segunda-feira, 31 de maio de 2010

Episódio 4 - De volta para o frio de casa

Depois de três dias no hospital/hotel, retornamos para o nosso apartamento. Era junho e o frio estava entrando nos ossos. E era um frio úmido. Como mãerinheira de primeira viagem, embrulhei a Lara com tudo quanto era cobertor, colocava bolsa de água quente no pé dela  e fiz o Amanzor sair pra comprar um aquecedor elétrico.
Quando chegamos aqui em Bonn em pleno inverno, essa imagem e outras da minha infância vieram à tona.  Lembro-me de que, quando pequena, dormia com o minhocão e a camiseta que iria usar por baixo da calça  no dia seguinte pra não ter que passar frio pra me trocar; me lembro de minha mãe esquentando o ferro de passar roupa pra passar na minha cama segundos antes de eu entrar embaixo das cobertas e de dormir com ele encostado no meu pé (sempre fui pé frio) - costume que mantive mesmo depois de adulta; me lembro de encher um potinho com álcool e acender no banheiro na hora de tomar banho (ó o perigo!); me lembro de como a cama e a roupa pareciam estar sempre úmidas, do peso das cobertas sobre o corpo e de ficar em casa com a mesma roupa de frio que se usava na rua. Isso tudo numa temperatura entre 7 e 15 graus no inverno!
Aqui, o inverno é seco e anda-se de camiseta de manga curta dentro de casa mesmo com temperaturas abaixo de zero lá fora.  É óbvio que esse conforto custa caro. Tanto o aquecimento diário da casa no inverno quanto a construção do ímóvel custam muito. Não é à toa que o "pobre" daqui  (leia-se o equivalente à classe média baixa brasileira) precisa de ajuda do governo pra aguentar. Mas existe um certo exagero. Em  outubro passado, uma colega russa do curso de alemão estava comentando que a casa em que ela trabalhava como au pair estava com problemas no aquecimento havia dois dias e  a família estava reclamando que estava passando frio dentro de casa. Com uma temperatura externa de 12 graus, estavam usando cobertores elétricos e jaquetas de inverno em casa.  Ao mesmo tempo tem uns alemães sangue quente que saem nessa temperatura de shorts e camiseta.  Vai entender.  Hoje mesmo fui almoçar com uma querida amiga portuguesa e sua mãe. Lá fora 13 graus, eu de casaco e cachecol e tremendo de frio e a mãe dela com uma blusa super fininha.  Sensação de frio ou calor é realmente algo pessoal e geográfico.
Mas, voltando à Lara, bebês não sabem falar e o meu medo de que ela passasse frio era tanto que eu nem pensei na possibilidade de um sufocamento ou hiperaquecimento da fofa debaixo daquelas cobertas todas,  assunto que tanto falam por aqui. Anjo da guarda de criança é forte,viu?

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