Os famosos salsichões são a comida preferida dos alemães, na rua e em casa, no pão, no churrasco, na sopa, com pommes frites, curry ou sozinha. Tem de tudo quanto é tipo: de ave, de porco, de carne de vaca, misturada, recheada, Bratwurst, Blutwurst, Leberwurst, Weisswurst, Frankfurter Würstchen, Wiener Würstchen e outras que não me lembro o nome, muito menos como se escreve. Tem também a versão orgânica. Não me perguntem como é feito o controle de uma versão orgânica para salsicha, por que não tenho idéia, mas não deve ser uma coisa fácil já que se deveria garantir que a matéria-prima também fosse tratada de forma orgânica ( imagine um porco comendo lavagem orgânica).
E produto orgânico é outra coisa que alemão adora. Aqui são chamados de BIO ou ÖKO. Abre parênteses: quando a Lara era pequenininha, participava com ela de um grupo, chamado Krabbelgruppe/Spielgruppe, onde cantávamos, brincávamos e estimulávamos o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. Havia uma mãe que oferecia única e exclusivamente produtos orgânicos para seus filhos e não deixava que eles aceitassem qualquer outra comida que lhes fosse oferecida, apesar de compartilhar fazer parte da interação. Ela chegou a arrancar uma banana da mão da criança como se fosse um veneno. Não sei o que seria pior, comer uma banana não bio ou o trauma que essa atitude poderia causar, fecha parênteses.É possível encontrar produtos bio nos supermercados normais, mas há várias lojas especializadas, como a "Reformhaus" e a "Bioladen", que oferecem produtos para necessidades alimentares especiais também.
Para se ter um controle supostamente imparcial de tudo que é produzido agricultural ou industrialmente para consumo alimentar, pessoal, residencial etc., existe uma fundação chamada Stiftung Warentest, parecida com o Inmetro. Para divulgação de seus achados, ela tem um site e uma revista. Em agosto, no consultório do meu médico, deparei com uma destas revistas cujo tema era a tão adorada salsicha. Qual não foi a minha surpresa quando descobri que a que eu consumo, e que é uma das mais baratas, foi a vencedora do teste. É a Dulano do Lidl, mercado de descontos que eu adoro. E a minha supresa foi ainda maior quando vi que a salsicha da marca Alnatura, uma das marcas Bio mais comercializadas em supermercados e por isso uma das mais caras, é uma das piores, contendo inclusive enterobactérias - que eu entendo como sendo as famosas Escherichia coli, mais popularmente, bactérias do cocô. Ui. Prova de que nem tudo que é bio e mais caro é bom.
Eu já havia lido uma reportagem na Time sobre produto local X produto orgânico e o que me chamou a atenção foi a pergunta feita pelo autor: "How much Middle Eastern oil did it take to get that California apple to me? Which farmer should I support--the one who rejected pesticides in California or the one who was, in some romantic sense, a neighbor? Most important, didn't the apple's taste suffer after the fruit was crated and refrigerated and jostled for thousands of miles?" (traduzindo: Quanto óleo do Oriente Médio foi necessário para que esta maçã da Califórnia chegasse até mim? Qual fazendeiro eu deveria apoiar - o que rejeita pesticidas na Califórnia ou o que, num sentido romântico, é o meu vizinho? Mais importante ainda, o gosto desta maçã não sofreu depois da fruta ter sido manipulada e refrigerada por milhares de milhas?) E isso me deu food for thought. Penso duas vezes antes de comprar algo fresco que veio de longe, principalmente porque a definição de "fresco", neste caso, é "saído da geladeira". Também penso nas mãos limpinhas dos carregadores e dos ratos, nos porões dos navios, circulando por entre as frutas e legumes. Argh.
E por falar em argh, com a nova edição da revista daStiftung Warentest, descobri que o suco de maçã que tenho consumido desde que chegamos aqui é um dos piores.Hora de mudança.
Em tempo: o Amanzor é de Curitiba e a primeira vez que fui à casa dele ele me ofereceu Vina. Eu não tinha a mínima idéia do que era. Ele me mostrou um pacote de salsichas da Sadia. Só quando viemos para cá que descobrimos o porquê de no sul do Brasil eles chamarem salsicha de Vina. A palavra "Wiener", de Wiener Würstchen, salsicha vienense, se pronuncia "Vina". Deve ser a influência alemãaustríaca, assim como aquele bolo com geléia e uma farofa em cima que a gente chama de Cuca, Acho que vem de "Kuchen", que quer dizer "Bolo" em alemão. Alguém tem alguma outra explicação?
Ei Arlete,
ResponderExcluirSou leitor assíduo do guia dos curiosos, lembrei então dos links do site sobre invenções alemãs, ô povo cheio de idéias, incluído é claro a salsicha:
http://guiadoscuriosos.ig.com.br/categorias/4089/1/salsicha.html
Bem legal você decifrando as influências austríacas e alemãs da região sul do Brasil.
Beijos e tudo de bonn na semana 41, aliás, peguei mania de reparar em numero da semana após estágios em empresas alemãs aqui no sudeste ( Thysen em BH e Liebherr em SJC). Constatei como os “deutscher” são dedicados e fanfarrões também... :o)
É Gui, mas eles não costumam ficar depois do horário trabalhando, não, como fazem os brasileiros.
ResponderExcluirArlette, segundo o Horst Lichter, porco bio é o que anda de Birkenstock pela fazenda... ;-)
ResponderExcluirSeu texto deveria ter o título: Nem tudo o que é BIO é Bonn... hehehehe
ResponderExcluir:-) Um beijo, Sandra
Que coincidencia!!!
ResponderExcluirTrabalhei com o Amanzor na DHL em Sao Paulo na Importacao.
Soube que ele tinha mudado para a Alemanha mas nao pensei encontra-lo atraves do seu blog. (Que conheci pelo blog DoladodeLa).
Mande um grande abraco ao Amanzor.
Emerson Venancio
Nossa, Emerson!
ResponderExcluirO mundo é pequeno mesmo! E eu e o Marco do Doladodela estudamos juntos. Que jóia. Me mande um e-mail com o seu e-mail para eu passar para o Amanzor, ele vai ficar feliz e surpreso.
Abraço