quarta-feira, 14 de abril de 2010

Nó Suíno

Continuando no tema do último post sobre interpretar o que o "artista" quis dizer com sua obra.
A minha querida amiga Ana Cláudia enviou um link com o hino nacional brasileiro estilizado. Ao assisti-lo e também aos outros videos relacionados, principalmente o da bateria da Mangueira, me arrepiei. Na minha época de ensino primário e médio, em plena ditadura militar, uma vez por semana, tínhamos que hastear a bandeira enquanto  cantávamos o  hino. Não podíamos nem olhar para os lados e tínhamos que ficar parados igual a um dois de paus (nunca entendi essa expressão), com a mão no peito. Depois, levávamos um exemplar menor do "símbalo" nacional para dentro da sala de aula, com um respeito como quem leva um caixão à última morada. 
Naquele tempo e até pouco tempo atrás, era proibido o canto do hino nacional se não fosse em sua versão original, de pé, com uma mão no peito ou braços soltos ao longo do corpo. Acho que foi nas Diretas, Já, com Fafá de Belém (do Pará), que a liberdade que se queria se refletiu nas formas de cantar o hino,  que tem a letra e a melodia mais lindas que já ouvi em um hino - apesar da inversão maluca, digo poética,  da primeira frase, que me lembra muito a língua alemã:
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
de um povo heróico o brado retumbante."
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.
Somada à beleza do nosso hino, temos a beleza da nossa bandeira.  Suas formas fogem ao esquema de três barras coloridas, horizontais ou verticais de tantas outras. O significado de cada uma de suas cores tem tudo a ver, mesmo que não seja o significado previsto originalmente: as cores verde e amarelo eram associadas à casa real de Bragança, da qual fazia parte o imperador D. Pedro I, e à casa real dos Habsburg, à qual pertencia a imperatriz D. Leopoldina.  Nosso pendão, com o perdão da palavra, não tem preto ou vermelho, cores que  remontam à guerra e tempos tristes. Fiquei boquiaberta quando descobri que a estrela sozinha acima da faixa não é o Distrito Federal e sim o Pará (será que eu sou a única que achava isso?), Estado com maior parte do território acima do Equador, e que o globo azul  é  um retrato do céu na manhã do dia 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro - dia da Proclamação da República, - com a representação do Cruzeiro do Sul, e que o lema "Ordem e Progresso" (guardados os significados históricos e filosóficos do Positivismo) se remete à expressão "O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim". Não é lindo?
Não sou patriota extremista de defender o Brasil com unhas e dentes, mas estando longe,  ao analisar a letra e ao sentir as variações rítmicas da versão original e dos tantos ritmos regionais e musicais de suas adaptações e ver que a nossa bandeira tem tanto a dizer, senti aquele orgulho de ser brasileiro que tanta gente fala e sem querer me peguei com a mão no peito.


Bateria da mangueira:



Agora compare. Não quero dizer que um é mais bonito que o outro, mas diferente. Não seria o rítmo e a letra uma analogia à personalidade do povo? Diz aí.


Alguns links interessantes:

Interpretação da bandeira nacional

5 comentários:

  1. Oi Arlete
    tudo bem? Gostei do seu blog.
    Sobre os hinos: já tinah percebido na copa do mundo que os hinos nacionais representam bem o temperamento do povo compare o hino japonês com o jamaicano por exemplo.

    Sobre o hino alemão é bom lembrar que desde 1991 só a 3. strofe é cantanda e que a 1. é proibida por denominar as fronteiras da Alemanha entes da guerra e que hoje é cantada só por nazistas e simpatizantes.

    Parece estranho cantar só uma parte da música, mas ao meu ponto de vista é a parte mais bonita.

    Einigkeit und Recht und Freiheit
    für das deutsche Vaterland!
    Danach lasst uns alle streben
    brüderlich mit Herz und Hand!
    Einigkeit und Recht und Freiheit
    sind des Glückes Unterpfand:
    Blüh im Glanze dieses Glückes,
    blühe, deutsches Vaterland!

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  2. Também me comovo quando escuto o hino nacional brasileiro. Quando era criança cantávamos o hino todos os dias enfileirados; o colégio inteiro parava as 07:00 e hasteava-se a bandeira nacional. Bjos

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  3. Bom dia Arlete! E q dia... já comecei lendo esse post q me arrepiou sem mesmo eu chegar a ver os vídeos, acredita? Nao sabia nada do q explicou sobre a bandeira, só achava e acho ela uma das mais bonitas do mundo. (-:

    Sobre cantar o hino nacional, eu tb fazia isso na década de 90 na minha escola. Toda segunda de manha, nos reuníamos todos no pátio em fila com distância de um braco do amiguinho da frente sem poder falar nada, alguém era escolhido pelo diretor para hastear a bandeira e lá íamos nós cantar o hino todinho achando aquilo tudo um tédio. Hoje é uma das coisas q mais tenho orgulho, de saber cantar nosso hino inteirinho. Mas eu sou suspeita pra falar, pois sou brasileira demaaaais, apesar de nao saber explicar por q tenho esse sentimento tao enraizado, mas amo e amo muito nosso país! O que mais amei foi: "O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim". É exatamente assim q nos vejo. (((-: Bjks e obrigada pela manha inspiradora com teu post!

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  4. Oi amiga!
    Fiquei super feliz de ter inspirado esse seu post!
    Adorei o significado da faixa Ordem e Progresso!
    É uma pena que não mantiveram o Amor da expressão original na bandeira. É o que falta pro nosso povo.
    O brasileiro só tem amor pela patria em época de copa do mundo, ou quando o Ciello bate recordes, o Rubinho chega na frente.
    Mas, lembrando o seu post sobre o custo impostos, quando chega a hora de fazer algum sacrificio pela pátria e colocar a mão no bolso, o que vemos é uma falta de espírito coletivo e de hipocrisia tanto por parte dos governantes corruptos quanto dos contribuintes que tentam dar o "jeitinho brasileiro" e driblar os compromissos fiscais.
    Também já vivi no primeiro mundo e sei como é caro manter toda a ordem e o progresso deles. Eles antes de tudo, tem muito amor pela terra deles e um senso de construção coletiva da patria.

    Eu choro de ter que pagar imposto, mas ainda tenho a fé de que é um sacrifício para o bem coletivo, para um futuro mais digno

    Ah... Agora voltou a ser obrigatório novamente o canto do hino e o hasteamento da bandeira nas escolas. Tá certo, né? Assim a gente faz as próximas gerações também se arrepiarem.

    Beijinhos

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  5. Paula,
    Acho que está certo ter que se adaptar à nova realidade, tendo que encurtar o hino alemão para a parte mais significativa para todos. E a letra é bonita mesmo.
    Maira e Mary,
    É verdade a distância de um braço do coleguinha da frente. E meninos de um lado e meninas do outro. Mas o significado disso na ditadura era bem diferente do da década de 90. Mas como crianças, não tinhamos essa noção.
    Aninha,
    Você pouco aparece, mas quando o faz diz tudo, querida. Eu acho que a obrigatoriedade de hastar a bandeira e cantar o hino nas escolas, segundo a lei do hino e da bandeira, nunca deixou de existir. O povo que relaxou. Ée bom que agora voltaram, as nossas crianças precisam ter um pouco de amor pela pátria e um pouco de disciplina também. E quamto aos impostos, eu também choro.
    Bjs a todas

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