segunda-feira, 28 de junho de 2010

Querer nem sempre é poder, mas tem que tentar

Tão logo decidimos engravidar, procurei a minha ginecologista aqui na Alemanha para fazer um check up e preparativos para o processo. Me pediu que eu parasse com a pílula e que assim que tivesse minha primeira menstruação, retornasse. Retornei por volta de novembro/2008 e ela fez então os exames de praxe e me deu as vacinas necessárias. Alguns dias depois, recebi uma carta em casa dizendo que eu deveria marcar uma consulta  para esclarecimentos.  Fui à tal consulta e ela me disse que um dos índices hormonais encontrados no sangue demonstrava que eu não conseguiria engravidar naturalmente, ou seja, precisaria de um tratamento hormonal. E foi logo perguntando se eu iria fazê-lo ou não, só faltou dizer: - "Vai querê?". Eu disse que isso era uma decisão conjunta minha e do meu marido e que não tínhamos nenhuma intenção em ter que entrar naqueles processos arriscados de tratamento hormonal, fertilização in vitro etc. para termos um segundo filho. Também  fiquei irritada, pois a médica não me disse que o exame de sangue que eu havia feito era pra isso.  Saí de lá arrasada.
Conversei com o Amanzor que disse que precisávamos de uma segunda opinião ( aí lembrei daquela piada em que o paciente é informado que tem câncer e então diz ao medico: - "Eu quero uma segunda opinião". O médico vira e diz: - Ok. Aí vai a segunda opinião. Além de ter câncer, você é feio"). Mandei um e-mail para o meu ginecologista brasileiro, Dr. Marcelo, e passei os índices hormonais do teste. Ele disse que estava tudo normal e que não existe nenhum índice que diz que uma mulher que menstrua e é saudável não pode engravidar e que só depois de 6 meses a um ano tentando sem sucesso é que deveríamos ver se algo não estava como deveria. "Vá se divertindo por enquanto", disse ele. Portanto, a informação que a médica passou não procedia, pois a gente nem tinha tido tempo de começar a se divertir. Mas o estrago estava feito, o psicológico estava abalado.
Por conta disso e de outros eventos, nada aconteceu por mais de um ano e quando já não estávamos tentando de forma sistemática, aconteceu naturalmente. Retornei à mesma médica, que não demonstrou nenhuma reação positiva (afinal, eu provei por A+B que ela estava errada). Fez os exames de praxe, constatou a gravidez e disse que devido à minha idade eu deveria me preparar para o fato da criança poder ter Síndrome de Down e, portanto, deveria ir pensando na possibilidade de ter que fazer um exame invasivo e (levemente) arriscado para o feto chamado "Amniocentese"- aquele que enfia um puta de um agulhão na barriga e  tira um pouco do líquido amniótico. Eu não sou nenhuma ignorante e disse a ela que sabia que antes desse tem outro exame não invasivo e sem riscos ( que  fiz na gravidez da Lara) - uma Ultrassonografia completa - é que só depois do resultado deste exame dar positivo para algum problema é que se faz a Amniocentese, e mesmo assim, já diria de antemão que não gostaria de fazê-lo.  Eu ainda estava na 6a semana e ela disse que de qualquer forma eu deveria pensar se iria fazer ou não a Amniocentese por volta da 14a semana. Então, eu perguntei: - Se eu fizer esse exame e for constatado que o bebê tem um problema, quais são as opções?". Ela respondeu: - "Pela lei alemã você pode interromper a gravidez". Eu disse a ela que estamos voltando ao Brasil  e que lá aborto é proibido por lei e fazer a Amniocentese não iria mudar essa situação. Para quem sofre por antecipação, imaginem como fiquei.
Conversei com o Amanzor e a decisão foi tomada: vamos mudar de médico. Assim o fiz e agora estou sendo acompanhada por uma médica muito mais humana. Ela me acalmou, me orientou melhor e disse que pelo andar da carruagem tudo parecia estar bem. Disse também  que, como médicos, pela lei alemã ,eles tem que orientar o paciente sobre os riscos e possibilidades de uma gravidez tardia, mas que a indicação direta para Amniocentese baseada única e exclusivamente na minha idade é procedimento ultrapassado. Conclusão: a médica anterior foi capaz de tirar toda a poesia de um momento tão especial na vida de uma mulher e de uma família e me por um puta medão.
Hoje, estando na 13a semana,  fiz o ultrassom indicado para detectar problemas congênitos e cromossômicos e o bebê está perfeito, pernas longas e se movimentando o tempo todo. Nada com o que se preocupar. Que vontade de esfregar o exame no nariz daquela bruxa. Não me levem a mal, são os hormônios.

5 comentários:

  1. Fico muito feliz por vós!!!!!

    Optimas noticias.

    Ainda por cima, afinal tinhamos razão!!!!!!

    Manda esse exame lá na bruxa malvada....

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  2. Que cruel essa médica! São todos assim? Não vejo porquê, só prejudica! Curta demais sua gravidez, siga seu coração.

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  3. Quando tivemos o Ângelo foi parecido. Na realidade, resolvemos adotar porque minha esposa havia tido múltiplos abortos desde 2003. Ela operou e tirou seus miomas (uma ninhada deles, nada menos que 12!) e os abortos continuavam. Um cirurgião assistente até queria tirar o útero dela fora, porque "aquilo ali não tinha mais jeito, não". Felizmente, a médica dela bateu o pé e o útero ficou.

    Finalmente, nos decidimos a consultar um médico reputado como "muuuuuuito bom", em busca da tal "segunda opinião". Levamos um compêndio de exames (meus e dela). Ele olhou, olhou, negou que o que minha mulher tinha sentido como abortos houvessem sido realmente abortos e declarou que "nada nos impedia de engravidar".

    Mandou repetir uns exames que ela já havia feito - não num "laboratório qualquer", mas sim no laboratório de fulano de tal - provavelmente um parceiro de lucros que ele teria por aí. Foram os R$ 300,00 (de 2006!) mais inúteis que já gastamos.

    Olhamos um para a cara do outro, demos de ombros e nos dissemos: "vão se ferrar, estamos de férias, na volta delas pensaremos nisso". E foi justamente nos últimos dias de férias que o Ângelo foi concebido. Apressamo-nos a chamar a médica da primeira opinião, que deu um reforço de vitaminas e ácido fólico assim que descobrimos essa nova gravidez. Não temos certeza que foi isso, mas o fato é que o nosso filho finalmente nasceu.

    O interessante é que um mês depois de concebermos nosso filho, fomos chamados para a primeira entrevista de adoção. E uma semana antes de ele nascer, recebemos a notícia que o nosso processo havia sido aprovado e que estávamos autorizados a adotar. E aí, vão-se três anos de espera na fila, que pelo que nos disseram recentemente, está perto de chegar ao final. Quem sabe nossos segundos não chegam juntos?

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  4. Ai que horror, Arlete. A mulher conseguiu tirar todo o encanto de uma gravidez, independente da idade, da mãe, da criança. Que chato!

    Agora, vcs estão tranquilos e vai continuar dando tudo certo. Principalmente, pq vcs tem uma grande torcida do lado de cá da net.

    bjs!

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  5. Zarastro, quero ser informada do novo membro da família.
    Obrigada ,Eve!

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