Tão logo decidimos engravidar, procurei a minha ginecologista aqui na Alemanha para fazer um check up e preparativos para o processo. Me pediu que eu parasse com a pílula e que assim que tivesse minha primeira menstruação, retornasse. Retornei por volta de novembro/2008 e ela fez então os exames de praxe e me deu as vacinas necessárias. Alguns dias depois, recebi uma carta em casa dizendo que eu deveria marcar uma consulta para esclarecimentos. Fui à tal consulta e ela me disse que um dos índices hormonais encontrados no sangue demonstrava que eu não conseguiria engravidar naturalmente, ou seja, precisaria de um tratamento hormonal. E foi logo perguntando se eu iria fazê-lo ou não, só faltou dizer: - "Vai querê?". Eu disse que isso era uma decisão conjunta minha e do meu marido e que não tínhamos nenhuma intenção em ter que entrar naqueles processos arriscados de tratamento hormonal, fertilização in vitro etc. para termos um segundo filho. Também fiquei irritada, pois a médica não me disse que o exame de sangue que eu havia feito era pra isso. Saí de lá arrasada.
Conversei com o Amanzor que disse que precisávamos de uma segunda opinião ( aí lembrei daquela piada em que o paciente é informado que tem câncer e então diz ao medico: - "Eu quero uma segunda opinião". O médico vira e diz: - Ok. Aí vai a segunda opinião. Além de ter câncer, você é feio"). Mandei um e-mail para o meu ginecologista brasileiro, Dr. Marcelo, e passei os índices hormonais do teste. Ele disse que estava tudo normal e que não existe nenhum índice que diz que uma mulher que menstrua e é saudável não pode engravidar e que só depois de 6 meses a um ano tentando sem sucesso é que deveríamos ver se algo não estava como deveria. "Vá se divertindo por enquanto", disse ele. Portanto, a informação que a médica passou não procedia, pois a gente nem tinha tido tempo de começar a se divertir. Mas o estrago estava feito, o psicológico estava abalado.
Por conta disso e de outros eventos, nada aconteceu por mais de um ano e quando já não estávamos tentando de forma sistemática, aconteceu naturalmente. Retornei à mesma médica, que não demonstrou nenhuma reação positiva (afinal, eu provei por A+B que ela estava errada). Fez os exames de praxe, constatou a gravidez e disse que devido à minha idade eu deveria me preparar para o fato da criança poder ter Síndrome de Down e, portanto, deveria ir pensando na possibilidade de ter que fazer um exame invasivo e (levemente) arriscado para o feto chamado "Amniocentese"- aquele que enfia um puta de um agulhão na barriga e tira um pouco do líquido amniótico. Eu não sou nenhuma ignorante e disse a ela que sabia que antes desse tem outro exame não invasivo e sem riscos ( que fiz na gravidez da Lara) - uma Ultrassonografia completa - é que só depois do resultado deste exame dar positivo para algum problema é que se faz a Amniocentese, e mesmo assim, já diria de antemão que não gostaria de fazê-lo. Eu ainda estava na 6a semana e ela disse que de qualquer forma eu deveria pensar se iria fazer ou não a Amniocentese por volta da 14a semana. Então, eu perguntei: - Se eu fizer esse exame e for constatado que o bebê tem um problema, quais são as opções?". Ela respondeu: - "Pela lei alemã você pode interromper a gravidez". Eu disse a ela que estamos voltando ao Brasil e que lá aborto é proibido por lei e fazer a Amniocentese não iria mudar essa situação. Para quem sofre por antecipação, imaginem como fiquei.
Conversei com o Amanzor e a decisão foi tomada: vamos mudar de médico. Assim o fiz e agora estou sendo acompanhada por uma médica muito mais humana. Ela me acalmou, me orientou melhor e disse que pelo andar da carruagem tudo parecia estar bem. Disse também que, como médicos, pela lei alemã ,eles tem que orientar o paciente sobre os riscos e possibilidades de uma gravidez tardia, mas que a indicação direta para Amniocentese baseada única e exclusivamente na minha idade é procedimento ultrapassado. Conclusão: a médica anterior foi capaz de tirar toda a poesia de um momento tão especial na vida de uma mulher e de uma família e me por um puta medão.
Hoje, estando na 13a semana, fiz o ultrassom indicado para detectar problemas congênitos e cromossômicos e o bebê está perfeito, pernas longas e se movimentando o tempo todo. Nada com o que se preocupar. Que vontade de esfregar o exame no nariz daquela bruxa. Não me levem a mal, são os hormônios.
Fico muito feliz por vós!!!!!
ResponderExcluirOptimas noticias.
Ainda por cima, afinal tinhamos razão!!!!!!
Manda esse exame lá na bruxa malvada....
Que cruel essa médica! São todos assim? Não vejo porquê, só prejudica! Curta demais sua gravidez, siga seu coração.
ResponderExcluirQuando tivemos o Ângelo foi parecido. Na realidade, resolvemos adotar porque minha esposa havia tido múltiplos abortos desde 2003. Ela operou e tirou seus miomas (uma ninhada deles, nada menos que 12!) e os abortos continuavam. Um cirurgião assistente até queria tirar o útero dela fora, porque "aquilo ali não tinha mais jeito, não". Felizmente, a médica dela bateu o pé e o útero ficou.
ResponderExcluirFinalmente, nos decidimos a consultar um médico reputado como "muuuuuuito bom", em busca da tal "segunda opinião". Levamos um compêndio de exames (meus e dela). Ele olhou, olhou, negou que o que minha mulher tinha sentido como abortos houvessem sido realmente abortos e declarou que "nada nos impedia de engravidar".
Mandou repetir uns exames que ela já havia feito - não num "laboratório qualquer", mas sim no laboratório de fulano de tal - provavelmente um parceiro de lucros que ele teria por aí. Foram os R$ 300,00 (de 2006!) mais inúteis que já gastamos.
Olhamos um para a cara do outro, demos de ombros e nos dissemos: "vão se ferrar, estamos de férias, na volta delas pensaremos nisso". E foi justamente nos últimos dias de férias que o Ângelo foi concebido. Apressamo-nos a chamar a médica da primeira opinião, que deu um reforço de vitaminas e ácido fólico assim que descobrimos essa nova gravidez. Não temos certeza que foi isso, mas o fato é que o nosso filho finalmente nasceu.
O interessante é que um mês depois de concebermos nosso filho, fomos chamados para a primeira entrevista de adoção. E uma semana antes de ele nascer, recebemos a notícia que o nosso processo havia sido aprovado e que estávamos autorizados a adotar. E aí, vão-se três anos de espera na fila, que pelo que nos disseram recentemente, está perto de chegar ao final. Quem sabe nossos segundos não chegam juntos?
Ai que horror, Arlete. A mulher conseguiu tirar todo o encanto de uma gravidez, independente da idade, da mãe, da criança. Que chato!
ResponderExcluirAgora, vcs estão tranquilos e vai continuar dando tudo certo. Principalmente, pq vcs tem uma grande torcida do lado de cá da net.
bjs!
Zarastro, quero ser informada do novo membro da família.
ResponderExcluirObrigada ,Eve!