quinta-feira, 18 de março de 2010

Só adultos, por favor.

Continuando o tópico sobre intolerância contra crianças, aí vai um artigo do Der Spiegel sobre uma comerciante de Berlim que resolveu abrir uma área em seu estabelecimento onde só se permite a entrada de adultos. Acredito que o problema não é a dona do café, pois as crianças são bem vindas na maior área do local. Ela não está proibindo a entrada dos pequenos em todo o seu estabelecimento, mas em uma área reservada aos  verdadeiros intolerantes. Ela pretende com isso ampliar o leque de clientes e faturar e está fazendo isso abertamente e criando uma discussão tremenda.
Eu me lembro que logo que chegamos aqui podia-se fumar em qualquer lugar. Ir a restaurantes era pedir para sair de lá com algum problema ocular ou respiratório. Então, paramos de ir.  Era uma proibição velada contra crianças cujos pais não são fumantes e que não acham que expor seus filhos a um ambiente altamente poluido seja natural. Era também uma inversão de valores: o seu direito individual de exibir seu vicio em público contra o meu direito natural de respirar ar puro. E muitas vezes eram estas mesmas pessoas incomodantes que se sentiam incomodadas pelas crianças andando pelo restaurante,  rindo, falando alto ou chorando. 
Nós só voltamos a frequentar restaurantes quando em julho de 2008 foi proibido fumar em lugares fechados, o que também levantou uma discussão tremenda sobre tolerância e direito individual ( diga-se de passagem:  na questão cigarro, o Brasil está anos-luz à frente da Alemanha). Mas ainda assim tem pessoas que reclamam quando as crianças se comportam como crianças e isso em qualquer lugar.
Os museus não proibem a entrada de crianças, mas muitos visitantes que querem silêncio para interpretar as obras em exposição, não pensam duas vezes antes de mandar a criança ficar quieta e isso na frente dos pais, principalmente quando percebem que estes são estrangeiros. Agora, mandar criança ficar quieta em  supermercado é demais. E eu já passei por isso mas não tive reação merecida de mandar a pessoa às favas. Uma vez estava na farmácia com a minha amiga baiana e sua filha, a melhor amiguinha da Lara. As duas meninas estavam brincando uma com a outra, rindo e falando alto enquanto a balconista estava falando com a gente. Não deu outra, a balconista levou o dedo na boca, fechou o semblante e mandou um SSSSHHHHHH bem alto pras duas meninas. A minha amiga rodou a baiana e falou alto e em bom alemão com a mulher que as crianças não eram cachorro e que ela não tinha direito de fazer assim com elas na frente das mães. Se ela tinha algum problema com o barulho das crianças que ela falasse com a gente. A mulher pediu desculpas mas não gostou nem um pouquinho. E eu aprendi mais uma lição: não tolerar intolerância.
Semana passada, no supermercado, uma criança estava andando de Laufrad ( uma bicicleta sem pedal pra crianças pequenas aprenderem a ter equilíbrio). Ela quase me atropelou. Depois, eu ouvi um barraco rolando mas não dei muita atenção.
Andando pelos corredores, encontrei uma amiga portuguesa e ela me perguntou: 
- Você viu o que aconteceu?
- Eu só ouvi, disse.
- Pois então, tinha uma criança andando de bicicleta e ela bateu numa mulher.
- Ah, ela quase bateu em mim também.
- A mulher meteu a mão na cabeça da criança e a mãe, que é muçulmana, não reagiu porque provalvemente não fala alemão. Aí, eu parti pra briga. Disse pra mulher que ela não podia fazer isso. Ela retrucou dizendo que tinha que se defender. Se defender de uma criança de menos de 2 anos? O que é isso? A senhora fez isso porque está na cara que a mãe e a criança não são alemães. Isso é caso de chamar a polícia - eu falei pra ela.
- E o que a mulher fez?
- Largou o carrinho de compras e foi embora. 
- Bem feito.
Existem outros casos que sofri na pele mas fica pra depois. Tenho que levar a Dona Lara pra aula de pintura.

5 comentários:

  1. Vou te confessar: dependendo do lugar em que estou, crianças me incomodam terrivelmente (as barulhentas, é claro). Outro dia desisti de ficar num café porque um garoto in-su-por-tá-vel não parava de gritar com a irmã, outra histérica. O problema é que, ao menos no Brasil, não é politicamente correto dizer que criança pode incomodar, perturbar, irritar. No meu caso, sempre surge um pseudopsicólogo para dizer que essa "aversão" é, no fundo, "inveja", "mágoa", "ressentimento", tudo pelo fato de não ter sido mãe. Zzzzzzzzz..... Para algumas pessoas ainda é difícil entender que outras simplesmente não têm muita paciência com crianças. Simples assim.
    Beijo!

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  2. Engracado como vc falou que a intolerancia vem realmente das pessoas mais velhas, que na verdade, deveriam ter ate mais paciencia e simpatia com as criancas, pq ja viveram de tudo e tiveram os mesmos problemas.Mas eu notei tb que os mais jovens estao ficando cada vez mais tolerantes. Alguns podem ate fazer cara feia pra choro ou birra de criancas em publico, mas aceitam. O que ja é um passo.
    Tb percebi que depende de onde vc esta. Em Leipzig era uma cidade estudantil e de muita gente jovem. La nunca vi realmente intolerancia contra criancas...ao contrario, cada vez elas ganhavam mais espaco. Na universidade ou em lojas vc acha trocadores para bebes. Aqui em Munique tb tem muita crianca e a aceitacao tb é grande, mas por ser uma cidade maior, vc tb ve bastante discriminacao. Como vc falou, o jeito é nao engolir sapos e se defender. Uma coisa que aprendi aqui na alemanha, é que se vc nao se defende, as pessoas vem e pisam ainda mais em cima. bjs!

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  3. Rita, você disse bem: dependendo do lugar em que voce está. Cabe aos pais não levar criança em tudo quanto é lugar. A minha vizinha brasileira, que vai muito ao cinema, disse que outro dia num filme para adultos tinha um casal com duas crianças. Não dá. Agora, se você vai a um barzinho de noite e tem criança berrando é de doer também. Mas você não vai sair dando croc ou chamando a atenção da criança na frente dos pais e nem pedir silencio em supermercado. Se não aí eu que vou te dar um croc. hahaha
    Mi, eu concordo com você. Os jovens são mais tolerantes, talvez porque a distancia entre infancia e a idade atual não foi capaz de fazê-los esquecer ainda de que um dia foram crianças. Mas tem velhinhos bem simpáticos também por aqui.
    Daniel, a minha amiga além de rocar é bonita. hahaha
    bjs a todos
    Mi,

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  4. Olá amigo:
    Parabéns pela sua nomeação no The BOBs, o meu blog: La Vuelta al Mundo de Asun y Ricardo também foi indicado como o Melhor Weblog em espanhol.
    Você tem um blog muito interessante, eu votei.
    Se você quiser ver a mina em sua língua, na primeira página eu próprio tradutor automático do Google.
    Obrigado e boa sorte.

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