quarta-feira, 19 de maio de 2010

Episódio 1 - Coisa de mulher

Em 2003, quando estava com 35 anos e trabalhava praticamente em pé o dia inteiro dando aula de inglês, devido às dores constantes que sentia na coluna lombar, meu ginecologista na época - a quem agradeço até hoje pela capacidade técnica de ver além do que os olhos veem e não achar que uma dor nas costas é puro problema ortopédico - decidiu pedir um exame para ver se eu não estava com endometriose, apesar de eu não ter nenhum outro sintoma da doença (que sentença longa!).
O exame CA125 confirmou a sua suspeita. Mas era necessário ter um diagnóstico preciso que só se pode ter com uma videolaparoscopia, uma cirurgia que ao mesmo tempo que diagnostica trata o que for encontrado. Mas ele não fazia esse tipo de procedimento e então me indicou o meu atual gineco, Dr. Marcelo Afonso Gonçalves, da Clinnique.  Queridíssimo e competentíssimo, fez minha cirurgia parecer um passeio na beira do Reno (que eu ainda nem pensava em conhecer), cirurgia essa que a babaca aqui, preocupada primeiro com suas obrigações profissionais, fez questão de fazer no periodo de férias em plena época de festas de final de ano.
A recuperação foi excelente e Dr. Marcelo me disse que para evitar que a endometriose voltasse eu teria que ou engravidar ou tomar uma injeção por mês por um periodo máximo de 6 meses para evitar menstruar. Seria como um test drive da menopausa. Até então, a nossa idéia era não ter filhos.
Antes de saber da existência da endometriose, uma doença que reduz demasiadamente a capacidade de se engravidar, a opção de ter ou não filhos era nossa, mas, depois dela, o risco de não poder engravidar era algo fora do nosso controle. Eu tinha medo, não de ser mãe, mas do processo de gravidez e parto. Protelamos então pelo tempo possível, 6 meses,  6 injeções mensais, que custavam cada uma um quinto do meu salário. Estávamos comprando nosso apartamento e iniciamos a reforma. Nesse período, começou-se a amadurecer a idéia de ter um bebê. E tão logo acabaram as injeções, começamos a "brincar" de forma sistematizada, o que foi necessário só no primeiro mês. Com um dia de atraso na menstruação, decidi fazer o teste de farmácia e deu positivo. A primeira pessoa a saber não foi o Amanzor, foi minha querida diarista, a Fátima, que estava em casa naquele dia. Se não fosse ela, ali ao vivo, eu teria ficado muito frustrada de não ter ninguém para abraçar num momento de tanta felicidade. Liguei para o Amanzor e depois para o Dr. Marcelo, que ficou surpreso de ter dado positivo com um único dia de atraso. Ao confirmar a gravidez, ele disse que eu era caso de literatura médica, pois raramente uma mulher com endometriose ou  que tenha passado por videolaparoscopia para tratar o problema engravida com tanta rapidez.
Continua....

9 comentários:

  1. e a família está completa...

    quem diria que um problema de saúde faria vc pensar diferente. aliás, sempre faz.

    bjs

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  2. E então fez-se a Lara linda para alegrar sua vida de vez e te fazer ter coragem de tantas coisas!

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  3. Eve,
    As dificuldades fazem a gente rever muitos conceitos, mesmo.
    Tina, querida,
    Você está certa, ela me faz ter muita coragem, apesar de eu sempre me achar uma banana.
    Beijos

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  4. Até me fizeste chorar.....(já estou imaginando voce fazendo o teste)
    O momento em que fazemos o teste e ficamos com uma "prova" na nossa frente é único e fico feliz por teres tido a oportunidade de partilhar com alguém, mesmo que não tenha sido o Amanzor....

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  5. Bem que dizem que a gente só muda ou pela dor ou pelo amor... E no seu caso parece que foi os dois!

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  6. Joana, fofa,
    Mas a ficha caiu só quando eu vi o feijãozinho no Ultrasom.
    Bia, você está certíssima. E a vida na Terra Brasilis, com está?
    Mary, este foi só o começo.
    Beijos a todas.

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  7. Oi Arlete,

    No nosso caso, tivemos a alegria de checarmos o resultado (positivo) juntos. Primeiro, bateu uma grande felicidade. E em seguida um grande desespero, porque minha mulher havia perdido outras vezes, antes. Doze vezes, para ser mais exato.

    Nossa sorte foi que ligamos para a médica dela imediatamente e ela recomendou tomar ácido fólico e complexo B. Não temos certeza, mas parece que foi isso que salvou nosso filho. Por outro lado, por conta das complicações, minha mulher ficou afastada já dois meses antes do nascimento... Tempos difíceis, mas que no final das contas valeram a pena.

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  8. Zarastro, que bom que no final tudo da certo. Quantos anos tem o filho/a?
    Abraço

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