Bacharach - leia-se BAHAHAH - é uma cidadezinha na beira do Reno, no estado vizinho de Rheinland Pfalz - Renânia Palatina. Para chegar até lá, leva uma hora e meia aqui de casa e a viagem é linda, pois pode ser feita pela B9, que vai a maior parte do tempo beirando o Reno. Tem vários castelos no caminho, tais como: Rheinfels, Stolzenfels, Burg Katz (atualmente, propriedade de japoneses) e Marksburg, castelo que nunca foi destruido e mantem suas caracteristicas originais. Passamos também pela "Loreley", um penhasco à beira do rio num trecho que se estreita e se curva consideravelmente, exigindo muita atenção dos barqueiros. Diz a lenda que ali ficava a ninfa/virgem/sereia "Loreley", que cantava e encantava os barqueiros, fazendo com eles não conseguissem fazer a curva, o que os levava a seu último destino.
A cidade
Como a maioria das cidadezinhas ao longo do Reno, Bacharach é bem típica alemã com muitas casas Enchamel e, lógico, um castelo láaaaa no alto do morro, imponente, como se ainda a olhar pelos seus súditos: as casinhas com telhados de ardósia. Na minha santa ignorância, até vir para a Alemanha, achava que o telhado era borracha, tal a impressão de flexibilidade que tem. Só depois que o meu digníssimo marido, em sua santa paciência, disse que era pedra é que parei pra pensar que, quando essas casas foram construídas, 600, 700 anos atrás, o Brasil nem tinha sido descoberto, quanto mais o Amazonas, seringais, exploração e vulcanização da borracha, Chico Mendes ...
Chegamos bem na hora do almoço mas resolvemos dar uma voltinha por uma viela para sacar dinheiro num dos dois bancos da cidade. Levamos três minutos até retornar à rua principal, onde fica o comércio que não abre aos domingos, como em quase todas as cidades alemãs. Até o centro de informação turística estava fechado. Ainda bem que os restaurantes, sorveterias e lojas de souvenirs não.
Altes Haus
Resolvemos almoçar no ponto turístico mais importante da cidade, a "Altes Haus" - casa antiga/velha - que teve sua construção terminada em meados de 1300. A comida não era lá grande coisa, mas ter a oportunidade de entrar num local por onde tanta história já se passou, me arrepiou. De novo, na minha santa ignorância, vendo como a casa é torta, perguntei ao meu amo e senhor se naquele tempo eles não tinham idéia de prumo. E mais uma vez, recebi o esclarecimento que a base da construção é madeira, que é uma matéria prima viva que se expande e se retrai, ainda mais numa variação de temperatura como a daqui, e que por isso pode entortar ainda mais a coisa ( só faltou ele completar com: -sua porta! Tem alguém aí pra me dizer se a explicação confere?).
Stahleck e Capela Werner
Depois do almoço típico alemão, cheio de calorias, perguntei à garçonete se o castelo no alto do morro, o "Stahleck", estava aberto à visitação. Ela disse que sim e que hoje ele é um albergue da juventude ( isso eu já sabia, então porque eu perguntei se estava aberto à visitação se os hóspedes tem que entrar? ) e que para se chegar até lá basta subir a escada ao lado da igreja, que tem uns 100 degraus. Bom, 100 degraus, pensei eu, é mole e bom pra gastar um pouco do que comi. Pois é, realmente, devia ter só uns 100 degraus... até a Capela Werner, no meio do caminho, porque a partir de lá era morro sem degrau mesmo. Bom, chegamos à Capela, que hoje tem em exposição um memorial a todos os judeus massacrados ao longo dos tempos. A vista é linda e dá pra ver como o rio Reno está baixo, formando-se ilhas em seu leito. A chegar ao castelo, entendemos porque é albergue da juventude: só sendo jovem mesmo pra subir o morro. Eu já passei da idade, paguei (uma parte dos) meus pecados na ida e na volta. Aliás, eu já estava grávida e só vim saber uma semana depois, talvez, por isso, o cansaço excessivo (se engana!). O castelo "Stahleck" foi destruído pelos franceses em 1689, como muitos castelos ao longo do Reno. Ele foi reconstruído logo após, mas a parte interna está toda modernizada para abrigar o albergue: uma noite para uma família com dois filhos custa 24 euros. Descemos o morro e fomos continuar a caminhada no resto da rua principal, uns 200 metros.
Lojinhas
Paramos numa loja de souvenires, onde tanto eu quanto o Amanzor, enfiamos os dois pés, e depois passamos em frente a uma loja de quadros e produtos de madeira. Uma bagunça de doer, baixou a dita aqui e eu me deu uma puta vontade de organizar a bagunça do homem. Por uns 20 minutos, fomos os únicos fregueses na loja. O Amanzor admirou a quantidade de tabuleiros de xadrez e resolveu puxar conversa, o homem disse que participa de campeonatos de xadrez e que ele mesmo pinta as aquarelas e faz os trabalhos em pirografia. Conversa vai, conversa vem, o Amanzor admirou o piano do homem, então, ele tocou uma música bem bonita pra gente naquele piano sujo e bagunçado, cheio de partituras jogadas em cima. Ele perguntou de onde éramos e, ao falarmos de onde, ele se meteu a procurar a partitura de "Aquarela do Brasil". O mais impressionante é que ele encontrou naquela bagunça toda. E tocou só um pedaço porque é muito rápida e difícil. Eu perguntei sobre "Tico Tico no Fubá", ele disse que essa ele nem tenta. Saímos de lá e fomos caminhar pela muralha que cerca a vila e que hoje é um caminho cheio de casas e restaurantes. Voltamos e fomos dormir.
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