Fomos depois almoçar no Weinhaus Gut Sülz, um restaurante em meio às parreiras, em Königswinter, do outro lado do rio. Mas demos com a cara na puerta - o danado fecha pra almoço, ou melhor, não abre para almoço durante a semana. Então, rumamos para o mesmo restaurante que já haviamos visitado recentemente em Rhöndorf, o Weingut Pieper.Só que desta vez, após o almoço, subimos o morro por entre as parreiras, pois o Amanzor resolveu gastar as calorias ganhas com o 1 litro de Federweisser (primeira etapa do vinho, ainda em processo de fermentação) que ele tomou no almoço e também checar se a idade realmente pesa. Só que quem sentiu o peso da pança e da idade fui eu. Quase não consegui subir o morro que, segundo o engenheiro de plantão, tinha uma inclinação superior a 45 graus. Pra manter a forma de barril de vinho, comi uvas Riesling diretamente do pé. No caminho, fotografei uns lagartinhos e uns caracóis, o Amanzor atendendo ao chamado da natureza, a Lara e uma senhorinha que não sei como foi parar ali. Depois, rolamos o morro abaixo pra voltar para casa.
Essa senhora deve ter mais de 75 anos, andando sozinha nesta altura. Será que resolveu ir pro céu a pé? E eu com a língua de fora.
Beethovenfest
À noite fomos a uma das igrejas do bairro assistir a uma das apresentações do Beethovenfest - sonatas para piano de Beethoven com a pianista Mari Kodama. Ficamos impressionados com a arquitetura única da igreja, que achávamos ser antiquíssima pelo que víamos do lado de fora, mas que, na verdade, é super moderna por dentro. Me fez lembrar o casal que convidamos para ir ao concerto. Nossos vizinhos, Herr e Frau Glöge, tem mais de 70 anos mas são jovens de alma e ótimos pra papear. Saímos do concerto na pausa, pois era pedir muito que a Lara ficasse quieta por mais de 40 minutos.
Os mesmos vizinhos pediram para vir aqui em casa depois do concerto para dar os parabéns ao Amanzor e trazer uma lembrancinha - um guia de Dresden, cidade natal da Frau Glöge na ex-Alemanha comunista. Tenho curiosidade de perguntar pra eles como era a vida por lá antes da queda do muro, mas ainda não tive coragem.
Voltando à apresentação, falem o que quiser, me chamem do aculturada, ignorante, popularesca, sem classe, mas que é um porre é um porre. O motivo é que, em termos de música clássica, sou analfabeta, ou melhor, só sei assinar meu nome, por isso achei um saco ficar vendo a apresentação de uma única pianista, fazendo caras e bocas e movimentos de bailarina com as mãos. Eu gosto de conjunto, orquestra, banda, isso quando a música me é agradável aos ouvidos e ao cérebro. Lamento não entender de música, ser incapaz de ler uma partitura ou tocar um instrumento musical. Mas música clássica não é minha praia.
No entanto, foi uma viagem ficar pensando no que aquela mulher fez na vida para chegar ali, o quanto ela estudou e praticou para tocar uma hora e meia sem partitura, o quanto ela deve fazer exercícios fisicos para não ficar aleijada por uma lesão por esforços repetitivos (LER) e manter aquela postura eretíssima enquanto toca. Também foi uma viagem ficar olhando como os espectadores reagem à apresentação. Tem gente que fecha os olhos e move as mãos como se estivesse regendo, outros parecem estar em transe, outros olham para o relógio, alguns, como eu, ficam olhando os outros e ainda tem os que dormem, como se a pianista estivesse ali única e exclusivamente para niná-los.
Pra ser honesta, não foi só a Lara que já não aguentava mais. Eu também não, me perdoem os admiradores de piano, do Beethoven e de música clássica, mas eu não gosto de fingir que gosto só pra dizer que sou chic ou que tenho um nível cultural elevado. Mas tenho que concordar com o que Beethoven também deve ter concordado: é melhor ouvir isso do que ser surda.
Os mesmos vizinhos pediram para vir aqui em casa depois do concerto para dar os parabéns ao Amanzor e trazer uma lembrancinha - um guia de Dresden, cidade natal da Frau Glöge na ex-Alemanha comunista. Tenho curiosidade de perguntar pra eles como era a vida por lá antes da queda do muro, mas ainda não tive coragem.
Voltando à apresentação, falem o que quiser, me chamem do aculturada, ignorante, popularesca, sem classe, mas que é um porre é um porre. O motivo é que, em termos de música clássica, sou analfabeta, ou melhor, só sei assinar meu nome, por isso achei um saco ficar vendo a apresentação de uma única pianista, fazendo caras e bocas e movimentos de bailarina com as mãos. Eu gosto de conjunto, orquestra, banda, isso quando a música me é agradável aos ouvidos e ao cérebro. Lamento não entender de música, ser incapaz de ler uma partitura ou tocar um instrumento musical. Mas música clássica não é minha praia.
No entanto, foi uma viagem ficar pensando no que aquela mulher fez na vida para chegar ali, o quanto ela estudou e praticou para tocar uma hora e meia sem partitura, o quanto ela deve fazer exercícios fisicos para não ficar aleijada por uma lesão por esforços repetitivos (LER) e manter aquela postura eretíssima enquanto toca. Também foi uma viagem ficar olhando como os espectadores reagem à apresentação. Tem gente que fecha os olhos e move as mãos como se estivesse regendo, outros parecem estar em transe, outros olham para o relógio, alguns, como eu, ficam olhando os outros e ainda tem os que dormem, como se a pianista estivesse ali única e exclusivamente para niná-los.
Pra ser honesta, não foi só a Lara que já não aguentava mais. Eu também não, me perdoem os admiradores de piano, do Beethoven e de música clássica, mas eu não gosto de fingir que gosto só pra dizer que sou chic ou que tenho um nível cultural elevado. Mas tenho que concordar com o que Beethoven também deve ter concordado: é melhor ouvir isso do que ser surda.
Parabéns para o Amanzor!
ResponderExcluirChique o passeio e a sua narrativa, mais do que o piano clássico.
Bjs
Guilherme