discutiu o caminho com a gente. E os cintos de segurança traseiros não estavam disponíveis, se é que existiam.
  • Poluição sonora, visual e do ar - Deus que me livre!!! Existe um zumbido constante, um cheiro de escapamento, muita pichação, fios elétricos e outdoors. Não existe planejamento urbano.  Curitiba já é bem melhor em termos de poluição visual, mas ainda peca em poluição sonora.
  • Vivemos enjaulados no Brasil e certamente os muros altos e as grades não ajudam a embelezar a cidade. No entanto, aqui também não estamos livres dos assaltos. A minha vizinha brasileira e que mora na mesma rua foi assaltada pela segunda vez. A primeira vez foi há exatamente 1 ano na véspera do Natal. E dessa vez foi exatamente da mesma forma, saiu por três horas e quando voltou a casa tinha sido arrombada.
  • Abordagem nos faróis e medo de ser assaltado nos caixas eletrônicos é de deixar a gente doido.
  • Na Alemanha, os tamanhos de roupas infantis correspondem à altura da criança. Então, se seu filho mede 1,16 cm, voce compra uma roupa 116 e não tem como errar, já que quem tem 116 cm usa 116. Mas, no Brasil, você compra roupa por idade. E crianças da mesma idade podem ter tamanhos completamente diferentes. Além disso, não existe um padrão. Uma camiseta tamanho 4 pode ter vários tamanhos dependendo da confecção. A minha filha de 4 anos pode usar tanto uma blusa tamanho 6 quanto uma tamanho 8, mas nunca consegui uma tamanho 4 que servisse nela.
  •  Por que que aqui ainda não aprenderam a fazer pizza? A pizza é invenção italiana, mas certamente foi aprimorada pelos brasileiros. Não existe pizza melhor do que a brasileira em lugar nenhum que já fui.
  • Pizzaria Avenida Paulista em Curitiba
    Decoração linda
    Lara ganhou um bolo de algodão doce
  •  Eu não me conformo em não ter pastel por estes lados. Nem pão de queijo. Eu comeria uns dez por dia. Pensando bem, ainda bem que não tem.
  • Pastel na estrada da Graciosa indo para Morretes - PR
  •  Possibilidade de pedir ou ser oferecida um descontinho. Fui comprar um vestido de festa, no caso de irmos de novo para o Brasil no casamento do nosso sobrinho Rodrigo ( primeiro sobrinho a se casar). No Brasil eles são bem mais baratos e em loja de rua muito mais barato ainda do que em Shopping Center. Entrei numa lojinha na rua Marechal Deodoro em São Bernardo. Já tinha achado o preço da vitrine em conta, mas a vendedora já veio me dizendo que ia ter um descontão no caixa por que já era dia 02 de janeiro e as festas já tinham acabado, e se levasse duas peças o desconto seria maior. Pelo valor da vitrine, um dos vestidos sairia 150 reais ( 60 euros - uma pechincha para os padrões daqui) e o outro 120. Paguei 120 reais pelo primeiro e 60 reais pelo segundo.
  •  A melhor coisa foi acordar de manhã e ir tomar café na padaria da esquina com um pão com queijo quente, pão na chapa, vitamina de frutas e uma média. Também sinto falta disso por aqui.
  • Costureira, manicure e sapateiro em Bonn é artigo de luxo e paga-se muito caro por estes serviços sem a qualidade do mesmo serviço  no Brasil.
  • Cabeleireiro então! Ainda não encontrei um aqui que me agradasse. Por isso, espero até ir pro Brasil pra meu cunhado, Paulinho, dar um jeito na cabeleira. Ainda bem que aqui meu cabelo fica parecendo que eu fiz chapinha, enquanto que no Brasil fica todo ouriçado por causa da umidade.
  •  Costumam dizer que alemão é muito mal educado. Dessa vez, percebi que gente mal educada e de mau humor é muito fácil encontrar pelas ruas tupiniquins também.
PS: como disse o Daniel nos comentários, na verdade, não houve assalto na casa da minha vizinha e sim invasão de domicílio. Mas os assaltos também existem, principalmente, em casas de pessoas idosas que não tem como se defender e são enganadas com a história do parente que veio visitar e pede pra abrir a porta.

9 comentários:

  1. "A melhor coisa foi acordar de manhã e ir tomar café na padaria da esquina com um pão com queijo quente, pão na chapa, vitamina de frutas e uma média. Também sinto falta disso por aqui."
    Disse tudo.

    E se não me engano assalto é só quando a vítima é abordada pelo ladrão. Invasão de domicílio, sem ninguém dentro, é só roubo/furto, eu acho.

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  2. Hoje fui almoçar num restaurante brasileiro bem baratinho q tem aqui...matei saudades de uma boa picanha! hahaha

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  3. Também sou adepto a Bike como meio padrão, e o jeito é andar na estrada mesmo (se em Curitiba tem pouco, imagins no "interior" do Brasil), junto com os carros. Aliás, quem pode mais chora menos, o caminhão toca por cima dos carros, os carros do motoqueiro e segue ...

    Saudações!

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  4. Dani, Já coloquei um PS.
    Bia, to me virando com pastel feito em casa. Mas não é a mesma coisa.
    Helton, a lei do mais forte e mais rico e mais poderoso é o problema do Brasil.
    Beijos a todos.

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  5. Nossa, quantas diferencas, né? Arlete, vou te ensinar a fazer um pao de queijo que voce nunca mais vai ter saudade do pao de queijo do Brasil. hehehehehehehehe
    Beijos querida!
    PS.: O blog tá lindo!

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  6. Ah, vc esqueceu de falar dos impostos que nós brasileiros pagamos ( ex: 27,5% da sua renda se for pessoa fisica ) para ter tudo isso que vc citou. Bjo, Mary.

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  7. Liza,
    To esperando a receita do pao de queijo. O melhor que já comi é o da padaria "Piegel", vizinha à casa da minha sogra em Curitiba. Com a maior cara de pau pedi a receita para o gerente e ele me deu só a quantidade dos ingredientes mas não o modo de fazer. Vou começar a tentar. Só que uma das resoluções de ano novo é perder peso, então...
    Beijos querida.

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  8. Oi, Mary,
    Falei sobre isso em um post antigo. Vai lá ver e me de sua opinião. http://tudodebonn.blogspot.com/2009/05/quanto-mais-viajo-para-o-brasil-mais.html
    Beijos

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  9. Adorei ler todos os comentários e constatacoes. É tao legal ler que, apesar dos pesares, vivemos e gostamos de dois cantos do mundo, nao é? Queria deixar uma pequena contribuicao de que aqui é possível conseguir desconto sim: comprei colchoes, travesseiros e "equipei" nossa casa para dormirmos melhor e perguntei por um desconto. Ganhei um maior do que tinha imaginado! Vale a pena tentar, pelo menos quanto o valor for um pouco maior ou se encontrar um "defeitozinho" na peca.
    Seja bem-vinda!
    Um beijo e feliz ano novo,
    Sandra

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