segunda-feira, 20 de julho de 2009

atendimento médico e farmacêutico.




Eu ja falei em um post anterior que, desde janeiro de 2009, todo mundo na Alemanha tem que estar coberto por um plano de saúde, seja público ou privado. E paga-se por eles. O governo não mantem hospitais públicos de livre acesso. Os hospitais normalmente são mantidos por instituições ligadas ou não às igrejas e universidades.
Para desafogar os hospitais, existe um sistema em que o médico deve estar disponível, dentro do seu horário de atendimento, para atender pacientes em caso de emergência ou doença aguda e só encaminhar para o hospital se for necessário, como uma triagem. Ele não pode dizer não, tem que encaixar. Isso alivia demais a carga de atendimento hospitalar.
Como eu disse, no dia do aniversário da Lara , fiquei 3 horas e meia para ser atendida no pronto socorro, pois era sábado. Mas só depois fiquei sabendo que existe um outro sistema em que médicos ficam de plantão nos próprios consultórios em determinados bairros, evitando a necessidade de ir à emergência quando se tratar de um caso não tão complicado ou se não se tratar de um acidente.
Existem certos procedimentos aqui que me impressionam mas ao mesmo tempo me deixam confusa.

Homeopatia

Quando chegamos aqui, resolvi procurar um médico pediatra para a Lara. No Brasil, tratávamos com um pediatra alopata e uma pediatra homeopata. Pedi a esta que me desse um contato para encontrar um homeopata na região em que iríamos morar. Ela ficou super feliz e disse que eu iria me tratar no berço da Homeopatia. Ela mandou um e-mail para a relações públicas do laboratório Heel, que fica em Baden Baden, e esta me recomendou dois médicos aqui em Bonn. Marquei uma consulta com a mulher que vim a saber era super famosa por estas bandas. Disse que não falava alemão e a recepcionista confirmou que a médica falava inglês.
Fiquei 40 minutos esperando na sala de espera. Depois me levaram para uma sala de 1 metro por 2 e la fiquei esperando mais 2 horas. Não estava aguentando mais e não entendi porque fui mandada para outra sala. Reclamei e aí chegou uma medica que não era a médica que eu pretendia ver e que não falava inglês. Tive que esperar mais 1h para ver a outra médica. A Lara estava com calor, fome e impaciente e eu também. Enquanto isso, a assistente veio com um aparelho estranho para checar se a Lara alem de ser alérgica a leite era alérgica a alguma outra coisa. A Lara tinha que segurar uns frasquinhos com as substâncias e não sei como o aparelho media a possível alergia. O resultado foi que a Lara era alergica a açúcar também. Depois a Lara passou por um outro exame e a a médica, sem colocar a mão ou examiná-la, receitou um remédio homeopático. Nem precisa dizer que nunca mais voltei e não dei o remédio também.
A outra experiência com homeopata, foi uma consulta de 10 minutos. Nunca vi isso no Brasil. Além do mais, como disse a Dr. Carmela, aqui é o berço da homeopatia, mas eu achoque está mais para jazigo. Aliás, os médicos alopatas receitam remédios homeopáticos também como complementação do tratamento. E qualquer pessoa pode comprar livros sobre homeopatia e se auto-medicar sem é obvio deixar de recorrer ao médico.

Heilpraktiker

Agora, o mais interessante é o Heilpraktiker, o que poderia ser traduzido como "curandeiro". Eles atuam normalmente na medicina complementar ou alternativa: massagem, acupuntura, hipnose, psicoterapia e homeopatia. Eles não tem diploma superior na área médica, mas devido ao fato de terem feito certos cursos e terem horas de prática em consultórios, podem tratar pacientes legalmente, fornecendo inclusive recibo ou nota fiscal.
Tratei a Lara alguns meses com uma Heilpraktiker de Homeopatia, mas não teve o mesmo resultado que tinha com a médica brasileira, pois ela não podia tocar na Lara e somente fazia perguntas como um psicólogo e decidia por tentativa e erro qual o melhor remédio para o paciente dentro da homeopatia clássica. Os planos de saúde normalmente nao cobrem esse tipo de tratamento e também não cobrem os remédios homeopáticos receitados, inclusive por médicos formados.

Consultórios médicos

Depois que levei a Lara na médica homeopata e fiquei esperando por atendimento na sala de espera e depois em uma sala separada, percebi que quase todos os médicos que eu ía tinham o mesmo esquema. Quando você chega ao consultório, depois de ser atendido na recepção, vai para a sala de espera. Aos poucos, os pacientes vão sendo chamados, mas não necessariamente são imediatamente atendidos. Voce é encaminhado para uma sala de atendimento. Os consultórios (praxis) tem normalmente 2, 3 ou até 4 salas de atendimento interconectadas e montadas com aparelhagens, computadores, macas, a mesa do médico ( ou nenhuma) e uma cadeira para o paciente. Além delas, tem também laboratório e salas para exames específicos relacionados a especialidade médica e as assistentes executam exames e não são somente recepcionistas.
Quando voce é chamado na sala de espera, vai para uma destas salas de atendimento, a assistente já pede para você se despir e dependendo do problema já providencia medida de pressão, exames de urina e fezes, glicemia etc. O médico entra, te atende em pé, pergunta sobre o que te aflige e já parte para o exame. Ali mesmo, se for necessário, já colhe sangue, urina, ultrassom, eletrocardiograma etc e no caso de ginecologista, já faz o exame de colposcopia e papanicolau e te dá o resultado enquanto você ainda esta de pernas pro ar. Voce não tem que marcar exames em laboratórios e só saber o resultado dias depois. Os médicos são polivalentes e sabem ler ultrassom e lâminas, na hora. Se eles precisam de um parecer mais especializado, eles fazem o encaminhamento. No caso da minha Otorrino, ela faz procedimentos clínicos imediatos e audiometria na hora , mas ela só tem uma sala de atendimento, assim como meu médico clínico. Por conta disso, parece que eles são mais interessados, menos apressados para sairem correndo para a outra sala, quando você ainda esta pelado, o que não parece ser educado para mim.
Uma vez fui a um consultório em que a otorrino me atendeu em pé, me mandou para uma sala fazer o exame e quando me chamou de volta para a sala dela para dar o resultado, não me deixou sentar e disse que só precisava me entregar a receita. Não disse o que eu tinha e quando perguntei como tomar o remédio ela disse que isso era o farmacêutico que tinha que me orientar. Nunca mais voltei.
Fui perguntar por que é assim e me disseram que é para ganhar tempo e atender mais pacientes e assim poder ganhar mais para manter o consultório, que não é barato. Mas também, manter um consultório desse tamanho que mais parece um labirinto? Parece aquela estoria do "é fresquinho porque vende mais, vende mais porque é fresquinho".

Remédios e Farmácia

Quando você recebe a receita de seu médico, ela pode ter várias cores diferentes, caso você tenha um plano de saúde público. Dependendo da cor, o plano paga pelo medicamento. Voce não pode comprar remédios sem receita, a não ser que sejam aqueles básicos, tipo analgésicos, pomadas para isso e pra aquilo. Antibióticos e psicotrópicos, nem pensar. Aliás, médicos clínicos podem receitar psicotrópicos e antidepressivos.Medicamentos para criancas são normalmente cobertos pelos planos exceto os homeopáticos. Os remédios que necessitam de receita tem preços tabelados. Por isso, as farmácias faturam em cima dos remédios "over the counter" e produtos extras como cosméticos, aparelhos médicos, balinhas etc.
Como qualquer negócio, eles tem que atrair seus clientes, então as farmácias (Apotheke) tem vitrines, que são decoradas conforme a época do ano ou festividades.
Farmácias não ficam abertas 24 horas. Mas existem farmácias de plantão.E todas tem que ter a lista em suas vitrines. Se em um atendimento noturno ou no final de semana, você tiver que comprar um remédio com a devida receita, deve se dirigir a uma dessas farmácias, que são poucas, apertar a campainha e esperar. O farmacêutico te atenderá por uma janelinha.Você ficará do lado de fora esperando ele trazer o remédio. Eles também entregam os remédios em casa sem custo adicional, caso não tenham na hora.
Mas não pense que pode chegar lá pra comprar aquela pomadinha básica que você esqueceu de comprar no horário normal de atendimento. No mínimo, você vai ganhar uma bela dor de ouvido.

2 comentários:

  1. Eu passei por uma verdadeira via-crucis aqui na Alemanha pra encontrar um bom médico e um bom ginecologista... já estava desistindo, viu. Aqui é tudo muito diferente. Eu falo brincando que se encontrar com meus médicos na rua eu não vou dar bom-dia porque é capaz de vir uma conta depois. Eu já recebi conta de telefonema, conta de só ter ido pra pegar uma receita e até uma conta extra por "20 minutos de conversação em língua estrangeira". Vai vendo! Sem seguro eu não poderia nem passar na porta de um médico aqui. ;)

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  2. Eu não passei por esses extremos, mas já tive uma situação parecida exatamente com o homeopata que atendeu a Lara em 10 minutos. Me neguei terminantemente a entregar os pontos.
    Bjs

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