Eu nunca fui de usar cosméticos ou produtos de higiene pessoal em geral que fossem caros e/ou importados. Nunca me importei com marcas (por isso que as marcas na minha cara não negam a idade). Mas desde que chegamos na Alemanha, há quase 7 anos, toda vez que eu quero/preciso comparar o custo de vida no Brasil e aqui ou o quanto variou lá e cá nesse período, eu utilizo como critério o shampoo que eu usava no Brasil e continuei usando aqui, o popular Garnier Fructis. Em São Paulo, hoje, paga-se em média 2 reais por 100ml do produto e em Bonn, paga-se 1,95 REAIS ( 0,80 euros). Mas, considerando que não tem frascos de só 100ml e se esquecermos as moedas e as taxas de conversão e pensarmos no valor facial do produto, aí tudo muda de figura.
Vamos aos facts and figures. Se a Maria ganha 5000 dindin numa empresa de São Paulo e a Helga ganha 5000 dindin numa empresa em Bonn e elas usam o mesmo shampoo, Maria paga 6 dindins por um frasco de 300 ml em SP e a Helga paga 2,40 dindin pelo mesmo frasco em Bonn. Portanto, Maria usa 0,12% do salário mensal pra comprar o shampoo e Helga, 0,05%, menos da metade do que Maria gasta.
Agora, quando falamos de papel higiênico, a discrepância é ainda maior.
Em Bonn, os pacotes vem com 10 rolos e não é medido em metros, mas em folhas picotadas que tem, no mínimo, 3 camadas. Eu considero a qualidade dos produtos mais baratos, vendidos nas redes populares de supermercado - Lidl e Aldi - excelente. Eles vem todos desenhadinhos com nuvenzinhas e estrelinhas ou com decalques monocromáticos, frufrus demais para o fim a que se reservam, mas, se não se paga mais por isso, que mal há?
Um pacote destes, com 10 rolos, custa 2,75 euros = 6,88 reais.
Na minha opinião, nem o Neve, considerado o papel higiênico de melhor qualidade e mais caro do Brasil, não chega aos pés deste em termos de textura e eficiência.
Um pacote de Neve com 8 rolos custa uns 13 reais.
Um pacote com 10 rolos custaria 16,25 reais = 6,50 euros.
Portanto, Maria paga em SP, o equivalente a 0,32% do seu salário mensal pra limpar o bunda e Helga paga 0,06% para limpar a A-A do Popo. Ou seja, em SP, KH ou mejah custa 5 vezes mais do que em Bonn.
Estes são dois produtos básicos. É certo que existem produtos aqui que só são produzidos no exterior e, portanto, são mais caros se comparados com os do Brasil, incluindo-se aí alimentos básicos. Por exemplo, Meio quilo de arroz Basmati produzido na India = 3 euros. 1kg de laranja produzido na Espanha = 2,49 euros = 6,22 reais, o dobro do preço do Brasil, mas com 2 laranjas você enche um copo.
Bom, eu resolvi falar sobre este assunto porque, hoje, quando estava colocando as compras no porta-malas do carro, passou um senhor e me perguntou se eu venderia um rolo de papel higiênico pra ele, pois ele havia se esquecido de comprar. Eu achei a abordagem engraçada e inesperada e pensei no sufoco dele quando visse que não tinha mais papel higiênico e não tivesse um Alfredo pra chamar. Só quem já passou por isso sabe do que eu estou falando. Simplesmente dei o rolo pra ele. 28 centavos não me deixariam mais pobre.
Por falar em limpar o traseiro, eu poderia dividir minha vida em antes e depois de conhecer os lenços umedecidos. Eu não sei como eu vivi sem eles até anos atrás (sem duplo sentido). Acho que era o preço. Em SP, um pacotinho com míseros 80 lencinhos bem fininhos e ásperos custa uns 8 reais = 3,20 euros e aqui em Bonn, um pacote gooordo, com lenços bem grossos e macios, custa quatro vezes menos. Depois do Feuchttücher, meu Popo nunca mais foi o mesmo.