sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Em terra de sapo, de cócoras com eles


Apesar de viver aqui há mais de quatro anos, ainda me assusto com o costume do alemão de achar que pode chamar sua atenção, por o dedo em sua cara, mostrar como as regras devem ser seguidas. Eu sou meio obturada e não consigo responder imediatamente quando isso acontece. Mas o ser humano tem uma capacidade de aprendizado impressionante e nada melhor do que estar in loco pra aprender como as coisas funcionam e começar a agir igual quando a situação assim o pede. Então, quando consigo ter uma resposta ou atitude rápida, conveniente ao momento, me sinto hiper realizada. (estou tendo problemas para decorar as regras de separação de palavras do português segundo a nova ortografia, mas não vou ficar checando isso agora porque estou com pressa.)
Um tempo atrás, estava eu na fila do caixa na seção infantil da H&M, uma loja tipo C&A, com uma amiga minha e nossas respectivas filhas. A minha amiga era a próxima da fila, eu logo atrás dela e duas moças chegaram atrás de mim, sem filhos. Dei uma chegadinha numa arara pra ver o preço de uma camiseta pra Lara e retornei para a fila. As duas moças atrás de mim tiveram um ataque. Começaram a dizer que eu tinha perdido o lugar. Eu disse que a minha filha estava ali na fila e que eu e minha amiga estávamos juntas. Uma delas disse que não interessava, que ela era a próxima da fila e que eu teria que ir para trás dela. Eu pensei rápido (coisa que dificilmente faço numa situação dessas, onde normalmente enfio o rabo no meio das pernas) e joguei as minhas roupas nos braços da minha amiga e falei pra ela: pague junto com as suas compras que aé essas babacas não vão poder fazer nada. A babaca mor me fuzilou com os olhos, mas não pode fazer nada mesmo, só reclamar. A caixa não disse nada. Minha amiga esperou ela colocar tudo dentro de uma única sacola e aí disse: "Você poderia colocar em sacolas separadas, por favor?" E a caixa, apesar de não ter dito nada, foi conivente e fez tudo bem devagarzinho. Saí de lá, satisfeitíssima por não ter engolido mais um sapo de tantos que já tinha engolido até então. E agora, acho que aprendi : "When in Rome, do as the Romans do".
Tudo isso pra dizer o que me aconteceu esta semana. Estava eu em uma fila e na minha frente tinha uma moça que parecia adolescente. Ela queria comprar cigarros. A caixa perguntou se ela tinha um documento de identidade e ela disse que não. A caixa cumpriu a lei e disse que não poderia vender o cigarro para ela. Ela então pediu para a cliente da frente que estava embalando suas compras. Ela se negou. Então, coitada, pediu pra mim. E eu, que sou alérgica a , avessa a, inimiga de e contra cigarros, sem pensar, disse um redondo "NÃO". E completei em alemão (iuhu): " Eu sou contra cigarros e você é muito jovem pra fumar". Não sei nem de onde isso saiu, mas saiu. Ou os professores são bons ou eu sou ótima aluna.

6 comentários:

  1. Em vez de amansar com o passar do tempo, está endurecendo mulher? Cadê a ternura? Não perde não....

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  2. Marco,
    Eu endureço, mas perder a ternura jamais, tche. Apesar da sarna que é a falta de educação por estes lados, a raposa veia aqui não perde o pelo.

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  3. tem que ser assim por aqui ne? nao da pra ficar engolindo sapos o dia todo, e olha que os alemaes adoram dar uma provocada. Mas se vc bota eles no seu lugar, tudo fica na perfeita paz. Vai entender. Bjs!

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  4. Perfeita a sua atitude: dá um tapa com luva de pelica na cara deles! Temos samba, futebol e classe. Bjão, Mary.

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  5. Oi minha linda aprendeste depressa. Mas eles precisam, nasceram (quase) todos com o "gene" de professor!
    Lembro-me de uma vez atender o telefone dizendo o meu nome e apelido e do outro lado uma senhora germânica corrigir
    a forma como eu pronunciei o meu próprio nome...

    Beijos

    Lena

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